A RELAÇÃO ENTRE A ESCOLA, A FAMÍLIA E A COMUNIDADE

Levando em conta o texto abaixo, vale a pena pensar sobre o processo avaliativo envolvendo a escola, a família e a comunidade. Todos ganham com esse envolvimento.

A relação entre a escola, a família e a comunidade

Maria Alice Setubal

29/03/201605h00 > Atualizada 29/03/201616h10

 

UOL Educação

 

Superar os desafios das famílias que vivem em locais de alta vulnerabilidade social vai muito além da inclusão em programas de transferência de renda, dimensão fundamental da cidadania, mas que adotada como medida isolada é incapaz de enfrentar a pobreza. Nesse sentido, tornar as famílias aptas para acessar e usufruir de bens, serviços e riquezas das comunidades é fundamental para o avanço do bem-estar social da sociedade como um todo.

Diversas pesquisas nacionais e internacionais apontam para o papel das famílias na melhoria da qualidade da educação nas escolas e de seus filhos. Os estudos enfatizam ainda o papel preponderante da educação das mães para o alcance de um melhor nível educacional. Assim, esse convívio família e escola acaba por se tornar, muitas vezes, o centro das discussões dos profissionais da educação.

As relações distantes e tensas da escola com as famílias ficam expressas nas falas de professores e diretores que reclamam da falta de interesse das mães e pais na educação dos filhos ou na inadequação do comportamento deles. Já para as famílias, a escola representa mais um espaço no qual sentem-se desrespeitadas e invisíveis.

Essa situação fez com que, nos últimos tempos, as escolas fossem pressionadas a estabelecer vínculos com as famílias, a assegurar os direitos de todas as crianças e jovens a uma educação ou a mediar processos de conflito e violência das comunidades.

Nesse contexto, a experiência da Fundação Tide Setubal com o Programa Ação Família é um exemplo interessante de trabalho na relação família/escola. O Programa, iniciado em 2006, visa a construção e articulação de redes entre famílias e pessoas nas comunidades e destas com os serviços públicos das áreas de assistência social, saúde, educação e habitabilidade. Os resultados fazem parte do livro “Famílias e Conexões Territoriais”, com lançamento marcado para a próxima quarta-feira (30), durante o Congresso do Gife em São Paulo.

Desde 2011, o Ação Família passou a fazer parcerias com as escolas estaduais e municipais de São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo. Para isso, o programa implementa nas escolas reuniões socioeducativas, que têm como objetivo ampliar coletivamente os conhecimentos e o capital social das famílias, de forma a melhorar sua qualidade de vida e aumentar o acesso e a participação nos diferentes serviços do território.

“Percebemos uma melhora na autoestima, comportamento e socialização dos pais e alunos, já que os temas tratados nos encontros refletem diretamente na mudança positiva dos pais, e esses transmitem a seus filhos”, afirma um representante da Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Padre Chico Falconi.

A avaliação e o monitoramento do programa nos seus quase 10 anos de implementação demonstram avanços nas suas diferentes dimensões, mas revelam também a complexidade de se lidar e ter impacto nas comunidades localizadas em áreas de alta vulnerabilidade social. Os resultados não são de curto prazo e exigem continuidade e muita escuta para se fazer os ajustes necessários ao longo dos anos. A disseminação dessa experiência buscou contribuir para a produção de conhecimento e soluções no âmbito das famílias, em busca de uma sociedade mais democrática, cidadã, justa e sustentável.

Maria Alice Setubal

Maria Alice Setubal, a Neca Setubal, é socióloga e educadora. Doutora em psicologia da educação, preside os conselhos do Cenpec e da Fundação Tide Setubal e pesquisa educação, desigualdad

 

Uma resposta para “A RELAÇÃO ENTRE A ESCOLA, A FAMÍLIA E A COMUNIDADE”

  1. Enquanto estudiosa do tema, “tornar as famílias aptas para acessar e usufruir de bens, serviços e riquezas das comunidades é fundamental para o avanço do bem-estar social da sociedade como um todo”, como afirma Maria Alice Setubal, compreende entre outros aspectos apontados no texto, a otimização dos espaços/tempos nos quais os pais/responsáveis possam compreender como seus filhos são avaliados e terem a oportunidade de se manifestarem enquanto sujeitos sociais partícipes da ação educativa da escola, oferecendo a essa família condições objetivas de participar da formação e desenvolvimento de seus filhos/estudantes.

     

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