AULÃO GRATUITO EM PREPARAÇÃO PARA O ENEM

AULÃO GRATUITO EM PREPARAÇÃO PARA O ENEM

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

Virou moda a realização de aulões em preparação para concurso, vestibular etc. Há situações em que são realizados à noite e entram a madrugada. Dia 29/04/2016, sexta-feira, cerca de 2.500 estudantes do ensino médio compareceram a um aulão gratuito de Matemática em preparação para o ENEM. Durante muitas horas 10 professores desta disciplina se revezaram no palco de um grande auditório em Brasília para, animadamente, tirarem dúvidas da plateia.

O ENEM se tornou obrigatório para a entrada na universidade. Este fato tem trazido dificuldades para os estudantes das escolas da rede pública em virtude dos problemas por ela enfrentados para oferecer trabalho pedagógico de qualidade. Surgem, então, generosamente, os professores que, até mesmo à noite, após sua jornada de trabalho, promovem revisão de conteúdo. Revisão ou promoção das aprendizagens que deveria estar a cargo da escola?

Por parte dos professores, a iniciativa é válida. Não se pode negar. O que causa estranheza é o aulão ocorrer para substituir, realizar ou remediar o trabalho da escola a quem cabe atender da melhor forma possível os estudantes que acolhe.

Os professores que se apresentam para desenvolver tal atividade, gratuitamente, merecem meus aplausos. Contudo, é necessário refletir: aulão para quê? Por quê? Para revisão e sistematização ou para remediar o trabalho das escolas de educação básica? Aulão não pode ser paliativo para os males da educação básica. Seria falta de compromisso e respeito com os estudantes e suas famílias. Se a moda pega, teremos mais uma forma de desqualificação do trabalho docente. Estará o professorado atento a isso? Proponho que essa discussão seja realizada pelo conjunto dos professores nas escolas em que atuam e, principalmente, pelos gestores educacionais.

Além das considerações acima, é importante pensar: aulão para quem? Uma coisa é uma escola reunir seus estudantes de um determinado ano para, sob a coordenação de um grupo de seus professores, promover revisão ou sistematização das aprendizagens, no seu próprio âmbito. Imagino que as escolas que assim procedem incluem esta prática em seu projeto político-pedagógico. Outra coisa bem diferente é a reunião de centenas de estudantes de variadas escolas com o objetivo de minorar as falhas do desenvolvimento curricular. Esta situação seria lamentável.

 

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