Bônus para professores do Rio de Janeiro

Bônus para professores do Rio de Janeiro O Jornal O Globo anunciou que a “Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro prepara uma medida ousada para melhorar a qualidade do ensino no ano que vem. Até o fim do primeiro semestre de 2013, o órgão promoverá o primeiro exame de certificação de conhecimento para professores. Quem atingir a nota mínima nos testes passará a receber um bônus mensal no salário de R$ 500 a mil reais, de acordo com a carga horária. Em 2014, quem passou no primeiro exame poderá concorrer no nível 2, que dará direito a uma remuneração extra entre mil reais e R$ 2 mil mensais.

“Em 2015, quem tiver os dois primeiros certificados poderá concorrer ao terceiro e último nível, com gratificação entre R$ 2 mil e R$ 4 mil. Uma instituição externa, ainda a ser decidida, ficará com a responsabilidade de elaborar os testes. Só em 2013, o estado deve ter de desembolsar por volta de R$ 100 milhões com as gratificações. Para 2015, o valor pode chegar a R$ 400 milhões. A adesão dos professores (ao todo, a rede tem 74 mil) ao exame será voluntária. Quem não atingir a certificação terá a oportunidade de frequentar um curso, de dez meses, com bolsa de R$ 300 mensais, e tentar novamente no próximo teste. Para ter direito a se inscrever, o professor precisará ter pelo menos um ano de magistério no estado. Profissionais em cargos de direção poderão concorrer. Mas aqueles que estão cedidos a outros órgãos só terão direito às gratificações se voltarem a trabalhar na rede estadual. Comporão a nota final a prova de conhecimento sobre a disciplina do docente, questões sobre gestão e análise de títulos. A partir do momento em que o professor receber o seu certificado, terá direito à gratificação do seu nível por cinco anos. Ao fim desse prazo, terá de fazer um novo teste para verificar se manteve o conhecimento. O docente pode concorrer ao nível acima do seu sem perder o bônus no salário já adquirido. As gratificações não vão interferir no plano de carreira do funcionalismo, que prevê aumento salarial, por exemplo, de acordo com o tempo de serviço. A iniciativa faz parte de um processo que consolida a meritocracia como um valor primordial na rede estadual”. Esta iniciativa nos conduz a propor as seguintes reflexões: o professor que apresenta bom desempenho na prova será necessariamente aquele que trabalha adequadamente com seus estudantes? Os professores não passarão a dedicar seu tempo a estudos com vistas à obtenção de boas notas nas provas? Os cursos de formação de professores não substituirão seu currículo por sistemática de trabalho voltada para o bom desempenho dos professores nas provas? A classificação entre bons e maus estudantes, tão presente ainda em nossas escolas, não se estenderá aos professores? Esta é a maneira mais adequada de valorização do trabalho dos professores? Por que o dinheiro a ser gasto com os exames não é usado para melhorar as condições de trabalho nas escolas? Algumas pessoas acreditam ser necessário que professores com mais conhecimento ganhem mais. Não pensamos assim: no caso da educação, todos os professores devem atuar muito bem e ganhar muito bem. Os que não quiserem aderir a essa ideia devem abandonar o magistério. Nenhum dos nossos estudantes merece professor medíocre.

 

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