CURSOS DE REFORÇO ESCOLAR

CURSOS DE REFORÇO ESCOLAR

Benigna Villas Boas

07/11/2016

O telejornal Bom Dia Brasil do dia 7 de novembro apresentou reportagem sobre o crescimento dos “cursos de reforço”. Não são mais somente aulas de reforço, como sempre conhecemos, mas verdadeiros cursos, alguns com duração de 4 meses, “para as notas melhorarem”. Uma criança disse que está frequentando esse tipo de curso porque não quer “reprovar”. O curso precisaria ensiná-la a usar corretamente a regência deste verbo. Um menino afirmou: “desde que entrei no curso minhas notas melhoraram”.

Algumas mães deram seus depoimentos: “aqui é o porto seguro dela”, referindo-se à filha, criança de aproximadamente 10 anos de idade; “é um estudo de qualidade”; é “agora ou nunca”; “ só assim é possível evitar a recuperação”.

A repórter reforçava o entendimento das mães e de seus filhos com frases como estas: “ainda dá tempo de evitar a degola”; “eles estão correndo atrás do tempo perdido”.

Toda a reportagem falou sobre o combate à “temida reprovação” e a necessidade de “melhorar as notas”.

Dois grandes equívocos foram cometidos pela reportagem. Em primeiro lugar, não se questionou a necessidade de as escolas desenvolverem trabalho de qualidade, de modo que todos os estudantes aprendam, sem necessidade de suas famílias terem custo adicional com aulas de reforço. A sua existência revela a fragilidade do trabalho da escola e desvaloriza a atuação dos professores. Ficou claro que a permanência do estudante na escola é “tempo perdido”. Em segundo lugar, foi reforçado o entendimento de que se estuda para obter notas. As aprendizagens não contam. Parece que famílias e estudantes concordam com isso. Nenhuma voz se levantou em favor das aprendizagens. Lamentável.

A reportagem conclui relatando que esses cursinhos estão cada vez mais contratando professores para essas aulas que têm o poder de “aumentar as notas”.

Observa-se que há pais que buscam comodidade. Há outros que desconhecem ser obrigação da escola oferecer ensino de qualidade social, comprometido com as aprendizagens de cada estudante.

Os pais se eximem de cobrar da escola as aprendizagens de seus filhos. Preferem buscar outras soluções. A escola, por sua vez, se esquiva da sua responsabilidade. Ano após ano cenas como essa se repetem. Cabe lembrar que, de modo geral, os professores “de aulas reforço” são os mesmos que atuam nas escolas.

 

 

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