ESCOLAS CHEIAS TÊM QUALIDADE 22% MENOR NO ENSINO MÉDIO

Turmas com grande número de estudantes não oportunizam aos professores: saber o nome dos estudantes e de interagir com cada um deles; utilizar variadas estratégias de ensino/aprendizagem; conduzir trabalho colaborativo; realizar trabalho diversificado; utilizar diferentes procedimentos/instrumentos avaliativos; oferecer feedback imediato; devolver com presteza resultados de procedimentos/instrumentos avaliativos. Além disso, a interação dos próprios estudantes é dificultada. Consequentemente, todos perdem: professores, estudantes e a sociedade.

Benigna Maria de Freitas Villas Boas – 27/02/2016

A reportagem seguinte aborda essa faceta do trabalho pedagógico escolar.

Escolas cheias têm qualidade 22% menor no ensino médio

Luiz Fernando Toledo, Paulo Saldaña e Victor Vieira – O Estado de S. Paulo

14 Novembro 2015 | 03h 00 – Atualizado: 17 Novembro 2015 | 14h 55

Estudo da FGV aponta que uma redução média de 30% no tamanho da turma aumenta a proficiência dos alunos em 44%

Atualizado em 17 de novembro.

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A quantidade de alunos por sala tem forte impacto no trabalho do professor e, por consequência, nos resultados de desempenho dos alunos. No índice de qualidade da rede estadual de São Paulo, o Idesp, as escolas com superlotação têm nota 22% menor que a média do Estado – que já é baixa.

Como base de comparação, a reportagem utilizou o Idesp de 2013, cujas informações por escola foram obtidas por Lei de Acesso. No ensino médio, onde reside a maior responsabilidade do Estado, o Idesp médio das escolas lotadas é de 1,4, contra a média de 1,8 da rede. Nos anos inicias, o resultado desse grupo de escolas no Idesp foi de 4,2, índice 4% menor do que a média, de 4,4. Já nos anos finais, escolas lotadas têm o mesmo patamar da média: 2,5. Todos os índices estão em níveis baixo e longe das metas.

Análise de estudos internacionais feito pela professora Cristine Pinto, da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EESP), aponta que uma redução média de 30% no tamanho da turma aumenta a proficiência dos alunos em 44% do que ele tipicamente aprenderia ao longo de um ano na escola. Os resultados foram obtidos em escolas estrangeiras, caso a redução seja aplicada em turmas com mais de 30 alunos para o ensino fundamental.

O levantamento, feito com base em diversos estudos internacionais sobre o tema, aponta ainda que há benefícios a longo prazo: o aluno aprende mais não só no ano em que esteve na turma menor, mas também nos três anos seguintes. “Esta política de redução da turma parece beneficiar mais os alunos com maior dificuldade de aprendizado e vindos de famílias mais vulneráveis. Alguns estudos sugerem que tal política deveria focar escolas que atendam a alunos mais carentes, pois os impactos nelas tendem a ser maiores”, afirma o estudo.

Para o economista e coordenador de projetos da Fundação Lemann, Ernesto Faria, o número excessivo de alunos na sala de aula afeta o tempo de interação individualizada ao aluno. “É muito importante que exista essa interação porque o domínio de habilidades de cada aluno pode variar muito, as salas são muito heterogêneas”, disse.

Em turmas maiores, defende, é preciso oferecer estratégias adicionais para o acompanhamento personalizado. “O fundamental é garantir condições mínimas de aprendizagem. Aulas de reforço e acompanhamento para o aluno mais avançado não desestimular, por exemplo”.

Roberto Catelli Junior, da Ação Educativa, ressalta que salas lotadas pioram a percepção de qualidade da escola que o aluno tem e impacta negativamente no abandono. “Escola de baixa qualidade é um forte fator de evasão”, diz ele. “Como se desfaz de instalações, a gente vai ter redução ainda mais nas matrículas para escola noturna, o que tem impacto muito negativo na evasão do ensino médio”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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