ESTARÁ O BIA PRODUZINDO FRACASSO ESCOLAR?

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

Dia 21 de maio de 2013 participei da mesa redonda que abriu o III Circuito Pedagógico da Coordenação Regional de Ensino de Planaltina, uma das cidades do DF. Falei sobre a avaliação na organização da escolaridade em ciclos. Dentre as muitas perguntas apresentadas por escrito surgiu a seguinte: “O BIA traz a perspectiva do trabalho em ciclos mas percebe-se que ao final deste ciclo há um número considerável de retenção. Como garantir que ao final de cada etapa dos ciclos não haja este tipo de retenção?”. Esta é uma questão ainda não resolvida. Não basta eliminar a reprovação durante o ciclo. Ela precisa vir acompanhada de ações que visem atender as necessidades de aprendizagem das crianças assim que surgem. O trabalho escolar precisa ser organizado de modo a permitir a movimentação dos alunos dentro do ciclo, para que recebam a contribuição de diferentes professores e não fiquem presos a turmas e anos.

Em outra oportunidade, referindo-se à progressão continuada, duas professoras fizeram o seguinte comentário: “na prática se torna um grande problema, principalmente para o 3º ano (um depósito de problemas) e o professor não tem suporte nenhum”; “é uma tentativa de regularizar o fluxo dos alunos ao longo dos anos, superando o fracasso escolar. Mas para isso acontecer é preciso mudar muitas coisas”.
Tem razão a professora que fez o último comentário: trabalhar com ciclos exige que se mudem muitas coisas. Como não há reprovação no 1º e 2º anos do BIA, o 3º ano não pode ser um “depósito de problemas”. Dessa forma ele está produzindo o fracasso escolar. A aprendizagem tem de ser garantida ao longo de todo o ensino fundamental de forma contínua e tranquila, sem tropeços. Uma das dificuldades tem sido o fato de o BIA, em desenvolvimento desde 2005, ainda não ter o ciclo que lhe daria continuidade.

 

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