IDEB: PARA QUÊ?

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

Reportagem da revista Isto é, de 8/5/2013, descreve “como a união entre professores, pais, alunos e autoridades de Foz do Iguaçu reverteu em pouco tempo índices ruins de aprendizado no ensino básico e conseguiu bater, inclusive, metas estipuladas para 2022”. A escola municipal Adele Zanotto, de Foz do Iguaçu, obteve 7,2 no último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB – que conjuga dados sobre fluxo escolar e os resultados da Prova Brasil. Professores e funcionários da escola vestem literalmente a camisa da sua instituição. Uma foto mostra uma professora com a nota do IDEB estampada em sua camiseta. Segundo a reportagem, entre os municípios brasileiros com mais de mil alunos matriculados no 5º ano do ensino fundamental, Foz do Iguaçu é o que exibe o melhor resultado. A conquista é recente porque em 2001 o índice de reprovação era de 13% e chegou a 15% em 2009. A ex-secretária municipal de educação, Joane Vilela, justifica tal conquista: “Instituímos o Plano de Estudos Individualizados no turno oposto para alunos com dificuldades, com grande incentivo à leitura e à escrita, e o acompanhamento de frequência e desempenho”. Um dos segredos do êxito, segundo a ex-secretária, é o envolvimento de toda a cidade.

Iniciativas desse tipo podem dar certo desde que não se atrelem a partidos políticos, o que é o caso de Foz do Iguaçu, e não se comprometam com prêmios em dinheiro. Em Foz do Iguaçu é prevista uma “dotação em dinheiro aos professores e escolas que liderarem as experiência e os projetos bem-sucedidos no ano”.

Como o IDEB é um índice obtido por meio de uma fórmula que combina dados do fluxo escolar e a nota da Prova Brasil, é preciso ter cautela ao comemorar o alcance de altas notas porque esse índice por si só não é suficiente para avaliar a qualidade do trabalho da escola. Ele pode ser um dos elementos a serem considerados, mas não é o único. É necessário que os integrantes do trabalho escolar (professores, equipe pedagógica e gestora, pais, alunos e profissionais de apoio), em conjunto, analisem os resultados do trabalho desenvolvido em sala de aula e os advindos de exames externos, para que localizem possíveis problemas e busquem as soluções. Somente dessa forma é possível ter o verdadeiro retrato da escola.

Merece reflexão o fato de os professores e funcionários da escola usarem camiseta com a nota do IDEB nela estampada. Se a moda pega, daqui a pouco teremos os alunos com a nota do seu desempenho gravada na camiseta. É essa cultura avaliativa que queremos implantar nas escolas?

 

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