MAS O QUE É MESMO ESSA TAL DE AVALIAÇÃO FORMATIVA?

Erisevelton Silva Lima
Doutor em educação e professor da SEDF

Charles Hadji, em sua obra Avaliação Desmistificada (Ed. Artmed, 2001), ajuda-nos a compreender que a avaliação formativa é aquela cuja intenção é a inclusão do estudante no processo de ensino; ele é avaliado para continuar aprendendo. Não é o instrumento ou o procedimento que define essa avaliação, assevera Hadji, trata-se de intenção encorajadora cujo propósito é garantir as aprendizagens de todos no percurso escolar. Ela é formativa e informativa a cada dia, a cada semana e a cada mês porque vai trazendo elementos do ensino e da aprendizagem para que professores e estudantes se percebam nessas informações e delas retirem o melhor proveito.


O ideal seria que em nossas escolas não fossem necessárias as tais notas que reduzem, equivocadamente, o processo avaliativo ao silêncio quase indiscutível de um número (resultado). Contudo, acreditamos que mesmo em um sistema seriado e que ainda utiliza elementos característicos da avaliação classificatória é possível ir transformando o núcleo duro dessa avaliação historicamente construída por intermédio do olhar humano e humanizador de quem avalia para conduzir ao aprender.

Há, todavia, um elemento indispensável para que a avaliação formativa aconteça: a autoavaliação. É por meio dos olhares dos atores envolvidos diretamente com o processo, especialmente docentes e estudantes, que ambos amadurecerão e desenvolverão a tão requerida competência avaliativa. Ao passo que os estudantes são inseridos no processo por meio da autoavaliação, que se diferencia da autonotação, as responsabilidades são compartilhadas e eles assumem posturas colaborativas para com seus pares e com seus professores. Engana-se quem acredita que a avaliação formativa é “boazinha” ou para “aprovar alunos sem aprender”; ela é profissional e requer ética e planejamento. Países bem desenvolvidos cuja educação apresenta-se com ótimos indicadores, como a Finlândia, utilizam a avaliação formativa e a encorajam cada vez mais em seus sistemas de ensino. Embora, particularmente, não goste de comparações com países e contextos tão diferentes dos nossos deixo uma pergunta para reflexão: se a avaliação formativa não fosse valiosa e comprometida seria adotada em sistemas educativos sérios e de primeiro mundo?

 

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