BRASIL: PÁTRIA EDUCADORA. SERÁ POSSÍVEL? QUANDO?

BRASIL: PÁTRIA EDUCADORA. SERÁ POSSÍVEL? QUANDO?

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

Com tristeza e desencanto tomei conhecimento ontem do corte de R$ 600 milhões nos gastos mensais discricionários (não obrigatórios) destinados ao setor educacional. A pasta da Educação sofreu o maior bloqueio provisório das despesas de custeio dos 39 ministérios do governo. Provisório até quando? As escolas de educação básica precisam urgentemente de recursos para desenvolverem o trabalho que a sociedade requer e merece receber.

Outra constatação entristecedora: para comemorar os 80 anos de existência da USP, a Revista FAPESP de dezembro/2014 vem acompanhada de uma edição especial com o título: USP 80 anos. Em 82 páginas são apresentados textos que descrevem as atividades significativas da instituição durante esse tempo. Para quem não sabe, a primeira universidade brasileira é a Universidade do Rio de Janeiro, criada em 1920. Em segundo lugar vem a Universidade Federal de Minas Gerais, criada em 1927. A USP data de 1934.

Os artigos da revista versam sobre: Medicina/cardiologia/institutos/pesquisa básica; Biologia/genética/zoologia/botânica; Ciências Exatas da Terra/Física e Química/astronomia e geociências; Oceanografia, Engenharias e Agronomia. Nenhuma palavra sobre EDUCAÇÃO. Quando foi criada a Faculdade de Educação? Que serviço presta à formação de professores? Quais pesquisas relevantes têm sido produzidas? Quais são suas contribuições ao trabalho da escola de educação básica?

Dificilmente chegaremos a construir uma pátria educadora. Estarão os professores universitários dispostos a assumir sua responsabilidade nesse processo? Parece que o interesse maior é a publicação desenfreada e, às vezes, até repetitiva, de artigos em periódicos altamente qualificados. O resto é resto.