USA: boicote aos testes tem sucesso novamente

USA: boicote aos testes tem sucesso novamente

Publicado em 27/08/2017 por Luiz Carlos de Freitas no blog do Freitas

“Mais de 225 mil pais de estudantes do estado americano de Nova York determinaram às escolas que não submetam seus filhos a testes de larga escala do estado. É o terceiro ano que o Movimento Opt Out é bem sucedido. O movimento é uma criação da resistência organizada aos testes que cresce nos Estados Unidos. São 50 grupos de pais de estudantes e educadores organizados no Estado sob a sigla de NYS Allies for Public Education (NYSAPE). Além dos movimentos estaduais, há também um movimento nacional.

O movimento nacional Opt Out “está agora focado na aquisição e restauração dos direitos civis e humanos para nossas comunidades escolares públicas, para os estudantes que assistem às escolas públicas e os cidadãos que apoiam as escolas públicas com seu tempo, esforços e contribuições financeiras. Defendemos e participamos de atos de desobediência civil que assegurem que nosso bem público está protegido e seguro.”

Os Estados Unidos, ao contrário do Brasil, não possui avaliações nacionais censitárias de larga escala. Fazem apenas o NAEP que é amostral. Lá os exames censitários são conduzidos pelos estados. Aqui, seguindo nossa tradição autoritária, os nossos reformadores empresariais da educação são mais “rigorosos”, eles exigem que as nossas leis incluam testes nacionais censitários, ou seja, que incluam todos os nossos estudantes nos testes. A Finlândia também tem somente testes amostrais. Os nossos reformadores poderiam ter ao menos a honestidade de copiar o modelo completo.

O movimento Opt Out, portanto, não é contra testes nacionais, que inexistem lá, mas sim contra os testes estaduais de larga escala censitários – baseados na fracassada filosofia do testar e punir. O estado de Nova York é um dos que estão mais arraigadamente comprometidos com testes.

O boicote funciona assim. Os pais mandam uma carta pedindo que seus filhos não sejam incluídos (leiam aqui em espanhol). Portanto, não fazem o exame. As leis americanas exigem 95% de presença dos estudantes das escolas para que os testes estaduais tenham validade (no Brasil 85%). Com a retirada das crianças a pedido dos pais, apenas 8% dos distritos consegue chegar à taxa de 95% – o que mostra como os pais estão reagindo ao massacre da avaliação sobre seus filhos. Eles estão compreendendo rapidamente, pela prática, a inutilidade e os danos dos processos contínuos de avaliação que não conduzem a lugar algum – apenas a “press-releases” de políticos interessados em manter seus cargos e a engordar o faturamento das terceirizadas que realizam os testes.

É falsa a ideia de que os professores não conhecem as dificuldades de seus alunos e que os testes as identificariam para eles; o fato é que lhes falta condições de trabalho para lidar com estas dificuldades que são por eles melhor conhecidas do que um simples teste possa indicar”.

Leia mais aqui.

 

 

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