Registros de Desenvolvimento Individual da Criança (RDIC) e Registro de Avaliação (RAv) nos Anos Iniciais: da documentação pedagógica ao processo de elaboração do relatório

 

Professora Elisângela T. Gomes Dias

Pesquisadora do GEPA

Publicado no blog do GEPA em 19/04/2024

gepa-avaliacaoeducacional.com.br

          Avaliar no contexto educacional, especialmente quando nos referimos à educação infantil e aos anos iniciais do ensino fundamental, vai muito além de testar ou medir conhecimentos por meio de provas ou testes padronizados. Avaliar é um processo complexo e contínuo que busca compreender, de maneira holística, o desenvolvimento integral da criança, abrangendo não apenas o aspecto cognitivo, mas também o social, emocional e físico.

          Nessa perspectiva, avaliar implica observar, registrar, refletir e analisar o processo de aprendizagem de forma ampla. A avaliação considera as múltiplas dimensões do desenvolvimento infantil e se interessa tanto pelo percurso quanto pelo ponto de chegada. Ela é formativa, contínua e reflexiva, visando impulsionar esse desenvolvimento.

          Diante da necessidade de acompanhar o desenvolvimento integral das crianças, o relatório individual emerge como um instrumento de avaliação particularmente adequado. Isso se deve a várias razões, as quais destacamos:

  1. Personalização – O relatório permite uma avaliação personalizada, que leva em conta as características únicas de cada criança, seus interesses, ritmos de aprendizagem, pontos fortes e áreas a desenvolver;
  2. Integralidade – Por meio do relatório, é possível registrar não apenas avanços cognitivos, mas também progressos emocionais, sociais e físicos, oferecendo uma visão completa do desenvolvimento da criança;
  3. Processualidade – O relatório individual favorece o acompanhamento do processo de aprendizagem, permitindo identificar avanços, dificuldades e momentos significativos na trajetória educacional da criança. Essa documentação processual é fundamental para ajustes metodológicos e pedagógicos;
  4. Diálogo – Serve como um canal de comunicação entre a escola e a família, promovendo um diálogo construtivo sobre o desenvolvimento da criança. Os relatórios podem ajudar a alinhar expectativas e ações entre professores e pais/responsáveis;
  5. Reflexão e Planejamento – Para os educadores, o ato de elaborar relatórios individuais é também um momento de reflexão sobre suas práticas e sobre como estas impactam cada criança. Além disso, esses relatórios ajudam no planejamento de estratégias pedagógicas mais eficazes e personalizadas.

          Portanto, o relatório individual, ao contrário de testes ou medidas isoladas, oferece uma ferramenta rica e dinâmica para a avaliação na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. Ele respeita a complexidade do processo educativo, valorizando todas as dimensões do desenvolvimento humano e fortalecendo a aprendizagem significativa.

          Mas, como esse relatório pode ser elaborado?

          O primeiro passo é a coleta e a organização dos dados. Para tanto, identifique quais objetivos definidos no planejamento guiarão o processo avaliativo. Colete dados de diferentes fontes, como observações em sala de aula, avaliações formais e informais, trabalhos escritos, projetos de arte, interações sociais e feedback dos pais. Essa avaliação é critério-referenciada, isto é, avalia a partir de critérios predefinidos ao invés de compará-lo com o desempenho de outros alunos. Esta abordagem foca no que a criança já sabe e é capaz de fazer, considerando os objetivos de aprendizagem específicos. Sua contribuição para a organização do relatório individual é significativa e multifacetada, oferecendo uma estrutura clara para a documentação e reflexão sobre o desenvolvimento e o processo de aprendizagem. Isso significa que o educador pode documentar de forma precisa em que medida cada criança atingiu esses objetivos, proporcionando uma base sólida para observações e análises.

          Segundo Ostetto (2009), a documentação pedagógica não é apenas um registro das atividades realizadas, mas um processo que envolve a observação atenta, a escuta sensível e a interpretação dos processos de aprendizagem das crianças. Ela propõe uma organização da documentação pedagógica que pode ser estruturada em várias etapas, contemplando a complexidade e a riqueza das experiências vividas, especialmente na educação infantil. Essa documentação pode incluir:

  1. observação direta das atividades das crianças, anotações sobre suas interações, diálogos, expressões, gestos e brincadeiras. Fotografias, vídeos e gravações de áudio também podem ser utilizadas para capturar momentos significativos;
  2. coleção de desenhos, escritas, construções, entre outras produções realizadas pelas crianças, que evidenciam seus processos de aprendizagem e criatividade;
  3. criação de portfólios individuais ou coletivos, que reúnem uma seleção de registros e produções, organizados de forma a evidenciar o desenvolvimento e aprendizagem das crianças ao longo do tempo;
  4. organização de exposições ou murais na escola que tornam visíveis as experiências, descobertas e aprendizagens das crianças para toda a comunidade escolar.

          Importante destacar que a documentação pedagógica é um processo dinâmico e contínuo, que deve estar integrado ao cotidiano educativo, contribuindo para a construção de uma prática pedagógica reflexiva, responsiva e baseada nas experiências concretas das crianças. Ao tornar a aprendizagem visível, a documentação pedagógica não só valoriza o trabalho das crianças e dos educadores, mas também promove uma cultura de investigação, reflexão e diálogo na educação infantil (OSTETTO, 2009).

          Em seguida, agrupe os dados por categoria: organize os dados coletados em categorias relevantes, como aspectos cognitivos (desempenho acadêmico), desenvolvimento corporal, aspectos socioemocionais. Você também pode agrupar os objetivos por campos de experiências ou áreas de conhecimento.  

          Analise os dados para identificar os pontos fortes da criança e as áreas em que ela pode melhorar. Reflita sobre os registros e produções, buscando compreender os processos de aprendizagem, as hipóteses das crianças, suas formas de expressão e interesse. Essa etapa é fundamental para a construção de significados a partir da documentação coletada.  Isso ajudará a fornecer um feedback completo e equilibrado no relatório. Ademais, a análise detalhada proporcionada pelos relatórios individuais, baseada em critérios específicos, auxiliará no planejamento de intervenções pedagógicas mais direcionadas. Isso pode incluir a adaptação de estratégias de ensino, a personalização de atividades de aprendizagem e o desenvolvimento de planos de apoio para atender às necessidades individuais das crianças. Ostetto (2009) sustenta que a utilização dos insights obtidos por meio da documentação pedagógica permite aos educadores o planejamento de novas experiências de aprendizagem, projetos e atividades que respondam aos interesses, necessidades e potencialidades das crianças.

          Estruture o relatório nas seguintes etapas:

  1. Introdução – após incluir informações básicas sobre a criança, como nome, idade, turma e período abrangido pelo relatório, descreva brevemente o propósito do relatório e o contexto em que a criança está sendo avaliada.
  2. Desenvolvimento – faça uma síntese em relação ao processo de aprendizagem da criança ao longo do bimestre ou semestre letivo. Importante relatar o que foi observado em relação ao trabalho pedagógico desenvolvido. Lembre de registrar, além dos aspectos cognitivos e psicomotores, os aspectos socioemocionais (como a criança interage com os colegas, com as regras e rotinas escolares; como participa das atividades e lida com conflitos e desafios propostos). Ao descrever, destaque os pontos fortes e áreas de melhoria, usando exemplos específicos sempre que possível.
  3. Considerações finais – Conclua o relatório com sugestões para apoiar o desenvolvimento contínuo da criança. Isso pode incluir recomendações para atividades específicas em casa, estratégias de apoio adicional na escola ou áreas de foco para o próximo período. Sugiro um parágrafo breve retomando o aspecto central que precisa de investimento, sendo finalizado com uma perspectiva propositiva, encorajadora.
  4. Em caso de necessidade de algum encaminhamento, como o atendimento por equipes de apoio à aprendizagem ou a realização de avaliações específicas, é necessária uma abordagem cuidadosa e sensível. O objetivo é assegurar que a comunicação seja feita de maneira positiva e construtiva, sem antecipar diagnósticos ou criar estigmas em torno da situação observada. A título de exemplo – A professora observa que uma criança apresenta dificuldade de leitura. No relatório, pode ser registrado: “Observamos que João parece esforçar-se para visualizar detalhes em ilustrações ou textos projetados, aproximando-se frequentemente para uma melhor visão.” Ou “Para apoiar ainda mais o desenvolvimento de João e garantir que ele aproveite ao máximo as atividades propostas, sugerimos acompanhamento da equipe de apoio à aprendizagem. Acreditamos que uma avaliação detalhada, realizada por profissionais especializados, pode oferecer insights valiosos sobre como melhor apoiar João, garantindo que ele continue a prosperar em um ambiente de aprendizado inclusivo e estimulante.” Se houver necessidade de maior apoio familiar, pode ser acrescentado ainda: “Valorizamos a parceria entre a escola e a família e convidamos vocês a se juntarem a nós nesta jornada, explorando juntos as melhores formas de apoiar o desenvolvimento integral de João.” E finalize reafirmando seu compromisso com o bem-estar e o sucesso da criança, expressando confiança em sua capacidade de superar desafios com o apoio adequado. Exemplo: “Estamos comprometidos em oferecer um ambiente de aprendizado acolhedor e estimulante para João e confiamos em sua capacidade de alcançar seu pleno potencial com o apoio e compreensão de todos nós.”

Utilizando essa estrutura e linguagem, é possível comunicar recomendações de encaminhamentos de forma positiva e eficaz, assegurando que os pais e responsáveis compreendam a intenção de promover o interesse e desenvolvimento da criança.

          Após a elaboração, é preciso ler o relatório cuidadosamente para garantir que todas as informações estejam corretas e que a linguagem seja clara e compreensível.

          De acordo com Hoffman (2002), é preciso responder quatro questões para compreender que o relatório individual atende a sua real necessidade. Essas questões são: 1) Os objetivos norteadores da análise do desenvolvimento da criança transparecem nos relatórios? 2) Percebe-se o caráter mediador do processo avaliativo? 3) Privilegia-se, ao longo do relatório, o caráter evolutivo do processo de desenvolvimento da criança? 4)  Percebe-se o caráter individualizado no acompanhamento da criança?

          Se possível, peça a outros educadores para revisarem o relatório e oferecerem sugestões de melhoria.

Como deve ser a linguagem utilizada?

          A adoção de uma linguagem cuidadosa, reflexiva e construtiva nos relatórios individuais é um passo fundamental para a construção de ambientes educacionais mais inclusivos, respeitáveis e democráticos. Ao refletir sobre a escolha das palavras, os educadores podem contribuir significativamente para o desenvolvimento positivo das crianças, promovendo um clima de respeito, encorajamento e apoio mútuo.

          A linguagem não é apenas um meio de comunicação; ela reflete e molda percepções, atitudes e valores. No contexto educacional, a escolha das palavras e expressões tem o poder de influenciar significativamente o desenvolvimento da criança, a percepção dos pais e cuidadores sobre seus filhos e a maneira como os próprios estudantes se veem. Portanto, é crucial adotar uma linguagem que seja ao mesmo tempo precisa, sensível e construtiva.

          Essa linguagem dos relatórios deve ser clara e objetiva, evitando ambiguidades que possam levar a interpretações errôneas. Descrever comportamentos e conquistas de forma específica ajuda a comunicar de maneira efetiva o progresso da criança e as áreas que necessitam de atenção. Isso contribui para uma abordagem mais equilibrada e positiva e fomenta o diálogo e a colaboração entre educadores, estudantes e famílias.

          Assim, escreva o relatório em linguagem clara e acessível, evitando jargões técnicos. Mantenha um tom positivo e encorajador, mesmo ao abordar áreas de melhoria.

          O que NÃO pode conter a escrita do relatório?

          O objetivo principal do relatório é documentar o progresso da criança em várias dimensões, incluindo a cognitiva, a física, a emocional e a social. Desse modo, ao escrever relatórios individuais, é crucial não utilizar termos e expressões que possam ser considerados preconceituosos, discriminatórios ou que perpetuem estereótipos.

          Focar em aspectos comportamentais negativos pode levar à rotulagem da criança, o que pode afetar sua autoestima e seu comportamento futuro. Rotular uma criança como “problemática”, “indisciplinada” ou “difícil” pode criar estigmas que influenciam a maneira como ela é vista e tratada por educadores, colegas e até mesmo pela família. Portanto, qualquer termo que denote preconceito ou discriminação não deve ser utilizado no relatório.

          Rotular as crianças com palavras que definem sua identidade com base em comportamentos ou desempenho acadêmico limita e prejudica a percepção sobre suas capacidades reais e potencial de crescimento. A linguagem dos relatórios deve refletir a compreensão de que todos os estudantes são capazes de aprender e evoluir.

          Em vez de escrever “a criança não participa das atividades em sala de aula”, prefira “a criança mostra-se reservada durante as atividades em grupo, podendo se beneficiar de estratégias que a encorajem a se expressar mais livremente”. De modo semelhante, substitua observações como “a criança é distraída” por “a criança demonstra interesse variável, sugerindo a necessidade de explorar diferentes abordagens para manter sua atenção”.

          Mas, atenção: a maioria dos quadros e listas de “palavras e expressões” para uso em relatórios individuais de estudantes, que circulam na internet e sugerem substituições eufemísticas para comportamentos considerados negativos, refletem uma prática pedagógica que necessita de uma revisão crítica profunda. Embora a intenção por trás dessas sugestões possa ser a de suavizar a linguagem usada para descrever dificuldades ou desafios enfrentados pelas crianças, elas podem inadvertidamente perpetuar uma abordagem superficial e estereotipada da avaliação do comportamento e do desenvolvimento das crianças.

           Comportamentos descritos pejorativamente como “bagunceiro, relaxado e porco” refletem não apenas uma visão negativa e estigmatizante, mas também ignoram as múltiplas causas subjacentes que podem influenciar tais ações. Além disso, as expressões recomendadas nesses quadros muitas vezes reforçam estereótipos e expectativas sociais rígidas sobre como as crianças devem se comportar, aprender e interagir. Ao invés de reconhecerem e valorizarem a diversidade de comportamentos e estilos de aprendizagem, tais abordagens promovem a conformidade a normas muitas vezes arbitrárias e restritivas.

          Desse modo, este tipo de material deve ser banido do espaço escolar. Afinal, cada criança é única, com suas próprias experiências, desafios e conquistas. O uso de expressões genéricas e padronizadas falha em capturar a individualidade da criança, reduzindo a riqueza de sua personalidade e desenvolvimento a frases feitas que pouco dizem sobre suas reais necessidades e potenciais.

          É igualmente importante frisar que, ao descrever comportamentos específicos observados, preferencialmente contextualizando-os e sugerindo estratégias de apoio ou melhorias, não os associe a “possíveis causas”. Em nada contribui relatar fatos como a separação dos pais na tentativa de justificar determinado comportamento ou mesmo dificuldade no processo de aprendizagem, assim como não deve ser registrado que “a família é desestruturada”, que “a criança sofre com a falta da figura paterna” ou algo neste sentido. O foco deve ser o processo de aprendizagem. Portanto, deve-se priorizar comentários que reconheçam o progresso, as conquistas e os pontos fortes da criança, oferecendo uma visão equilibrada que inclua desafios e áreas para crescimento de maneira construtiva.

          Por fim, saliento que o relatório individual deve ser uma ferramenta de reflexão e planejamento educacional, não apenas para os educadores, mas também para as famílias, contribuindo para uma visão holística do desenvolvimento da criança. É essencial adotar uma abordagem equilibrada que reconheça as complexidades do comportamento e do aprendizado, evitando simplificações que possam prejudicar a percepção e o tratamento das crianças no ambiente educacional. A professora Benigna Vilas Boas, ao revisar e ler este texto, acrescenta:  assim compreendido e praticado, o relatório individual se insere na função formativa da avaliação.

Referência

HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação na pré-escola: um olhar sensível e reflexivo sobre a criança. 10.ed. Porto Alegre: Mediação, 2002.

OSTETTO, Luciana Esmeralda. Documentação pedagógica na Educação Infantil: prática reflexiva, pesquisa e formação de professores. Campinas: Autores Associados, 2009.

publicação variável conforme a edição.

Pedagogia e licenciaturas: CNE define limite de horas para ensino a distância

 

JC Notícias – 19/04/2024

Texto lembra que em uma carta conjunta em novembro, o Todos pela Educação, a SBPC, o Consed e outras organizações pediram medidas urgentes na regulação da educação a distância para a formação de professores

O Conselho Nacional da Educação (CNE) definiu que os cursos de formação para professores, como Licenciaturas e Pedagogia, terão de ser oferecidos com 50% da sua carga horária presencial. A educação a distância (EAD) para formar docentes no País tem crescido nos últimos anos, com muitos questionamentos sobre a qualidade.

Hoje, 64% dos estudantes em Licenciaturas estão em cursos a distância e não há controle sobre o que é feito presencialmente. Universidades privadas – que têm a maioria da EAD – oferecem cursos em que os futuros professores estudam, muitas vezes, apenas por vídeos e apresentações em Power Point. As atividades presenciais, como provas por exemplo, ocupam cerca de 10% do total.

No entanto, a modalidade é vista como opção para alunos mais pobres, que trabalham e buscam baixas mensalidades. Além disso, facilita o acesso para quem mora fora dos grandes centros.

Veja o texto na íntegra: Estadão

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Gestão Tarcísio vai usar ChatGPT para produzir aulas digitais no lugar de professores

 

JC Notícias – 17/04/2024

Docentes terão função de revisar o material feito por Inteligência Artificial para alunos a partir do 6º ano; Secretaria diz que testa ferramenta para aprimorar conteúdo

O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) vai passar a usar o ChatGPT, ferramenta de inteligência artificial, para produzir as aulas digitais que são usadas pelos professores de todas as escolas da rede estadual paulista.

Até então, o material didático era produzido por professores curriculistas, ou seja, especialistas na elaboração desse tipo de conteúdo. Agora, esses docentes terão apenas a função de “avaliar a aula gerada [pela inteligência artificial] e realizar os ajustes necessários para que ela se adeque aos padrões pedagógicos”.

A Folha teve acesso a um documento que foi enviado aos professores com as novas orientações para a produção do material do 3º bimestre deste ano. O texto explica que a ferramenta de inteligência artificial vai gerar a “primeira versão da aula com base nos temas pré-definidos e referências concedidas pela secretaria”.

Veja o texto na íntegra: Folha de S. Paulo

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Reconstrução do Projeto político-pedagógico

 

Nas primeiras semanas do ano letivo, o projeto político-pedagógico da escola (PPP) é retomado para que seja reconstruído. Esse processo é feito por meio da avaliação diagnóstica. Dela participam todos os profissionais da escola, estudantes e seus pais.

O PPP do ano em curso é o guia das atividades, devendo ser retomado continuamente, para análise das ações em desenvolvimento, com vistas à reorganização do trabalho pedagógico. Portanto, o PPP não é um documento para ficar engavetado. Nem cumpre o propósito de atender exigências burocráticas. Ele dá identidade à escola.

O significado do índice que traz o Nordeste no topo da Educação

 

JC Notícias – 10/04/2024

Regiões Sul e Sudeste concentram 3 de cada 4 municípios com os maiores valores numéricos de Ioeb em 2023. Mas a maioria evoluiu menos que a média dos municípios brasileiros – e também em relação à edição anterior, que contemplou dados de 2021

Quem é familiarizado com rankings educacionais pode estar acostumado a ver estados como Distrito Federal, Espírito Santo e, mais recentemente, Pernambuco, ocupando as primeiras posições de desempenho. Mais raro é encontrar unidades como Mato Grosso e quase todo o Nordeste. É, porém, justamente o que ocorre no Índice de Oportunidades da Educação Brasileira (Ioeb). Divulgado no fim de março, o Ioeb que mede o esforço de estados e municípios na melhoria da educação básica brasileira.

Atualmente na quinta edição, o Ioeb leva em conta dois tipos de indicadores:

  • O primeiro, de desempenho, é uma versão “corrigida” do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Tradicionalmente, o Ideb leva em conta a taxa de aprovação e a nota de cada estudante em uma avaliação externa, a Prova Brasil. A versão utilizada no Ioeb é estatisticamente ajustada para reduzir os efeitos da condição socioeconômica dos alunos nas notas.
  • O segundo envolve os chamados “insumos educacionais”, uma cesta de fatores que sinaliza o empenho que a administração pública faz na oferta de uma educação de qualidade: a quantidade de docentes com nível superior, a duração da jornada escolar, a proporção de diretores que ficam vários anos na mesma escola e o percentual de crianças de 4 a 6 anos matriculadas na educação infantil
  • Outra diferença é que o Ioeb não é exatamente um ranking. Ele divide estados e municípios em quatro categorias – “crítico”, “em desenvolvimento”, “atenção” e “otimizado” – para apresentar a evolução (ou falta de avanço) em relação ao conjunto dos estados. As categorias “em desenvolvimento” e “otimizado” indicam os entes que evoluíram mais que a mediana nacional.

Leia o texto na íntegra: UOL

Brasil tem 22 graduações avaliadas entre as melhores do mundo, aponta ranking

 

JC Notícias – 10/04/2024

QS World 2024 lista instituições mais bem classificadas por área; odontologia é o principal destaque do País

O Brasil é o país da América Latina com o maior número de graduações avaliadas entre as 50 melhores do mundo em sua área, com 22 cursos. Os resultados são do ranking de universidades QS (Quacquarelli Symonds) World 2024 divulgado nesta quarta-feira (10).

Odontologia é o curso em que o Brasil mais se destaca na avaliação por áreas, com quatro universidades brasileiras conseguindo se classificar entre as 50 melhores. A graduação da USP é a mais bem avaliada, em 13º lugar. Em seguida aparecem os cursos da Unicamp (em 23º lugar), da Unesp (36º) e da UFRJ (50º).

“A proeza do Brasil em odontologia é particularmente excepcional, um assunto no qual o país é um dos principais destinos de estudo do mundo, juntamente com a Austrália, o Reino Unido e os EUA”, disse o vice-presidente sênior da QS, Ben Sowter.

Veja o texto na integra: Folha de S. Paulo

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Taxa de conclusão do ensino médio no Brasil é uma das menores de 13 países do G20, aponta IBGE

 

JC Notícias – 10/04/2024

Apenas 73,3% dos jovens chegam ao final dessa etapa escolar, que está sendo rediscutida no País e significa o fim do ciclo da educação básica

O Brasil tem uma das menores taxas de conclusão do ensino médio do G20. A informação consta na publicação Criando Sinergias entre a Agenda 2030 e o G20 – Caderno Desigualdades, divulgada nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Num levantamento com dados de 2021 levando em consideração 13 países do G20, o Brasil está na quinta pior colocação com 73,3% dos estudantes concluindo essa etapa escolar. Abaixo, estão Indonésia, Argentina, África do Sul e México.

“Em 2021, nenhum país do G20 havia alcançado a cobertura universal de conclusão do ensino médio, o que significa que há pessoas que estão ‘sendo deixadas para trás’ (fora da escola) e há desigualdades, embora as proporções dos países desenvolvidos sejam mais elevadas do que as dos países em desenvolvimento. Nos Estados Unidos a taxa de conclusão do ensino médio alcançou 94,58%. Por outro lado, no México era 59,53%”, aponta o relatório.

De acordo com o IBGE, o levantamento apresenta informações de apenas 13 dos 20 países que compõem a cúpula porque nem todos possuem pesquisas com esse mesmo recorte de tema. Dessa forma, a comparação entre eles acaba sendo inviável.

Veja o texto na íntegra: O Globo

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Ensino do sexto ao nono ano exige mais atenção para evitar repetência

 

JC Notícias – 19/03/2024

Trajetória entre estudantes negros é 20% menor do que entre os brancos

Somente 52% dos estudantes brasileiros nascidos entre 2000 e 2005, que estão, atualmente, com idade entre 19 e 24 anos, conseguiram concluir o ensino fundamental no tempo certo e 41% deles finalizaram o ensino médio no período adequado. O dado consta do levantamento inédito “Indicador de Regularidade de Trajetórias Educacionais”, da Fundação Itaú. Ele evidencia que quase metade de crianças e jovens que hoje estão nessa faixa etária não concluíram os estudos de forma regular, tendo enfrentado, ao longo do ciclo, intercorrências como abandono, evasão ou reprovação. O estudo foi realizado em parceria com os pesquisadores Chico Soares, Izabel Costa da Fonseca, Clarissa Guimarães e Maria Teresa Gonzaga Alves.

A superintendente do Itaú Social, Patricia Mota Guedes, explicou à Agência Brasil que o levantamento traz o retrato da trajetória escolar de crianças e adolescentes nascidos entre 2000 e 2005 em um período longo, de 2007 a 2019. “E traz exatamente um problema: somente metade dos estudantes brasileiros, nesse período, concluíram o ensino fundamental na idade certa e com trajetória regular, sem ter passado por repetência, reprovação e abandono escolar”. Isso significa que quase metade deles chegou ao nono ano do ensino fundamental com trajetória irregular.

Na avaliação de Patricia Mota Guedes, o indicador expressa a gravidade do problema de trajetórias, de como é necessário monitorar mais e melhor a qualidade da permanência das crianças e adolescentes já no ensino fundamental. “E mostra também um retrato das desigualdades, de como essa experiência de repetência, reprovação e abandono marca ainda mais determinados grupos sociais.”

De acordo com o estudo, a trajetória regular entre estudantes negros (pretos + pardos) é cerca de 20% menor do que entre os brancos. Em relação aos indígenas, esse percentual se situa em torno de 40%. Os dados mostram que estudantes brancos possuem um percentual de regularidade de 62%; pardos, 46%; pretos, 41%; e indígenas, 23%.

Políticas e programas

O estudo mostra a urgência de o Brasil começar a construir políticas e programas mais voltados para a etapa do ensino fundamental, onde a repetência, reprovação e abandono começam a explodir. “São os anos finais do fundamental, do sexto ao nono ano. O estudo reforça a necessidade de a gente realmente começar a desenhar políticas e programas historicamente, do sexto ao nono ano, o antigo ginásio, o que a gente chama dos anos finais do fundamental. Porque são uma etapa esquecida pelas políticas e programas federal, estaduais e municipais.”

A superintendente do Itaú Social argumentou essa é, porém, uma etapa decisiva porque é justamente onde tem o início da adolescência; em que as crianças, aos 11, 12 anos, começam a entrar em uma fase onde vivem muitas transformações, muitas mudanças físicas, emocionais, até do ponto de vista social, da convivência. “E tudo isso muito misturado também porque, no Brasil, na maioria dos casos, quando a criança vai do quinto para o sexto ano, passa a ter mais professores, um currículo mais complexo. Os professores são especialistas que também não recebem uma formação de trabalhar com esses estudantes que estão no começo da adolescência e que transitam entre infância e adolescência”, salientou Patricia. O mesmo acontece com as equipes gestoras escolares. Por isso, acentuou a importância de se pensar em escolas que sejam mais voltadas para essas adolescências, com ênfase no começo dessa fase, do sexto ao nono ano do ensino fundamental.

Patricia argumentou que parte dos problemas de repetência, reprovação e abandono no ensino fundamental está enraizada na falta de um olhar específico, de programas e de suporte, para que essas escolas possam melhorar a qualidade da experiência desses adolescentes. Reconheceu que aqueles que sobrevivem no sistema educacional continuam para o ensino médio, onde também há problemas de abandono e evasão. O esforço do estudo foi no sentido de mapear que o problema grave já começa em uma etapa que não tem sido olhada com a devida atenção, afirmou.

Desigualdades

A pesquisa confirma o que já se imaginava: que os grupos de raça, como os negros, estão sempre em desvantagem em relação aos brancos; as meninas, em geral, estudam mais que os meninos; e que há desigualdades regionais.

Os estudantes com nível socioeconômico mais alto apresentam trajetória escolar bem melhor do que os mais vulneráveis. Enquanto 69% dos alunos do primeiro grupo apresentam trajetórias regulares, só 38% daqueles de escolas mais carentes conseguiram iniciar e finalizar o ensino fundamental na idade correta.

De acordo com a pesquisa, a regularidade é um desafio ainda maior para estudantes do sexo masculino que estudam em escolas de baixo nível socioeconômico, deficientes, negros e indígenas. Já para as meninas, a qualidade da permanência nas escolas é mais positiva. Por volta de 58% delas têm trajetórias de nove anos regulares, contra 46% entre os meninos. A diferença por sexo é acentuada em relação à categoria de muita irregularidade. Cerca de 7% das meninas têm trajetórias educacionais marcadas por muitas irregularidades, ao passo que esse percentual é de 14% para os meninos.

O estudo aponta que apenas 22% dos estudantes com deficiência têm trajetória regular, entre 2011 e 2019, contra 53% dos sem deficiência. Em torno de 56% deles apresentam percursos com muita irregularidade. A porcentagem de trajetórias com irregularidades também se destaca: cerca de 64% dos alunos com deficiência concluem o ensino fundamental com intercorrências e cerca de 14% evadem, enquanto para os sem deficiência 37% possuem trajetórias irregulares e 10% são interrompidas.

Por regiões

Patricia Mota Guedes comentou que, em algumas regiões, são percebidos esforços no sentido de reverter a cultura de reprovação, de repetência, mas ainda se tem isso no Brasil. “Já diminuiu muito; já foi muito maior. O que a gente precisa são indicadores que consigam monitorar a evolução desses padrões. Apesar das diferenças regionais, quando se olha ao longo do tempo, vê-se uma estagnação na proporção de estudantes que não conseguem ter uma trajetória regular.”

Ressaltou que é importante entender as diferenças regionais mas, também, entender que há uma estagnação, em parte porque não se teve experiências mais significativas de políticas e programas voltados para os anos finais do ensino fundamental, embora, agora, já se comece a ver, desde o ano passado para cá, mais discussão entre as redes municipais e redes estaduais, um maior interesse sobre o assunto da parte, inclusive, do governo federal, e algumas oportunidades, por exemplo, no campo da expansão da educação integral.

Patricia analisou que se o país está caminhando para um processo de ampliação da jornada escolar e se esse esforço for voltado para desenvolver escolas atraentes para os adolescentes e que apoiem os professores, os gestores escolares, sobre como trabalhar, esse é um ponto positivo. Defendeu que devem ser dadas condições para que professores e gestores possam desenvolver trabalhos efetivos que acolham esses estudantes, com currículos dinâmicos, diferentes articulações, inclusive fora da escola, espaços de interesse, de arte, de cultura, de esporte na cidade, de projetos que mobilizem o protagonismo dos adolescentes. “Esse aprendizado, o “mão na massa”, que é tão importante na fase de início da adolescência; assim, a gente vai conseguir avançar”. O segredo, segundo Patricia, é olhar para o problema, mas não para ficar paralisado; e, sim, entender que é preciso monitorar ao longo do tempo e começar a pensar em estratégias mais intencionais, para essa etapa do sexto ao nono ano, em que questões de repetência, exclusão e abandono se intensificam.

Dados

Os municípios do Norte, Nordeste e Sul retratam circunstâncias distintas em relação ao Sudeste. Na região Sudeste, os municípios paulistas apresentam uma média de estudantes com trajetórias regulares de 62%. Já em Minas Gerais, a média é 66% em relação ao número de estudantes com trajetórias regulares, superior à média do Brasil.

Na região Sul, o estado do Paraná possui as maiores proporções de trajetórias regulares, acima de 70%, e o Rio Grande do Sul, na extensão sulgrandense (também conhecida como Serras de Sudeste), evidencia média de 40% de trajetórias educacionais regulares.

Na região Centro-Oeste, observam-se áreas com médias mais altas de estudantes com trajetórias regulares, especialmente no Distrito Federal (57%) e no Mato Grosso (70%). Na região Nordeste, o Ceará se destaca como o estado com os melhores resultados na regularidade do percurso educacional, com 65% de média. Na região Norte, grande parte das cidades apresenta média de trajetória regular abaixo de 40% na jornada de nove anos. O Pará, por exemplo, tem 81% dos seus 144 municípios com um percentual abaixo de 40%.

Proposta

A proposta da Fundação Itaú com esse levantamento é que o indicador possa ser utilizado com frequência. Patricia destacou que a pesquisa se baseia no Censo Escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do governo federal. “A gente tem condições, enquanto país, de monitorar a evolução desses dados. E, também, porque ele traz um retrato que, muitas vezes, somente o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) não consegue dar. Esse índice traz desempenho de língua portuguesa e matemática e fluxo escolar de dois em dois anos. Mas é uma fotografia no final do ciclo e não acompanha a trajetória. Daí, muitos adolescentes ficam para trás e o desafio que eles vivem sequer é ilustrado na fotografia do Ideb. Eles não aparecem. O acompanhamento da trajetória é muito importante”, assegurou a superintendente do Itaú Social.

Na avaliação da Fundação Itaú, os dados levantados pelo “Indicador de Regularidade de Trajetórias Educacionais” podem ser utilizados para incentivar também o debate sobre o novo Plano Nacional de Educação do decênio 2024-2034.

Agência Brasil

Entrevista: avaliação de futuros professores será anual com prova prática e ‘exame mais extenso’, diz presidente do Inep

 

JC Notícias – 19/03/2024

Instituto aposta em novo modelo para impulsionar aprendizagem no País

Para impulsionar a aprendizagem no país, que ocupou as últimas posições do Pisa (a principal medição de aprendizagem do mundo), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) aposta em aprofundar a avaliação da formação inicial dos professores. Já a partir deste ano, todos os estudantes das 17 licenciaturas serão avaliado no ano de formatura, com uma prova teórica e outra prática, anuncia o presidente do Inep, Manuel Palacios, ao GLOBO.

A formação de professores é uma das grandes preocupações do Ministério da Educação e de especialistas na área por conta da enorme presença desses cursos na modalidade à distância. Em 2022, pelo menos seis em cada dez concluintes de licenciaturas foram formados em cursos de ensino à distância.

Veja o texto na íntegra: O Globo

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Progressão continuada prejudica a qualidade da educação no Brasil?

 

JC Notícia – 18/03/2024

Especialistas comentam resultados do sistema, considerado exitoso no combate à evasão escolar, mas criticado por muitos pais. Eles explicam também como funciona o método em outros países

As duas filhas do consultor Fábio Olmos, de 7 e 9 anos, estudam na escola municipal na Vila Matilde, na Zona Leste de São Paulo, que o pai considera de ótima qualidade: tem bons professores, bom diálogo com os pais, boa estrutura e é referência no bairro.

Sua filha mais nova, no entanto, ainda não adquiriu as habilidades de leitura e escrita esperadas para sua idade, e Olmos gostaria que ela repetisse o segundo ano do ensino fundamental por causa disso.

Mas, como a rede pública da cidade usa a chamada progressão continuada — em que os alunos recebem aulas de reforço mas não repetem o ano — não existe essa possibilidade.

Ao fim do primeiro ciclo, que termina na 3ª série, ela está fazendo aulas de reforço para conseguir acompanhar o ciclo seguinte. Fábio não gosta desse sistema.

Veja o texto na íntegra: BBC Brasil