A pós-verdade de avaliação censitária

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A pós-verdade da avaliação censitária

por Luiz Carlos de Freitas

Avaliações de larga escala, feitas para abranger municípios, estados ou mesmo uma nação podem ser feitas tanto de forma censitária, ou seja, envolvendo todas as escolas e estudantes, como de forma amostral, utilizando-se de procedimentos estatísticos fartamente conhecidos e utilizados em vários campos. Em princípio, avaliações de larga escala devem servir para avaliar políticas educacionais […]

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Luiz Carlos de Freitas | 10/05/2019 às 9:14 AM | Categorias: Assuntos gerais | URL: https://wp.me/p2YYSH-6Sy

 

Pisa, um ilustre desconhecido dentro da escola

JC Notícias – 21/05/2018

Pisa, um ilustre desconhecido dentro da escola

Estadão acompanha em São Paulo aplicação do maior exame mundial

Como a avaliação é desprezada e desvalorizada dentro da escola! A reportagem abaixo relata que, poucos dias antes, um grupo de estudantes de uma escola descobriu que havia sido selecionado para realizar a prova do Pisa, a maior avaliação de estudantes do mundo. Certamente não sabia o que é o Pisa, a quem é aplicado e para que serve. Se há dificuldades de entendimento da avaliação para as aprendizagens, outras a ela se associam quando nos referimos à avaliação em larga escala e à institucional.

“Em uma sala de 2º ano do fundamental, decorada com um alfabeto colorido, jovens de 15 anos se esforçam para representar bem o Brasil. Antes de começar, coincidentemente, cantaram o Hino Nacional no pátio da escola – um procedimento de toda quarta-feira. Ninguém usa lápis e papel. Nos notebooks, há questões de Português, Matemática e Ciência. Crianças pequenas passam pelo corredor e o som alto de vozes e risadas invade a classe. Uma delas até tenta abrir a porta e é repreendida pela professora. Três horas depois, o tempo acaba para o grupo de 19 alunos da zona leste da capital. Poucos dias antes, eles descobriram que haviam sido selecionados para realizar a prova do Pisa, a maior avaliação de estudantes do mundo”.

Veja o texto na íntegra: O Estado de S. Paulo

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EM DEFESA DE NOSSAS CRIANÇAS E JOVENS

Em defesa de nossas crianças e jovens

Aqui vai um modelo de lei que precisamos começar a discutir no Congresso, nas Assembleias Legislativas dos Estados e nos municípios  brasileiros. Trata-se de lei corrente nos Estados Unidos e que dá o direito aos pais ou tutor de uma criança ou jovem a solicitar a exclusão de seu filho dos sistemas de avaliação de larga escala. Vamos falar com Vereadores, Deputados e Congressistas que sejam simpáticos a esta causa.

Esta legislação deve conter no mínimo os seguintes elementos:

(1) Não obstante qualquer disposição em contrário, qualquer pai ou tutor de um aluno em qualquer escola pública ou escola terceirizada terá o direito de optar por retirá-lo da avaliação de larga escala (municipal, estadual ou nacional), seja ela uma avaliação de conhecimentos, competências ou socioemocional.

(2) O pai ou responsável deve notificar a escola do aluno por escrito pelo menos uma semana antes do exame agendado. As escolas estão obrigadas a obedecer a solicitação feita em tempo hábil e proporcionar atividades educativas alternativas para esta criança durante os testes.

(3) Não haverá repercussões acadêmicas ou disciplinares, verbais ou nos registros do aluno por ele ter optado por não participar na avaliação.

(4) Os órgãos responsáveis pelas avaliações deverão manter um banco de dados confidencial para registrar e acessar as solicitações de retirada de alunos da avaliação sob sua responsabilidade.

(5) Os órgãos responsáveis pelas avaliações devem informar o número de alunos que se retiraram das avaliações até o menor nível de desagregação dos dados disponível.

(6) As redes de ensino e as mantenedoras de terceirizadas estão obrigadas a notificar todos os pais e encarregados sobre o direito que eles têm de impedir seu filho de fazer testes de larga escala o mais tardar 15 dias antes do início da avaliação, através do seu site e por correspondência.

(7) As mesmas disposições são válidas quando se tratar de aplicação experimental de testes em elaboração, para sua validação.

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A AVALIAÇÃO E O USO DA AVALIAÇÃO

A avaliação e o uso da avaliação

Uma das discussões que ocorrem na área da avaliação de larga escala diz respeito ao desenho desta avaliação. Há países bem sucedidos no PISA que adotam avaliação em larga escala amostral e há outros que adotam avaliação de larga escala censitária (todas as escolas e alunos são avaliados).

Em geral adotam avaliação censitária países comprometidos com a teoria da responsabilização, ou seja, que querem identificar o aluno, o professor e a escola para poder estabelecer algum tipo de responsabilização (leia-se algum tipo de contingência) que leve, em sua visão, estes atores a melhorarem. Sua filosofia educacional baseia-se no entendimento de que a escola vai mal porque os professores e gestores não realizam seu trabalho adequadamente. Daí o controle.

Este é o problema: a teoria que informa a avaliação em larga escala. E não a existência da avaliação em larga escala, a qual se for feita de forma amostral cumpre sua função de orientar política pública tanto quanto a censitária.

Para quem quer uma alternativa, mesmo usando larga escala, aí há uma: avaliação de larga escala amostral. Neste tipo de avaliação o real objetivo dela fica preservado, ou seja, apoiar a política pública. Impedem-se no entanto pressões sobre a escola, o que não deve fazer parte do objetivo em si de uma avaliação, pois diz respeito aos usos dos resultados da avaliação.

Para nós, que não somos contra avaliação, esta é uma alternativa plausível. Receio no entanto que os reformadores empresariais não vão concordar com a proposta. O fato é que escondem seu objetivo de responsabilização e controle no discurso da avaliação.

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SOBRE A CARTA DA ANPED EM REPÚDIO À AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA DAS HABILIDADES NÃO COGNITIVAS DE CRIANÇAS E JOVENS

Sobre a Carta da ANPED em repúdio à avaliação em larga escala das habilidades não cognitivas de crianças e jovens no Brasil

Maria Susley Pereira

 

Ao ler a Carta da ANPEd, fiquei me perguntando: o que “de fato” nosso sistema educacional espera alcançar com a implementação de mais um exame padronizado e, especialmente, esse tipo de prova? Fiquei me questionando também: em que medida nosso sistema de ensino tem se esforçado para que a escola tenha condições de cumprir sua função?

Afinal, o que se espera é que a escola, sabedora de sua função social e de seu papel na formação dos alunos, não se limite aos conteúdos curriculares, bem como tenha consciência de que a aprendizagem desses conteúdos não se faz de forma isolada e é intimamente relacionada ao desenvolvimento das chamadas “habilidades não cognitivas”. Saber conviver, ser cooperativo, crítico, consciente, curioso, saber lidar com as emoções etc. são elementos naturalmente esperados do trabalho da escola. Continue lendo “SOBRE A CARTA DA ANPED EM REPÚDIO À AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA DAS HABILIDADES NÃO COGNITIVAS DE CRIANÇAS E JOVENS”