EUA: NO BERÇO DAS REFORMAS EMPRESARIAIS DA EDUCAÇÃO, SURGE UM CONTRAPONTO

EUA: no berço das reformas empresariais da educação, surge um contraponto
Nova agenda estadunidense sugere foco em políticas públicas de educação que solucionem a questão do acesso escolar com qualidade para todos, em oposição às políticas orientadas pelos resultados dos testes de alto impacto, promovidas e estimuladas pelos reformadores empresariais.

Brasil, 20 de junho de 2013.

Da Coordenação Geral.

A comunidade educacional estadunidense vive um momento de intenso debate sobre os rumos das políticas adotadas no país nos últimos trinta anos. Na última terça-feira, dia 11 de junho, um grupo de educadores, pais, ativistas, pesquisadores e representantes de governo lançaram uma Declaração que propõe um novo modelo de reforma educacional para seu país. Continue lendo “EUA: NO BERÇO DAS REFORMAS EMPRESARIAIS DA EDUCAÇÃO, SURGE UM CONTRAPONTO”

 

ENEM OBRIGATÓRIO: REFLEXÕES

Erisevelton Silva Lima – Prof. Erí
O Projeto de Lei Substitutivo 696/2011 foi aprovado no dia 18 de Junho de 2013 pela Comissão de Educação do Senado Federal. De autoria do senador Aníbal Diniz (PT-AC), o projeto pretende, dentre outras intenções, que o ENEM seja implantado de maneira progressiva e obrigatória em todas as escolas do País. Tal projeto, que poderá se tornar lei, traz a clara intenção de que o exame sirva para verificar a “qualidade” do ensino e a promoção de modificações curriculares a partir dos seus resultados. Cogita-se que o ENEM faça parte de um sistema nacional de avaliação do ensino médio e, neste caso, a obrigatoriedade seria uma forma de dificultar a escolha, pelas escolas, dos estudantes para realização da prova. Isso eliminaria a possibilidade de busca por “boas” colocações nos ranques por meio dos seus resultados (alega o autor do projeto). O texto voltará para apreciação pelo próprio Senado e, depois, seguirá para a Câmara, acredito que dificilmente sofrerá alguma modificação qualitativa. Continue lendo “ENEM OBRIGATÓRIO: REFLEXÕES”

 

PAI, MÃE, EU JÁ CURTI, VOCÊS NÃO? DESUSOS DA INTERNET!

Erisevelton Silva Lima – Prof. Eri (lima.eri@gmail.com)
Doutor em Educação pela Universidade de Brasília – UnB

As crianças e adolescentes brasileiros costumam ficar em média 18h horas on line, por semana. Inclui-se aqui o uso dos tablets e demais ferramentas que permitem acesso à internet. Considerando que a maioria das nossas escolas trabalha em média 4 horas por dia, diretamente com os estudantes, isso resulta em 20 horas semanais de contato dos alunos com docentes e demais profissionais da educação. Se considerarmos as quantidades acima, não é difícil inferir, praticamente 40 horas de cada semana foram utilizadas distantes dos pais, irmãos e demais membros do grupo familiar.
A questão não é proibir nem condenar, é dialogar e refletir conjuntamente. Segundo reportagem publicada na UOL de 10 de outubro de 2010, especificamente, no portal acrítica.com, casos cada vez mais recorrentes estão tomando as páginas dos jornais e os boletins policiais de inúmeras delegacias por todo país. Na referida reportagem, o assunto que tomou a cena foi o sexting (envio de sexo por meio de mensagens, imagens etc.). Embora o termo não possua uma tradução conclusiva para nossa língua, o assunto tem, na prática, causado transtornos para aqueles que são vitimados por ele. Nossas crianças e adolescentes seduzidos pelo desejo de aceitação e, também, pela busca incontida de sucesso e liderança entre seus pares, costumam praticar atos com o uso do próprio corpo e ou de colegas e, inadvertidamente, promovem uma exposição pública de suas próprias vidas. Seja por meio do facebook, skype, MSN, instagram ou mesmo pelo uso do celular, as consequências são, muitas vezes, graves. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, os atos infracionais cometidos por pessoas entre 12 e 18 anos podem ser punidos com medidas socioeducativas e os pais podem responder civilmente, pelos atos dos filhos. É isso que tem ocorrido com adolescentes e jovens que filmam e fotografam o próprio corpo, dos colegas e, também, cenas de sexo (individuais ou coletivas) para publicar, inadequadamente, em diversos locais da rede mundial de computadores. Na maioria das vezes, claro, sem que seus pais ou responsáveis saibam. Continue lendo “PAI, MÃE, EU JÁ CURTI, VOCÊS NÃO? DESUSOS DA INTERNET!”

 

CRIANÇA FARÁ PROVA DE ALFABETIZAÇÃO

JORNAL ESTADO DE SÃO PAULO
11/06/2013
CRIANÇA FARÁ PROVA DE ALFABETIZAÇÃO
Crianças do 3.º ano do ensino fundamental terão de fazer uma prova que vai avaliar a alfabetização em todo o País. O Ministério da Educação (MEC) formalizou ontem a criação da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), que deverá conferir, a partir deste ano, a qualidade e a eficiência do ciclo do 1.º ao 3.º ano do ensino fundamental das escolas públicas de forma censitária.

“Entendemos ser extremamente importante a avaliação porque vai permitir ao Brasil avançar na meta de alfabetizar todas as crianças até os 8 anos de idade. A avaliação será fundamental para que gestores possam colocar em prática as ações do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic)”, disse, em nota, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Luiz Cláudio Costa.
A prova estava prevista no Pnaic, publicado em julho, que já falava em uma “avaliação externa universal do nível de alfabetização ao final do 3.º ano do ensino fundamental”. Continue lendo “CRIANÇA FARÁ PROVA DE ALFABETIZAÇÃO”

 

“QUEM NÃO VENDER ESTÁ NA RUA. VOCÊS ESTÃO OUVINDO ISSO, SEUS BURROS?”

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

Um dos programas “Encontro com Fátima Bernardes” do mês de maio discutiu o tema bullying no ambiente de trabalho. Um rapaz que já atuou no setor de vendas de uma empresa estava presente e deu depoimento sobre o que ocorria em seu ambiente de trabalho. Afirmou que sempre que um vendedor iniciava o dia de trabalho e relatava nada ter vendido no dia anterior era obrigado a assinar o seguinte Termo de Incompetência: “Eu, fulano de tal, me sinto incompetente por não ter conseguido vender no dia ______.” O mesmo rapaz afirmou que os vendedores da empresa em que atuara ouviam com frequência dos seus chefes a seguinte ameaça: “Quem não vender está na rua. Vocês estão ouvindo isso, seus burros?”

Reflexões: estariam as práticas avaliativas escolares contribuindo para a criação de situações desse tipo? Seriam elas inspiradoras das relações estabelecidas nos ambientes de trabalho? É preciso considerar que o processo de avaliação desenvolvido pela escola (de educação básica e superior) envolve práticas formais e informais. Estas últimas ocorrem pela forte interação de professores e estudantes durante o trabalho escolar por meio de ações de caráter encorajador ou desencorajador. Vale a pena pensar sobre as possíveis consequências desses atos.

 

É NA ESCOLA QUE APRENDEMOS A AVALIAR E SER AVALIADOS

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

Lúcio completará 9 anos no final de julho. Está frequentando o 4º ano do ensino fundamental e demonstra já compreender o significado da avaliação. Não que alguém lhe tenha dito em que consiste esse processo. O que se vivencia na escola é uma grande aprendizagem desde os primeiros anos de escolarização.

Em um dia da semana passada Lúcio chegou em casa e contou à sua mãe que havia feito uma “avaliação” diferente: a professora pediu que fizesse uma prova “olhando o caderno”. Foram estas as palavras usadas por ele. Sua mãe se interessou pelo assunto e começou a fazer perguntas. Ela queria saber que prova era aquela. O menino repetiu que poderia ir fazendo a prova “olhando o caderno”. Era a famosa prova com consulta. Mas ele ainda não conhece essa nomenclatura. Parece-me que ele ficou impressionado com essa “avaliação”. O importante é que Lúcio disse à sua mãe que não olhou no caderno porque não achou “certo fazer isso”, já que era uma “avaliação”. E completou: não achei “justo”. Continue lendo “É NA ESCOLA QUE APRENDEMOS A AVALIAR E SER AVALIADOS”

 

AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL NA SEDF OU AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA/REUNIÃO COM A COMUNIDADE ESCOLAR

Erisevelton Silva Lima
Na semana em que as escolas da rede oficial de ensino do Distrito Federal se organizam para realizar a avaliação institucional, a Subsecretaria de Educação Básica – SUBEB, por meio da circular n. 104 de 2013, aponta e sugere diretrizes para esse dia temático. Desde o ano de 2008 foi incluído no calendário das escolas públicas dois dias, um por semestre, para que as instituições realizem sua autoavaliação juntamente com a comunidade escolar. Ao longo desses anos o nome dado ao evento sofreu modificações: em 2008 e 2009 era denominado de Dia da Avaliação Institucional; em 2010, com as mudanças ocorridas no comando da SEDF e do GDF, o termo foi modificado para Avaliação pedagógica/reunião com a comunidade escolar.
A Circular n. 104-2013 orienta as escolas para que discutam os cadernos temáticos do Currículo em Movimento, documento da rede em construção. As instituições podem, também, optar por debater as temáticas: Gestão Democrática, Projeto político-pedagógico da escola, Plano de Desenvolvimento da Escola Interativo e ou Avaliações de Rede (ENEM, PROVA BRASIL, PROVINHA BRASIL, PISA, etc.). Juntamente com tais orientações a SEDF encaminha formulário denominado Relatório de Avaliação, para que o coletivo escolar registre informações sobre as atividades desenvolvidas, como o tema escolhido, pontos relevantes e encaminhamentos apontados pelo grupo. O documento deve ser encaminhado ao poder central até dia 26 de junho de 2013. Ficam as indagações: o que será feito com as valiosas informações que certamente serão encaminhadas? Uma síntese será elaborada e enviada às escolas? O feedback é parte imprescindível da avaliação formativa. Continue lendo “AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL NA SEDF OU AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA/REUNIÃO COM A COMUNIDADE ESCOLAR”

 

O CARÔMETRO DA MERITOCRACIA E O PODER DA AVALIAÇÃO CLASSIFICATÓRIA

Erisevelton Silva Lima

Ao entrar em uma escola de ensino médio da rede privada de ensino do Distrito Federal, deparei-me com um mural intitulado “Alunos Destaques do 1º trimestre de 2013”. Considerando o quantitativo de alunos matriculados naquela instituição, calculei que cerca de 10% dos estudantes são, para ela, considerados dignos de “destaque”. Os critérios utilizados para a escolha ou o que fez aquele diminuto grupo ser considerado “melhor” que os demais estudantes não estavam explícitos no painel de louvores. Depreendi dali que a velha face da avaliação somativa que se transformou em classificatória para estimular a competição, tomando lugar da aprendizagem colaborativa. Também chamou-me a atenção o fato de um adolescente lamentar seu rosto não configurar entre os iluminados que dividiam aquele pódio – o painel era formado por fotografias grandes e com letras chamativas destacando-se o dizer: PARABÉNS!
Assim disse o jovem não classificado:
“_ Nunca que eu vou ver minha foto aqui, até parece… o professor fulano de tal me detesta.” Continue lendo “O CARÔMETRO DA MERITOCRACIA E O PODER DA AVALIAÇÃO CLASSIFICATÓRIA”