ENTREVISTA DE LUIZ CARLOS DE FREITAS SOBRE INDICADORES EDUCACIONAIS

Entrevista de Luiz Carlos de Freitas sobre indicadores educacionais

 

“Para que sejam úteis, indicadores têm que ser associados à política que mobilize escolas na utilização e análise dos dados”

Professor da Unicamp, Luiz Carlos de Freitas analisa portal do INEP e questiona política de cobranças sobre as escolas

“Para que sejam úteis, indicadores educacionais têm que ser associados a uma política que mobilize o interior da cada escola na utilização e análise dos dados, criando mecanismos de mediação nas próprias escolas. Ao invés disso, servem apenas como forma de pressão pública sobre a escola”, constatou o professor da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Luiz Carlos de Freitas.

Ao avaliar o novo portal do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que pretende explicitar às escolas alguns de seus índices e o contexto social em que estão inseridas, o professor avaliou que, apesar de o acesso a dados contextuais poder contribuir com a maior capacidade de análise do desempenho geral da escola, deve-se evitar uma avaliação que reúna informações que responsabilizem a unidade de educação por seus resultados. Continue lendo “ENTREVISTA DE LUIZ CARLOS DE FREITAS SOBRE INDICADORES EDUCACIONAIS”

 

GAMING DO GATO E RATO

Gaming do gato e rato

Publicado em 06/03/2015 por Luiz Carlos de Freitas no blog do Freitas

Rogério Cerqueira Leite escreve hoje (6-03-15) na Folha de São Paulo sobre “Lixo acadêmico, causas e prevenção”. Para ele, “critérios que levam em conta citações em artigos acadêmicos ensejaram artifícios para ludibriar sistemas de avaliação”.

Ele não é contra tais critérios, e credita os problemas a algumas causas que identifica como: “1. O pagamento de “pedágio” [que] se estabelece quando um pesquisador consegue, por mérito ou oportunismo, apoderar-se de um meio de produzir dados. Com o que afluem outros pesquisadores ao seu laboratório e, como pagamento, incluem em artigos o nome do “dono da bola”; 2. “O compadrio” (…) ou seja, “o acordo de cavalheiros entre membros de grupos para compartilhar autorias. O número de publicações e de citações é assim multiplicado”; e 3. O “franciscanismo” (dar para receber), intra ou inter, dependendo se a burla ocorre entre membros de uma ou de mais instituições.” Continue lendo “GAMING DO GATO E RATO”

 

HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS EM QUESTÃO

RJ: habilidades socioemocionais em questão

Carlos Eduardo Rodrigues defendeu sua dissertação de mestrado com o título: AS HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS COMO A NOVA FÊNIX DAS AVALIAÇÕES EM LARGA ESCALA? no Centro de Ciências Humanas e Sociais da UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UNIRIO, sob orientação de Claudia Fernandes.  Abaixo segue o resumo do trabalho.

 “Estamos vivenciando um período marcado por novas narrativas sobre o que conta como “boa” educação (BALL e MAINARDES, 2011). Nesse contexto, sob a insígnia da “renovação”, as habilidades socioemocionais ou não-cognitivas – aquelas que designam os comportamentos, as atitudes e as características de personalidade que não estariam diretamente ligadas ao domínio das disciplinas escolares – têm sido defendidas como a solução para trazer à educação o que lhe estaria faltando. A importância que se tem atribuído às habilidades socioemocionais pode ser evidenciada através da recente iniciativa da OCDE de encomendar ao Instituto Ayrton Senna (IAS) a confecção de um instrumento de avaliação em larga escala que fosse capaz de aferir essas habilidades. A avaliação desenvolvida, aplicada a estudantes da rede pública do Rio de Janeiro, pretendeu medir conscienciosidade, amabilidade, estabilidade emocional, abertura a novas experiências e extroversão. Movidos por uma profunda desconfiança de que fosse possível mensurar aspectos tão complexos por meio de uma avaliação em larga escala, propusemo-nos a investigar por que, por meio de que atores e com base em que argumentos tem se pretendido institucionalizar no Brasil a avaliação em larga escala das habilidades socioemocionais dos alunos. Tratar do tema avaliação em larga escala obrigou-nos a reconhecer que estávamos diante de um fenômeno complexo, marcado por ambiguidades, contradições e disputas ideológicas. Adotamos, pois, como arcabouço teórico-metodológico a Análise do Discurso de linha francesa e, mais especificamente, a proposta de Charaudeau (2014), pois que esta enfatiza o caráter intersubjetivo da linguagem, reconhecendo-a como o espaço do debate e do embate. A análise de nosso corpus, composto basicamente por relatórios e pela transcrição de dois vídeos, permitiu-nos afirmar que a OCDE, o principal desses atores, tem orientado sua atuação através dos três mecanismos de governança apontados por Jakobi e Martens (2010): a produção de ideias, a avaliação de políticas e a geração de dados; e por meio de pelo menos dois dos modos de governança concebidos Woodward (2009), quais sejam o cognitivo – que passa pela circulação de ideias – e o normativo – observável a partir do compartilhamento de um conjunto de valores. Para legitimar seus anseios em relação ao desenvolvimento tanto das habilidades socioemocionais nos jovens quanto de um instrumento para aferi-las, a OCDE convocou o Professor James Heckman – o qual manteve certa independência de posição – e alguns outros atores que se apresentaram apenas como reprodutores da visão da OCDE, dentre os quais mencionamos o IAS, os ministros da educação de diversos países e, em especial, o MEC do Brasil. Esse projeto de governança educacional global tem se assentado nas expectativas do que o mercado de trabalho vem definindo como perfil desejado para os indivíduos que emprega e no anseio de instituir formas de controle para assegurar que tais expectativas sejam atendidas. Nesse contexto comprometido com os interesses do mercado de trabalho, os quais não se confundem com os propósitos democráticos da educação, o suposto “renascimento” que as habilidades socioemocionais poderiam representar não contemplam uma verdadeira renovação, mas antes representam permanência, manutenção.”

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JOVENS FORA DA ESCOLA NO BRASIL

11/03/2015 13h09 – Atualizado em 11/03/2015 16h50

Cerca de 1,7 milhão de jovens estão fora da escola no Brasil, diz Unicef

Unicef divulgou os principais desafios do ensino médio no país. Violência, gravidez e trabalho precoce são os principais problemas.

Tábata Poline Do G1 MG

Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (11) em Belo Horizonte aponta os principais desafios para a educação do ensino médio no Brasil, onde cerca de 1,7 milhão de adolescentes de 15 a 17 anos ainda está fora da escola. A publicação foi elaborada pelo Observatório da Juventude da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

De acordo com o estudo, os principais fatores apontados pelos jovens para justificar o abandono dos estudos são violência familiar e no entorno da escola, gravidez precoce e trabalho. Fatores como organização e infraestrutura da escola, falta de diálogo entre alunos e professores e desmotivação dos educadores também foram apontados. Continue lendo “JOVENS FORA DA ESCOLA NO BRASIL”

 

ARQUITETURA DO SABER

Arquitetura do saber

Exposição e livro mostram os antigos grupos escolares como a materialização de um projeto republicano de educação

CARLOS FIORAVANTI | ED. 228 | FEVEREIRO 2015

Escolas Reunidas de Dois Córregos, em Piracicaba, 1924

Escolas Reunidas de Dois Córregos, em Piracicaba, 1924

Criados no início da República, os antigos grupos escolares ocupavam casarões ou prédios monumentais, muitas vezes cercados por jardins amplos, com salas de aulas grandes, janelas altas e largas, pátios imensos. Correspondentes ao antigo primário e às atuais cinco primeiras séries do ensino fundamental, eram o símbolo da escola pública de qualidade. Sua arquitetura e modo de funcionamento expressavam os ideais dos homens que haviam derrubado a monarquia e queriam um país moderno. “Os grupos eram a materialização do projeto republicano de educação”, sintetizou Maria Aparecida de Menezes Borrego, historiadora do Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP). Eram tão importantes que, diz ela, “no departamento de obras do estado havia uma área especializada na construção de escolas, dirigida por Ramos de Azevedo e outros grandes nomes da arquitetura da época”. Continue lendo “ARQUITETURA DO SABER”

 

DIANE RAVITCH COMEMORA 18 MILHOES DE ACESSOS

Diane Ravitch comemora 18 milhões de acessos

No dia 6 de março o blog de Diane Ravitch atingiu 18 milhões de acessos. Mostra a importância do trabalho que tem realizado esta incansável batalhadora da escola pública. Eis alguns trechos de seu post comentando este momento:

“Meu objetivo desde que o blog começou foi que os outros soubessem que o que estava acontecendo em seu estado e no seu distrito não era um fenômeno isolado. Eu queria que você soubesse que, se você não gosta do status quo na educação de hoje, você não está sozinho. Se você não gosta dos ataques aos professores, você não está sozinho. Se você está alarmado com a forma como os testes se tornaram o principal foco da escolarização, você não está sozinho.”

“O movimento para transformar a educação pública em gestão privada e empresarial é nacional e não local. O movimento para retirar direitos coletivos de trabalho dos professores é nacional e não local. A indiferença à segregação e pobreza é nacional e não local. Eu queria ajudar a construir um movimento contra a privatização e os testes de alto impacto, fornecendo as informações que as pessoas precisam.”

“Tudo o que os “reformadores” impuseram falhou. Pagamento por mérito falhou. As escolas charters não são melhores e são, às vezes, muito pior do que as escolas públicas, especialmente quando elas são conduzidas por não-educadores ou por pessoas que procuram ter lucro. Os vouchers falharam. Os habituais esquemas de responsabilização punitivos de classificação A-F ou ranqueamento de professores são uma farsa. A privatização por decisão da maioria simples de pais falhou. O esforço para medir a qualidade dos professores pelos resultados dos exames dos alunos falhou.”

“Apesar de todo o dinheiro dos bilionários e os gestores de fundos de hedge de Wall Street, apesar de seu controle do Departamento de Educação dos Estados Unidos, seu plano para privatizar a educação pública é um fracasso. Eles podem fazer isso acontecer aqui e ali, mas eles não podem produzir qualquer melhoria real que beneficie todas as crianças. Eles não podem produzir igualdade de oportunidades educacionais. Eles produzem mais testes, mas eles não podem produzir uma melhor educação.”

“Toda nação de alto desempenho na educação tem uma forte rede pública de ensino, com forte apoio da comunidade e financiamento equitativo. Eles não dependem de mercados competitivos para oferecer educação; mercados competitivos exacerbam a segregação e a desigualdade. Uma melhor educação para todos significa de fato uma melhor educação para todos. Isso significa igualdade de oportunidades educacionais. Isso significa estudantes bem-educados e professores bem preparados. Isso significa uma profissão docente respeitada. Significa pais e comunidade apoiando a missão das escolas.”

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