REPENSANDO A AUTOAVALIAÇÃO

Repensando a autoavaliação

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

 

Tive a oportunidade de examinar há alguns dias uma prova de uma disciplina do ensino médio que me fez refletir sobre a urgência de as escolas organizarem momentos com seus docentes para estudo e reorganização do processo avaliativo, incluída a discussão sobre procedimentos de avaliação. É uma prova composta de dois itens objetivos, com conteúdos não relacionados, e o terceiro e último que solicita: “Faça uma alta-avaliação sobre o seu desempenho nesse bimestre. Dê uma nota de 0 a 10. Justifique sua resposta”. Note-se que ele faz parte da prova. Sobre este item é que vamos nos debruçar.

Em primeiro lugar, fiquei que me indagando: “alta-avaliação” terá sido erro de digitação? A prova terá sido digitada por outra pessoa e não pelo/a professor/a? Se tiver ocorrido erro de digitação, não caberia ao professor/a revê-la antes da sua aplicação? Se o engano for mesmo a escrita da palavra, a situação é bem séria. Mas, sério mesmo é o fato de se exigir do estudante que faça sua autoavaliação como último item da prova e se atribua uma nota. Este é o segundo aspecto a ser considerado. Para isso, lanço mão do livro Virando a escola do avesso por meio da avaliação, de minha autoria, publicado pela editora Papirus em 2008, no qual dedico quatro capítulos à autoavaliação, tamanha é a sua importância para o desenvolvimento da avaliação formativa. Transcrevo o trecho abaixo: Continue lendo “REPENSANDO A AUTOAVALIAÇÃO”

 

O mundo empresarial se movimenta para “facilitar” a implementação da Base Nacional Comum Curricular

O mundo empresarial se movimenta para “facilitar” a implementação da Base Nacional Comum Curricular

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

 

Antes mesmo de os sistemas de ensino se organizarem para discutir a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o mundo empresarial já constituiu parcerias para atividades lucrativas. A terceira versão da Base foi divulgada em abril de 2017 e deve se tornar obrigatória até o final deste mesmo ano. A fase de implementação tem início após a homologação do documento pelo MEC, o que deve ocorrer no segundo semestre deste ano para a Educação Infantil e Ensino Fundamental. Para o Ensino Médio será em 2018. A implementação envolve várias ações pelos estados e municípios, com apoio do Mec.

No dia 17 de maio deste ano, a Fundação Lemann e a Omidyar inauguraram parceria para fomentar “o trabalho de empreendedores – especialmente brasileiros – comprometidos com educação e dispostos a desenvolver soluções tecnológicas que facilitem a implementação da Base Nacional Comum Curricular” (www.fundacaolemann.org.br/omidyar-network/?). A expressão “especialmente brasileiros” indica que haverá outros, de outras nacionalidades.

A divulgação da notícia pelas duas empresas declara que, “para a Base ser efetiva e ajudar com avanços reais na aprendizagem, sua implementação demanda muito trabalho de professores, gestores, secretarias de educação, municípios e estados”. Por esse motivo, o diretor executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne, profetiza que os educadores, gestores escolares, pais e responsáveis enfrentarão desafios para trazê-la para dentro da escola e que o investimento que sua empresa pretende fazer em tecnologias poderá ajudá-los a garantir o acesso a uma educação de qualidade para todos. Será que essa qualidade tão almejada precisa ser gestada fora da escola e por empresários? O que ele quer dizer com “trazer a Base para dentro da escola?” É tarefa deles? Qual o lugar dos educadores profissionais nesse processo? Subestima-se o papel desses educadores nesse processo. Continue lendo “O mundo empresarial se movimenta para “facilitar” a implementação da Base Nacional Comum Curricular”

 

SAEB 2017

O Jornal da Ciência, de 26 de maio de 2017, informa que a Portaria que estabelece as diretrizes para o planejamento e operacionalização do Sistema Avaliação Educação Básica (Saeb) 2017 foi publicada dia 25 de maio, 25, no Diário Oficial da União

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) publicou no Diário Oficial da União desta quinta-feira, 25 de maio, a Portaria que estabelece as diretrizes para o planejamento e operacionalização do Sistema Avaliação Educação Básica (Saeb) 2017. Entre as principais novidades estão a ampliação do conjunto de alunos, turmas e escolas avaliadas e a possibilidade de adesão de escolas privadas.

O Saeb, por meio da coleta de dados nos sistemas de ensino e escolas brasileiras, avalia a qualidade da educação nacional, oferecendo subsídios para a formulação, reformulação e monitoramento das políticas educacionais. Nesta edição, a população-alvo (conjunto de alunos, turmas e escolas que se pretende avaliar) é ampliada, passando a ser composta por: Continue lendo “SAEB 2017”

 

SEMANA DE PROVAS: ESTRATÉGIA DE AVALIAÇÃO OU ARRANJO ADMINISTRATIVO PARA A ESCOLA?

SEMANA DE PROVAS: ESTRATÉGIA DE AVALIAÇÃO OU ARRANJO ADMINISTRATIVO PARA A ESCOLA?

(Por: Erisevelton Silva Lima – Professor da SEEDF, Doutor em Educação pela Universidade de Brasília – UnB)

 

A forma como a escola se organiza revela como prioriza seus temas e preocupações no cotidiano da unidade de ensino. Além das tradicionais divisões em bimestres, trimestres ou semestres, outras atividades, outros tempos e seus executores demonstram as intencionalidades e as finalidades a que se destina essa organização. Thurler (2001) denomina-os de ritos laicos do núcleo duro da instituição e, quase sempre, fazem parte da cultura da escola sobre os quais a mudança nem sempre é bem-vinda. Nessa linha de raciocínio, a avaliação e todos os processos e procedimentos que a envolvem materializam essas práticas “naturalizadas” e de difícil interferência e/ou modificações. Partindo desse pressuposto, a questão que orienta este texto procura saber: a semana de provas, utilizada por ampla maioria das escolas, está a serviço das aprendizagens dos estudantes ou da praticidade gerencial das organizações quanto ao fechamento dos seus resultados e términos de períodos? Continue lendo “SEMANA DE PROVAS: ESTRATÉGIA DE AVALIAÇÃO OU ARRANJO ADMINISTRATIVO PARA A ESCOLA?”

 

INDICADORES E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO NA PERSPECTIVA DA AVALIAÇÃO FORMATIVA

INDICADORES E CRITÉRIOS NA PERSPECTIVA DA AVALIAÇÃO FORMATIVA

Por: Erisevelton S Lima – Doutor em Educação pela UnB, membro do GEPA e Formador da EAPE na SEDF

O debate sobre a avaliação com profissionais da educação e de outras áreas parece recair, quase sempre, na angústia do “como” avaliar sobrepondo-se ao “por que e ao para que” avaliar. Não é possível fugirmos desse entrave ou insistirmos, sem êxito, nessa questão. Na lógica de procurar alguma resposta aos tais anseios, apresento algumas ideias e reflexões que sugerem orientar, de alguma forma, elementos práticos reivindicados nessas discussões, qual seja: como trabalhar com indicadores e critérios para a avaliação na perspectiva formativa? Não obstante, lembro que a avaliação continua sendo um campo complexo e repleto de contradições (Freitas et al, 2009). Não bastam, apenas, técnicas e tentativas de padronização para, de fato, realizar procedimentos éticos e formativos da avaliação. O tema é polêmico e controverso, mas precisa ser enfrentado. Continue lendo “INDICADORES E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO NA PERSPECTIVA DA AVALIAÇÃO FORMATIVA”

 

A HORA E A VEZ DE PROJETOS INTERVENTIVOS

A hora e a vez de projetos interventivos

Profa. Dra. Maria Susley Pereira[1]

O processo de elaboração da Base Nacional Comum Curricular – BNCC pelo Ministério da Educação sugere, em linhas gerais, uma preocupação com ações que visam fortalecer a educação no Brasil, sendo este aspecto fundamental para o avanço de qualquer nação.

Sem adentrarmos os pontos que vêm produzindo diferentes posicionamentos críticos acerca de sua proposição, a BNCC enseja ser vista como um documento de referência que favoreça nortear os currículos, definindo os objetivos de aprendizagens e a contextualização dos conhecimentos a serem trabalhados pelas escolas, a partir de seus projetos político-pedagógicos, em cada rede de ensino, tendo em vista a promoção da equidade e um ensino de qualidade para todas as escolas de educação básica do país.

Nesta linha, o próprio documento aponta que a BNCC “supõe a igualdade de oportunidades para ingressar, permanecer e aprender na escola, por meio do estabelecimento de um patamar de aprendizagem e desenvolvimento a que todos têm direito” (BRASIL, 2017, 11). Continue lendo “A HORA E A VEZ DE PROJETOS INTERVENTIVOS”