Por que a avaliação por professores deveria substituir permanentemente os exames em larga escala ao final do ensino médio, no Reino Unido?
Benigna Maria de Freitas Villas Boas
Os GCSEs são exames a que se submetem os estudantes do Reino Unido ao final do ensino médio, pelos quais obtêm o certificado para a entrada na universidade. O jornal Tes, de 28/03/2020, anuncia que os exames a que se submeteriam os estudantes neste ano de 2020 foram cancelados, em função do Coronavírus. Somente neste ano serão substituídos pelos testes aplicados pelos professores.
Toda a argumentação do texto defende o abandono de exames em larga escala, substituindo-os pela avaliação realizada constantemente pelo professor. Vejamos.
É uma mudança dramática, entende o jornal: de testes padronizados, com itens objetivos, à avaliação mais subjetiva desenvolvida pelo professor em sala de aula. Essa alteração poderá incomodar estudantes e seus pais.
A avaliação pelo professor durante a educação compulsória é tão confiável e estável quanto as notas obtidas por exames padronizados. Podemos e devemos confiar nos resultados da avaliação do professor como indicadores do rendimento dos estudantes, afirma o jornal.
A maior preocupação de estudantes e pais recai sobre o fato de essa avaliação ser subjetiva. Receiam que preconceitos e estereótipos por parte dos mestres possam não refletir devidamente as habilidades dos estudantes.
O jornal argumenta que o professor avalia as aprendizagens o tempo todo e não somente durante poucas, críticas e estressantes horas de duração dos testes em larga escala. Além disso, o acompanhamento permanente da atuação dos estudantes é essencial para um ensino efetivo.
Os resultados do desempenho dos estudantes, obtidos pelos professores, baseiam-se em avaliação em sala de aula, o que promove a consolidação das aprendizagens, especialmente quando acontecem regular e frequentemente, diferentemente de um único exame de alto impacto, em um dado momento.
Exames de alto impacto, considera o jornal, podem induzir o professor a direcionar seus esforços para o exame em si, desviando sua atenção da conquista das aprendizagens.
Por último, o jornal aponta as consequências financeiras, psicológicas e pedagógicas desses exames.
Financeiramente, o custo é muito alto. E isso não inclui as despesas adicionais dos pais com tutores para seus filhos.
Psicologicamente, o exame afeta estudantes, pais e professores. Os primeiros têm sua futura vida educacional afetada em poucos dias de testes. Cabe aos pais lidar com as suas consequências. Professores ficam sob enorme pressão para preparar os estudantes para o sucesso.
Do ponto de vista pedagógico, os exames tornam a educação menos voltada para o currículo e mais interessada em como se sair bem nos testes.
Os autores do texto basearam-se em uma pesquisa por eles realizada com mais de 10 mil estudantes no Reino Unido e chegaram à conclusão de que a substituição de exames de alto impacto pela avaliação conduzida pelos professores pode ser uma boa coisa, não apenas durante a crise do Coronavírus, mas permanentemente.
Assim eles concluem o texto: “conclamamos você a confiar nos professores nesses tempos difíceis. Deveríamos fazer o possível para levar a alegria de volta à sala de aula ou, como está acontecendo agora, à sala virtual. Devemos confiar em nossos professores para que ensinem o currículo e avaliem o progresso e as habilidades dos estudantes. O bem-estar dos estudantes, dos seus pais e dos seus professores se beneficiaria disso.
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