RONDÔNIA: ENSINO MÉDIO “ON LINE”

Iniciativa preocupante. O ensino médio requer ações que o fortaleçam e levem em conta as necessidades de estudantes e professores

 

Rondônia: ensino médio “on line”

Publicado em 24/01/2016 por Luiz Carlos de Freitas

Em 2013, Deputada do PT propôs projeto para implantar ensino médio com mediação tecnológica em Rondônia. Neste ano de 2016, o programa terá início. A proposta é chamada de “ensino médio presencial com mediação tecnológica”, ou seja, os alunos têm que se dirigir até uma determinada sala de aula onde assistem às transmissões. Assistidas as aulas, eles podem fazer perguntas. Cada aluno tem direito a fazer três perguntas que serão encaminhadas à Secretaria de Educação para serem respondidas. Em 2013, quando era também Ministro da Educação, Mercadante andou por lá apoiando a iniciativa.

Ao invés de investir pesado na interiorização da formação e contratação de professores e na construção de escolas, o governo preferiu um caminho mais fácil: levantar antenas e infraestrutura de internet para veicular aulas on line em salas destinadas às populações mais distantes. Nada contra o avanço das comunicações, mas não para substituir escolas e professores.

Os movimentos sociais já estão protestando desde que o projeto foi anunciado em 2013.

“Segundo Renata Silva, a educação do campo em Rondônia passa por diversos desafios tendo em vista que as escolas multi-seriadas e escolas pólos, criadas nos anos 90, estão sendo fechadas e os alunos precisam ser deslocados para as cidades mais próximas, percorrendo longos trechos em ônibus que muitas vezes não oferecem as mínimas condições de segurança e fazem com que crianças e jovens fiquem expostos na beira das estradas. “Precisamos de uma escola que resgate a auto-estima camponesa seus valores e saberes. Só assim conseguiremos manter as famílias produzindo no campo e garantindo a soberania alimentar do país”, ressaltou Matilde Oliveira Araújo, da equipe regional de coordenação do MST.”

Segundo o governo:

“Em 2016, primeiro ano de execução do projeto, mais de quatro mil alunos serão atendidos em 176 salas de aulas, cada uma com 25 alunos. “As aulas serão transmitidas via satélite. Em cada sala de aula haverá um professor, de acordo com a aula que está sendo transmitida. No estúdio do Instituto Federal de Rondônia – IFRO -, o professor ministrante, ao lado de um professor auxiliar, vai ministrar a aula. Serão, diariamente, 5h de aula, sendo 1h destinada aos cursos técnicos”, ressaltou Giovanna, informando que a Seduc vai investir R$ 26 milhões no primeiro ano de execução do projeto, dos quais R$ 20 milhões destinados ao custeamento de locação de estúdios, equipamentos e sinal de satélite, através de contrato firmado com o Ifro. Os outros R$ 6 milhões serão usados para a compra de televisores, antenas e computadores para utilização nas salas de aulas destinadas ao projeto.”

As indústrias agradecem. As repercussões destas ações serão sentidas nos próximos anos com a atrofia do desenvolvimento local dos sistemas de ensino, evasão de alunos, má formação de professores e má qualidade de ensino. Novamente, pretende-se melhorar a qualidade da educação através de atalhos. Mas não há atalhos para a boa educação.

O efeito também será sentido na eliminação de experiências locais de formação, especialmente com populações minoritárias, que tenderão a ser abortadas e substituídas por transmissões on line padronizadas e que desrespeitam as especificidades locais destas populações, sua cultura e forma de vida.

 

 

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