USP QUER PREPARAR PÓS-GRADUANDOS PARA A DOCÊNCIA

USP quer preparar pós-graduandos para a docência

Jornal da Ciência – 28/06/2017

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

A iniciativa da USP é positiva por ser uma oportunidade de formação dos professores universitários, praticamente inexistente. Além disso, amplia as possibilidades de formação dos docentes da educação básica, tão necessitada de ter suas práticas repensadas e devidamente fundamentadas.  Os cursos de pós-graduação em Educação constituem o espaço privilegiado para atividades desse tipo. No momento em que o Brasil está prestes a implantar a Base Nacional Comum Curricular as universidades têm o dever de dar sua contribuição.

Passo a transcrever a reportagem do Jornal da Ciência de 28/06/2017.

 

“Falta de discussão e de valorização da carreira docente dificulta a formação de professores universitários

A vocação docente está prevista como fim da pós-graduação desde o seu primeiro plano nacional, publicado em 1965. Mas, desde então, novas possibilidades de carreiras surgiram e tomaram o espaço da prática docente no mestrado e doutorado. É o que observa Carlos Gilberto Carlotti Jr., pró-reitor de Pós-Graduação da USP.

“Por isso, erroneamente questionam se o pós-graduando deve ter habilidades pedagógicas”, diz Carlotti. “Independentemente do seu ramo de atividade, o estudante deve ter uma formação didático-pedagógica, porque assim ele desenvolverá uma série de habilidades de raciocínio, contextualização e de apresentação de ideias.”

Para preencher a lacuna no ensino da docência aos mestrandos e doutorandos, a Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PRPG) da USP criou, no ano passado, um grupo de estudos para formular práticas de formação didático-pedagógicas aos alunos da pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado).

“Nosso plano é oferecer atividades que transformem o ensino da docência em uma pauta permanente na pós-graduação”, diz Luiz Felipe Pinho Moreira, coordenador do grupo de estudos e professor da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).

Em 19 de junho, a PRPG realizou sua primeira ação para implementar esse ensino. O seminário Formação Didático Pedagógica na Pós-Graduação contou com a participação da professora da Faculdade de Educação (FE) da USP e ex-pró-reitora de Graduação, Selma Garrido Pimenta, e com o administrador Bruno Martins, que discutiu as novas tendências do mercado de trabalho.

Estão previstos para o segundo semestre a realização de novos seminários e o lançamento de um curso on-line que abordará tópicos como a docência no ensino superior, a prática docente e os processos de ensino-aprendizagem, o planejamento da prática pedagógica — o professor como mediador e organizador do ambiente de aprendizagem —, e avaliação da aprendizagem e da prática pedagógica. Outro curso, Introdução à Pós-Graduação na Universidade de São Paulo, já está disponível no site da PRPG.

Docência e pós-graduação

Para a professora Selma Garrido, o domínio da área de conhecimento e das habilidades de docência são igualmente importantes para a formação de pós-graduandos. “É isso que deveria estar sendo exigido dos professores quando ingressam nas universidades, mas não existe um curso para prepará-los.”

“Quando as pessoas chegam na graduação, há uma tendência de pensar que o estudante já está pronto, porque ele passou pelo funil do vestibular. Por isso, a universidade só deveria pensar em pesquisa, e não no ensino. Isto é um ledo engano”, analisa Selma. Segundo a pedagoga, a graduação ainda é uma etapa da escolarização do estudante e tem a missão de formar pessoal, humana e profissionalmente.

“O ensinar não se reduz a um conjunto de técnicas”, diz Selma. Ele está conectado à capacidade de elaborar soluções, de fazer interpretações interdisciplinares, analisar o contexto das situações e não apenas ter uma visão específica da área.

De acordo com o Plano Nacional de Pós-Graduação vigente, formar 19 mil doutores anualmente e dobrar a proporção deles para cada mil habitantes até 2020 são algumas metas propostas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Na perspectiva de Selma, a formação crítica e reflexiva, em detrimento da tecnicista, é a mais desejável para a pós-graduação, visto que “os profissionais que saem das universidades têm um compromisso com a sociedade”, afirma”.

Jornal da USP

 

 

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