Sentido da avaliação na escola em ciclos/blocos

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

A Secretaria de Estado de Educação do DF – SEDF – está se organizando para criar blocos que deem continuidade ao trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Bloco Inicial de Alfabetização – BIA – desde 2005. Este é o momento de a SEDF assumir a atitude corajosa e necessária de implantar  mecanismos para a abolição gradativa da reprovação de estudantes. Minha sugestão é que os estudantes se movimentem dentro de cada bloco segundo o desenvolvimento das suas aprendizagens. Isso significa que não ficarão presos a turmas ou anos de escolaridade. Poderão se movimentar de uma turma a outra e de um ano a outro durante o ano letivo, conforme indique o processo avaliativo que os acompanhará. Este é o processo de progressão continuada, que terá seus mecanismos definidos pela SEDF. Os reagrupamentos dos estudantes e o trabalho com projetos interventivos, já realizados pelo BIA, darão suporte a essa organização.

Um dos maiores problemas da educação brasileira tem sido a reprovação dos estudantes, até agora entendida como necessária para que o trabalho pedagógico seja considerado sério e para “obrigá-los” a estudar. Este é um dos mitos a serem derrubados. Com o propósito de gradativamente eliminar esse dispositivo, que tem assumido caráter punitivo e seletivo, a passagem do estudante de um bloco ou de um ciclo a outro também é feita por meio da progressão continuada, evitando-se, ao máximo, a adoção do mecanismo da reprovação. Esta é admitida em situações cuja necessidade seja comprovada pela escola.

Por progressão continuada entende-se “a maneira de organizar e conduzir a escola de modo que cada estudante desenvolva em seu trabalho escolar o que lhe é adequado. Essa organização baseia-se na ideia de que sua aprendizagem é contínua; que ele não deve repetir o que já sabe; e não deve prosseguir os estudos tendo lacunas em suas aprendizagens” (VILLAS BOAS, PEREIRA E OLIVEIRA, 2012, p. 9). Segundo as mesmas autoras, a progressão continuada se associa ao regime escolar não-seriado e visa a “dar formato próprio à educação de cada estudante, oferecendo-lhe as melhores condições no momento exato das suas necessidades”.

Villas Boas, Pereira e Oliveira ressaltam que, “como componente importante da escola não-seriada, a progressão continuada não espera o final do ano letivo para acontecer. Como o nome indica, ocorre a qualquer tempo, permitindo o avanço do estudante sempre que forem evidenciadas suas aprendizagens. Cabe à escola organizar-se para que os agrupamentos e reagrupamentos dos estudantes sejam constantes, em atendimento às suas necessidades. Isso requer outro formato de escola, diferente do que tivemos até agora”.

Referência

VILLAS BOAS, Benigna M. de F.; PEREIRA, Maria Susley; OLIVEIRA, Rose Meire da S. e. Progressão continuada: equívocos e possibilidades. Texto a ser publicado, 2012.

 

 

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