Cidadania e participação infantil na escola de anos iniciais: relato de experiência

Erisevelton Silva Lima – Diretor da Escola Classe 29 de Taguatinga-DF, pedagogo, professor da rede pública de ensino do Distrito Federal, doutor em educação pela Universidade de Brasília- UnB

          As ações voltadas para a formação para cidadania no interior da escola podem fluir de vários espaços, ou externos à sala de aula. Nossa escola é pública, vinculada ao Governo do Distrito Federal, localizada na área urbana da região administrativa de Taguatinga-DF, conta com cerca de 370 estudantes matriculados, pertencentes à faixa etária entre seis e doze anos. São 16 (dezesseis) turmas distribuídas, igualmente, nos dois turnos (matutino e vespertino). As crianças estão matriculadas em dois blocos: o primeiro diz respeito aos três primeiros anos do ensino fundamental, com possibilidade de retenção no terceiro ano; as demais, no segundo bloco, que corresponde ao 4º e 5º anos do ensino fundamental, com possibilidade de retenção no último ano. Trabalhamos com a organização escolar denominada ciclos para a aprendizagem. Não utilizamos sistema de notação e a  avaliação é pautadas pela função formativa. O desempenho dos estudantes é comunicado às famílias por meio de relatórios bimestrais, com ênfase nos aspectos qualitativos das aprendizagens evidenciadas.

            Conforme consta no Projeto político-pedagógico da escola, os temas da cidadania e do protagonismo estudantil tomam forma nas ações docentes, no serviço de orientação educacional e, também, na direção da escola.

Pelo terceiro ano consecutivo, após a realização da festa julina da escola, convidamos todas as crianças para o pátio a fim de realizarmos a assembleia definidora da aplicação da verba arrecadada pela referida ação com a comunidade escolar. Constituem passos da ação:

  1. Convite para sensibilização no pátio da escola, com a presença de todos os docentes e discentes.
  2. Explicamos a importância dos recursos, da boa aplicação do dinheiro público e do papel de todo cidadão e cidadã em participar e fiscalizar os recursos.
  3. Realizamos uma comparação entre o papel deles e dos pais, mães e familiares quanto à posição que ocupam na sociedade, em razão dos impostos que pagamos.
  4. Cada turma elege um menino ou menina como representante responsável pela realização da assembleia na sua sala de aula,  orientada e apoiada pelos(as) docentes.
  5. A turma define quais melhorias, aquisições de brinquedos, reformas e ou necessidades são prioritárias.
  6. O/a representante entrega ao diretor da escola as reivindicações.
  7. A equipe diretiva reúne-se, avalia as solicitações de todas as turmas e procede com as compras e melhorias, utilizando a verba da referida festa julina.
  8. No pátio da escola nova assembleia se realiza para apresentar os bens adquiridos e as melhorias realizadas, tudo por sugestão das crianças.

Os resultados são agradáveis, as crianças participam, levam a sério, fazem inclusive visitas a lojas e outros comércios acompanhadas dos seus pais para levantar preços e orçamentos. Sentem-se partícipes da vida econômica e política.

Continuamos apostando que a cidadania é objeto de ensino, aprendizagem e de avaliação.

 

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