OS PROFESSORES ESTÃO INQUIETOS

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

Neste ano de 2013 (ainda estamos em maio) já me encontrei com cerca de 2.000 professores da rede pública de ensino do DF para discutir a avaliação. Somente na aula inaugural do ano letivo estiveram presentes mais ou menos 1.500 docentes. Nesses momentos recebo grande volume de perguntas e comentários por escrito. Muitos deles são respondidos neste site, destinado a ampliar o debate sobre avaliação. Interpreto isso como inquietude e interesse por melhor entender o tema e como busca por melhores formas de praticá-lo. Um dos focos das perguntas costuma ser o envolvimento dos pais no processo avaliativo. Duas perguntas ilustram esse fato: “Como envolver os pais e estudantes nessa discussão [sobre avaliação]?”; “A família ainda não compreende a avaliação no processo, eles sempre pedem para saber como é que está a situação do seu filho, mesmo depois de ler o relatório. O que está faltando? Maior atenção da escola para com a família?”

A última pergunta, ao seu final, parece já dar a resposta: cabe à escola desenvolver processo avaliativo com a participação de todos os atores, incluindo pais e estudantes. A simples entrega do relatório de desempenho escolar não garante a compreensão completa pelos pais. Eles não são educadores profissionais. O relatório é um registro feito pelos professores que necessita ser discutido com os pais. Não corresponde a um boletim. Mesmo aqueles que acompanham as atividades escolares dos seus filhos demonstram não saber quais são os critérios de avaliação. Não explicitá-los, não discuti-los com as famílias e não lhes dar oportunidade de se manifestarem faz parte do caráter autoritário da avaliação. Quando isso acontece, amplia-se o poder do docente, porque os pais não terão condições de questionar o que não entendem. Como consequência, o professor pode definir a vida escolar dos alunos à revelia do envolvimento dos pais no processo avaliativo. É preciso que o discurso da participação efetiva da família se transforme em ação firmada pelo Projeto Político-Pedagógico da escola (este tema é bem discutido em OLIVEIRA, Rose Meire da S. Pais/responsáveis e a avaliação: percepções e significados. Dissertação. Mestrado. Faculdade de Educação/ UnB, 2011).

Que os professores continuem inquietos!

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

14 + dezenove =