IMPLICAÇÕES DO ENADE PARA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO E AS PRÁTICAS AVALIATIVAS EM UM CURSO DE PEDAGOGIA

IMPLICAÇÕES DO ENADE PARA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO E AS PRÁTICAS AVALIATIVAS EM UM CURSO DE PEDAGOGIA

 

Simone Braz Ferreira Gontijo defendeu sua tese de doutorado no dia 12/05/2014 no Programa de Pós-graduação em Educação da UnB. Sua pesquisa teve como objetivo geral analisar as implicações do Enade para o desenvolvimento do trabalho pedagógico e das práticas avaliativas de um Curso de Pedagogia de uma Instituição de Ensino Superior do Distrito Federal. O referencial teórico foi ancorado em três pilares teóricos: regulação, avaliação e organização do trabalho pedagógico. A pesquisa empírica envolveu a análise de documentos da IES, o que apontou que eles recebem influência do Sinaes. Foi aplicado um questionário a 211 estudantes distribuídos nos oito semestres que integralizam a carga horária do curso, o que corresponde a 78% dos matriculados no 1º semestre de 2013. Além disso, foram entrevistados 15 profissionais, entre gestores e professores. Os dados obtidos foram analisados por meio do software Alceste. As percepções dos estudantes foram organizadas pelo Alceste em quatro classes. Na primeira está o grupo que desconhece a existência do Enade (23%); na segunda, estão os estudantes que apresentam conhecimento técnico acerca do exame (24%); na terceira, os estudantes que reconhecem a existência de influência do Enade na prática pedagógica do curso (20%) e na quarta o grupo que identifica que os resultados do Enade têm impacto na avaliação praticada em sala de aula e que essa “Nota Enade” confere determinado valor à instituição (33%). Observou-se que há relação entre o trabalho pedagógico desenvolvido no curso e o exame externo aplicado aos estudantes. As percepções dos professores e gestores foram organizadas em seis classes. Na primeira classe está o grupo que trata do Enade e do Sinaes a partir de uma perspectiva institucional, descrevendo as ações da IES para a melhoria do desempenho da mesma (11%); a segunda classe, representando o maior percentual do corpus da pesquisa (47%), traz a percepção do Enade como promotor da qualidade do ensino; a classe três faz reflexão crítica à política regulatória do Estado, se mostrando contrária à mesma (15%); a classe quatro apresenta percepção sobre as práticas avaliativas do curso (11%); a classe cinco apresenta a percepção dos professores e gestores relacionada à relação existente entre os instrumentos de avaliação utilizados no curso e o Enade (8%) e a classe seis ressalta aspectos relacionados à relação entre o Enade e a formação de professores (8%). A maioria dos participantes da pesquisa vê o Enade como promotor da qualidade na educação superior. Seus resultados apontam sua influência na organização do trabalho pedagógico do curso de Pedagogia pelo fato de ele ser parte significativa do processo avaliativo ao qual se submetem educadores em formação. Ao mesmo tempo em que são sujeitos da avaliação para as aprendizagens, eles convivem com a avaliação institucional e a avaliação em larga escala. São aprendizagens que eles reproduzirão em sua futura atuação profissional. O desconhecimento dos 23% dos estudantes participantes da pesquisa acerca da existência do Enade pode significar inexistência de aprendizagens sobre avaliação. É preciso que a discussão acerca da avaliação transcenda a dimensão técnica e se amplie rumo à dimensão política, na qual são consideradas questões relativas ao “para que”, “por que” e “o que” avaliar.

 

Palavras-chave: Enade. Curso de Pedagogia. Avaliação. Trabalho pedagógico.

 

 

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