A AVALIAÇÃO PARA AS APRENDIZAGENS, INSTITUCIONAL E EM LARGA ESCALA EM CURSOS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES: LIMITES E POSSIBILIDADES DE INTERLOCUÇÃO
Tese de doutorado defendida por Sílvia Lúcia Soares em novembro de 2014, no Programa de Pós-graduação em Educação da UnB
Orientadora: Profa. Dra. Benigna Maria de Freitas Villas Boas
Objetivo geral
Analisar como estão sendo formados os estudantes de cursos de Licenciaturas (Letras, Matemática e Pedagogia) para desenvolverem os três níveis de avaliação – para as aprendizagens, institucional e em larga escala. Resumo
A presente pesquisa buscou analisar a formação de estudantes dos cursos de Licenciaturas (Letras, Matemática e Pedagogia) para desenvolverem os três níveis da avaliação – das aprendizagens, institucional e em larga escala, considerando como os saberes construídos nos processos formativos repercutem na construção da prática avaliativa de professores em formação, de maneira a traduzi-los, reorientá-los, ressignificá-los. A pesquisa baseou-se em dados obtidos por meio de entrevistas com coordenadores de curso, com os professores de Didática e das disciplinas que tratam sobre a avaliação, de questionários aplicados aos alunos e da observação das aulas da disciplina Avaliação Escolar, no decorrer do segundo semestre do ano de 2013. Os dados empíricos, articulados com os pressupostos teórico-metodológicos e com a análise documental, nos possibilitaram analisar, no real-concreto, a organização dada aos conhecimentos sobre a avaliação e a reação dos estudantes em formação frente às aprendizagens relacionadas ao tema. Metodologicamente, optamos pelo materialismo histórico-dialético, por considerar que os elementos enfatizados na pesquisa transcendem a dimensão quantificável do fenômeno, e pela técnica de análise de conteúdo para interpretação dos dados gerados, o que possibilitou a construção de categorias e eixos temáticos que foram colacionados com as demais informações obtidas. Para realização da pesquisa, foram eleitas três categorias presentes na dialética: totalidade, contradição e mediação, que se constituíram em instrumentos de compreensão da avaliação na realidade social concreta, agindo como intérpretes do real e nos auxiliando na captação da mutabilidade e do dinamismo imanentes ao fenômeno avaliativo. A pesquisa se estruturou nas seguintes categorias conceituais, obtidas no recorte teórico-prático do nosso objeto de estudo: avaliação, formação de professores, avaliação externa e as aprendizagens sobre a avaliação. A articulação entre as categorias metodológicas e conceituais assegurou a interlocução da dimensão normativa da avaliação (o previsto), da dimensão não normativa descritiva (o dito) e da dimensão pedagógica (o feito) e a busca de estabelecimento das bases teóricas que as ancoraram. A pesquisa foi realizada em uma instituição de ensino superior, pública, federal, que oferece os cursos de Licenciatura em Letras, Matemática e Pedagogia. A análise evidenciou que nos cursos de formação de professores as aprendizagens dos estudantes estão circunscritas à perspectiva técnica de avaliação, centrada em instrumentos como provas, trabalhos e seminários, sendo a avaliação concebida como mera verificação da aprendizagem. Embora os professores considerem a importância da avaliação nos espaços de formação, ocorre ainda uma evidente secundarização na abordagem da temática, pois não se percebe uma delimitação precisa para os saberes da avaliação na organização pedagógica do curso e das disciplinas. A perspectiva crítica de avaliação aparece raramente nos planos de curso, nas disciplinas e nas práticas vivenciadas nos cursos de formação do docente. Os testes de avaliação coexistem sem dialogar entre si e falta espaço, na instituição, para discussões comprometidas com a melhoria do processo avaliativo. Tais fatos, contudo, não podem impedir ou impossibilitar mudanças significativas no processo do ensino e das aprendizagens sobre a avaliação no contexto da formação de professores, pois deve ser oportunizada ao estudante a ampliação conceitual e metodológica do processo avaliativo. O ensino sobre a avaliação nos cursos de formação precisa transcender as aprendizagens e abranger tanto os fatores intra como extraescolares. Assim, a avaliação não pode ser concebida apenas como um resultado, mas como categoria integrante da formação, de modo a proporcionar ao futuro docente reflexões mais significativas e vivências avaliativas diversificadas, para que as considere posteriormente, como possibilidades em sua própria prática profissional.
Palavras-chave: Avaliação. Formação de professores. Avaliação externa. Avaliação institucional. Aprendizagem da avaliação.