A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO FORMATIVA NA RETOMADA DAS AULAS PRESENCIAIS

Rose Meire da Silva e Oliveira

Na retomada das aulas presenciais, no segundo semestre letivo deste ano, é natural que os professores se indaguem, entre outros aspectos, sobre o processo de aprendizagem dos estudantes. Será que alguma aprendizagem não ficou consolidada? Como irei planejar o trabalho pedagógico? Como avaliar para recompor as aprendizagens?

Primeiramente, para subsidiar a organização do trabalho pedagógico no início e no decorrer do ano letivo, entra em cena a avaliação diagnóstica, como complementar à formativa, no intuito de situar a aprendizagem de cada estudante e identificar suas reais necessidades. Abrange, sobretudo, o mapeamento das condições dos estudantes para a continuidade e aprimoramento de suas aprendizagens pela recolha de informações sistemáticas obtidas por diferentes procedimentos, seja pela aplicação de atividades desenvolvidas em sala de aula ou pelas observações e registros diários acerca do desempenho escolar visando (re)orientar o planejamento docente.

E nesse sentido não podemos desconsiderar que a escola ainda se depara com as desigualdades nas condições de aprendizagem dos estudantes, decorrentes da pandemia, gerando certa preocupação e inquietude para os professores, pais ou responsáveis. Indiscutivelmente, não há como ensinar pressupondo que todos possuem os mesmos conhecimentos sem antes reunir informações consistentes sobre suas aprendizagens. O enfretamento dessa realidade exigirá planejamento e desenvolvimento de ações coletivas, pautados por um processo avaliativo intencional e institucional.

Assegurar o direito à aprendizagem de todos os estudantes implica, portanto, reavaliar, coletivamente, os princípios e compromissos assumidos no Projeto Político e Pedagógico da escola, sendo profícua esta prática nas primeiras semanas, após o reiníciodas aulas. Para tanto, é preciso ponderar acerca dos indicadores de qualidade do trabalho pedagógico, analisando quais objetivos de aprendizagem foram alcançados, as possíveis causas dos que não foram alcançados e ou atingidos, parcialmente, pelos estudantes e pela própria escola. Projetos e ações que alavancaram a aprendizagem dos estudantes podem ser aprimorados e ajustados, tendo em vista o almejado pelo coletivo escolar.   

Sordi et al (2021, p. 360) afirmam que “a avaliação formativa se destina a iluminar o olhar dos sujeitos sobre os processos de forma a que se possa tomar decisões que propulsionem as aprendizagens dos estudantes e, nesse sentido, tem por fim promover aprendizagens, considerando os (não)progressos do estudante em vários momentos e situações”.  Assim, a escuta sensível dos que fazem parte do cotidiano da escola propicia tal ação. Ouvir os pais/responsáveis e os estudantes para conhecer e compreender as adversidades que os afetaram, direta ou indiretamente, e que ainda interferem na aquisição de suas aprendizagens pode auxiliar na busca de soluções que estejam ao alcance de toda a escola e dos profissionais da educação.

Outro desafio com que a escola, geralmente, se depara para promover a avaliação formativa é a ausência do feedback sistemático pelos professores para que as aprendizagens não sofram interrupções. Desenvolvido de forma ética, este recurso avaliativo favorece o automonitoramento pelos estudantes e possibilita que reconheçam lacunas existentes em suas aprendizagens, bem como o uso mais efetivo de estratégias de estudo.

Quanto ao processo de recomposição das aprendizagens, vale esclarecer quea avaliação diagnóstica é o seu ponto de partida (VILLAS BOAS, 2022), identificando quais aprendizagens ainda não foram adquiridas e ainda estão em processo de assimilação, necessitando ser retomadaspor meio de intervenções pedagógicas bem planejadas e alinhadas ao ritmo e necessidades de aprendizagens de cada estudante, para serem consolidadas.

Dessa forma, “avaliar o aprendido exigirá nova lente e o exercício de pensar o percurso formativo dos estudantes demandará que consideremos o vivido em vias de planejar o futuro possível” (SORDI et al, 2021, 375). Como prosseguir com o ensino, sem atentar para as diferentes necessidades e singularidades dos estudantes? Assim sendo, a prática dialógica e includente promoverá possibilidades para recompor e potencializar as aprendizagens.

É certo que a escola, ao comprometer-se com a avaliação na perspectiva formativa, assume prática pedagógica potencializadora de novas aprendizagens, tornando-a descomplicada e acessível. Gera ações propositivas, fortalece o processo e contribui para a formação integral e multidimensional dos estudantes.

REFERÊNCIAS

SORDI, Mara Regina Lemes de; JÜRGENSEN, Bruno Damien da Costa Paes; SANTOS, Marcos Henrique Almeida dos [Orgs.]. Qualidade da escola pública: perspectivas e desafios. São Carlos: Pedro & João Editores, 2021.

VILLAS BOAS, Benigna Maria de Freitas. Recomposição das Aprendizagens. Disponível em https://www.benignavillasboas.com.br/. Acesso em: 06 agosto de 2022.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

2 × três =