JC Notícias – 19/10/2018
Alunos da Educação de Jovens e Adultos apresentam saídas para a redução das desigualdades
SNCT em Brasília teve um dia dedicado à apresentação de trabalhos de estudantes da EJA
O evento principal da 15ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, abriu espaço nesta quarta-feira (17) para trabalhos dos alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Distrito Federal. As iniciativas expostas têm foco na geração de renda e na motivação para que os estudantes superem o tempo perdido.
Para a maioria dos participantes, essa é a primeira experiência em uma mostra científica. O perfil vai desde adolescentes que estão retomando o ensino fundamental até adultos acima dos 40 anos que sonham com um novo caminho para reescrever suas histórias. A conclusão dos estudos resulta em novas oportunidades e no aumento da autoestima.
O objetivo do estande do Centro de Ensino Fundamental 802, do Recanto das Emas, por exemplo, é mostrar que nunca é tarde para seguir os próprios sonhos. Em destaque, estão figuras famosas que alcançaram o sucesso a partir dos 40 anos, como o industrial norte-americano Henry Ford e o naturalista inglês Charles Darwin. Um exemplo bem próximo é o da brasiliense Maria Pereira da Silva, que completou o ensino médio aos 91 anos.
A professora Lidieide Sales explica que o projeto serve como incentivo para que os estudantes alcancem uma posição melhor na vida. “O projeto é dos alunos dos anos iniciais, alguns ainda não são alfabetizados. São pessoas que não tiveram oportunidade na idade certa e hoje têm toda uma responsabilidade com trabalho e filhos, mas querem voltar aos estudos. Queremos mostrar que, mesmo começando tarde, eles têm perspectiva de futuro e de sucesso”, afirma.
Utensílios para moradores de rua
A escola Meninos e Meninas do Parque atende, principalmente, jovens e adultos moradores de rua da região central de Brasília. O projeto mostrado na SNCT ensina como produzir utensílios domésticos e móveis a partir de materiais normalmente descartados em obras civis, como canos, metais, cola e madeira.
Os estudantes criaram luminárias, jardins suspensos, mesas e paneleiros que podem ser vendidos e gerar renda. Autor da maioria dos trabalhos, Elenilson Santana, de 28 anos, diz que a frequência às aulas tem feito a diferença em sua vida.
“O tempo que eu estou na escola é um tempo especial. Se estivesse na rua, poderia estar aprontando ou em risco de ser ferido. Esse projeto, futuramente, vai ser uma fonte de renda para nós”, conta.
Hidroponia
O trabalho do Centro de Ensino Fundamental 03, do Paranoá, juntou o combate à desigualdade e a sustentabilidade. Com o uso de poucas ferramentas, os alunos aprenderam a cultivar alimentos por meio da hidroponia, técnica de cultivo de alimentos que pode ser usada em locais com pouco espaço.
A maioria dos alunos de EJA da instituição é formada por adolescentes que querem terminar o ensino fundamental e prosseguir nos estudos. O professor Marcelo Vieira explica a importância da iniciativa.
“O projeto segue o tema da redução da desigualdade, porque gera economia. Isso faz diferença para uma família menos favorecida. Aqui, a escala é micro, mas isso pode ser produzido em uma escala maior e gerar uma independência para eles”, explica.