AVALIAÇÃO EM DEBATE III: síntese e contribuições
Enílvia Rocha Morato Soares
Integrante do GEPA
O Grupo de Pesquisa Avaliação e Organização do Trabalho Pedagógico – GEPA – realizou, no dia 26 de agosto de 2015, de 8h30 às 10h30, na sala Papirus da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, mais um “Avaliação em Debate”. Este foi o terceiro encontro organizado pela equipe com o objetivo de discutir temáticas relacionadas à avalição educacional e construir entendimentos que possam contribuir para que a prática avaliativa formativa venha a constituir uma realidade na organização do trabalho pedagógico de todas as nossas escolas.
A iniciativa de reunir pessoas, de alguma forma envolvidas com a educação, para o estudo de questões que tratam da avaliação, nasceu do resultado de pesquisas realizadas pelo Grupo, que apontam a hegemonia e a naturalização de concepções avaliativas pautadas na ideia de formação centrada no ensino, e este, realizado de forma homogênea e excludente. O uso da avaliação como meio de medir conhecimentos e classificar estudantes tem sido prática comum entre aqueles que compartilham tais representações.
Revisar compreensões e redirecionar práticas avaliativas rumo à construção de processos educativos marcados pela lógica da inclusão, da participação e da emancipação por meio de reflexões e discussões fundamentadas no conhecimento científico foi, então, a mola propulsora que levou o GEPA à realização do Avaliação em Debate. Avaliações realizadas pelos participantes dos encontros, até agora realizados, apontam que o caminho adotado pode ser promissor.
O Avaliação em Debate III diferenciou-se dos anteriores pela dinâmica utilizada. Enquanto nos dois primeiros o estudo deu-se por meio de debate entre os participantes a partir de um texto-referência encaminhado a eles antecipadamente e mediado por integrantes do GEPA, o último encontro contou com uma exposição feita da profa. Dra. Sílvia Lúcia Soares a partir de sua tese de Doutorado intitulada: A Avaliação para as Aprendizagens, Institucional e em Larga Escala em Cursos de Formação de professores: Limites e Possibilidades de Interlocução.
A mudança de estratégia deu-se em decorrência da urgência de debates que põem em relevo o tratamento dado à avaliação nos cursos de licenciatura, o que foi feito de forma brilhante pela profa. Dra. Sílvia em sua tese recentemente defendida. Socializar tais conhecimentos mostrou-se, desse modo, imprescindível e não impediu que a temática fosse amplamente discutida por todos que puderam apropriar-se dos achados da pesquisa. Entre as reflexões realizadas podem-se destacar as seguintes:
– Carência de disciplinas voltadas à avaliação nos cursos de formação de professores, especialmente os de área específica, que atribuem à faculdade de educação o dever de trabalhar tal conhecimento sem, no entanto, articular-se a ela. A formação continuada da avaliação passa, desse modo, a ser inicial.
– Pouca oferta de disciplinas que tratam da avaliação, especialmente se considerarmos a abordagem dos três níveis avaliativos. Quando oferecida, como ocorre esporadicamente no curso de Pedagogia, não é obrigatória e sua procura fica, em grande parte, restrita aos estudantes do próprio curso.
– Ausência de um trabalho construído coletivamente, inviabilizando, não só o entendimento e o uso da avaliação formativa por todos os professores, mas também a articulação dos três níveis de avaliação pela própria instituição formadora, o que possibilitaria ao estudante vivenciar, desde já, esse processo.
– Reprodução, pelos estudantes, na prática profissional, das experiências vivenciadas ao longo da formação. A maioria deles não sabe como irão avaliar ou, quando sabe, afirma que será por meio de provas e notas.
– Divergência dos professores quanto ao modo de avaliar, o que impõe aos estudantes adaptar-se e responder a cada um deles de modo a conseguir obter êxito, mesmo que isso não signifique necessariamente aprender. Não há uma proposta coletiva que norteie o trabalho, deixando à mercê de cada professor a escolha de sua preferência.
A qualidade do trabalho apresentado, bem como a riqueza das reflexões que a ele se seguiram foram o diferencial do Avaliação em Debate III, que contou com a presença de estudantes e professores da UnB, de uma professora da Universidade Federal de Tocantins, campus de Arraias (professora Dra. Magda Costa), de dois professores da Universidade Estadual do Maranhão (profa. Dra. Georgyanna Moraes e prof. Dr. Raimundo Nonato Oliveira Coelho), de formadores da Escola de Aperfeiçoamento de Professores da Secretaria de Estado de Educação do DF (EAPE) e da profa. Dra. Veruska Machado, da equipe pedagógica do Instituto Federal de Brasília, campus de Samambaia, acompanhada de uma estudante de curso de licenciatura, além de integrantes do GEPA.
São momentos como esse que instigam o GEPA a prosseguir nessa empreitada, acreditando ser possível contribuir, por meio estudos que favoreçam a prática da avaliação formativa, na construção de uma educação democrática e de qualidade social. A caminhada nessa direção inclui a realização do Avaliação em Debate IV, que ocorrerá no próximo dia 03 de setembro, de 8h30 às 10h30, na sala Papirus da FE/UnB, quando teremos o privilégio de conhecer e debater os achados da pesquisa realizada pela profa. Dra. Elisângela Teixeira Gomes Dias, intitulada: Provinha Brasil e Regulação: Implicações para a Organização do Trabalho Pedagógico. Com certeza será mais um rico momento de aprendizagens.