Avaliação entre os estudantes: fortalecendo as práticas avaliativas

Erisevelton Silva Lima – Professor da SEEDF, Gestor Escolar e Doutor em Educação pela Universidade de Brasília- UnB.

Embora a descentralização da avaliação seja tabu para muitas instituições e diversos profissionais do campo educacional, trago para este espaço algumas reflexões sobre como se pode fazer uso de instrumentos e procedimentos avaliativos que auxiliem o estudante a aprender cada vez mais. De início, recomendo que pensemos no uso emancipador e fortalecedor da avaliação para crescimento pessoal e profissional daqueles que estão nas salas de aula, sejam elas virtuais ou presenciais. Também recomendo que nos livremos da ideia de controle extremo e do sentimento de uma suposta “perda” pela adoção da avaliação por pares ou por colegas em suas aulas.

Avaliar para as aprendizagens (VILLAS BOAS, 2014) se inscreve em lógicas diferentes daquelas utilizadas pela escola de cunho capitalista, ou seja, não se reduz o aprender à busca doentia pela garantia de pontos ou notas para “passar de ano”; avalia-se para aprender, para qualificar as produções e, sobretudo, para corrigir fluxos e caminhos que podem ser modificados antes das finalizações requeridas pelas avaliações classificatórias.

Colocar dois ou mais estudantes na situação de avaliadores das aprendizagens de seus colegas requer demovê-los de alguns sentidos e dos sentimentos historicamente acumulados em relação à avaliação, especialmente daqueles que reforçam a ideia de que se deve avaliar para dominar ou submeter o outro à nossa vontade. Aqui, o desejo é outro, altruísta diríamos, é o de uma avaliação formativa, aquela que desarma as pessoas e as valoriza sob a ética da contribuição e do auxílio ao próximo como um ato, verdadeiramente, humano e solidário. Partamos do pressuposto de que avaliar alguém é usar da generosidade para que esse outro melhore, cresça e progrida em seus propósitos. Sendo assim, a avaliação por pares requer estudo e reflexão com os estudantes antes de atribuir-lhes a tarefa. Trata-se de uma prática em que ambos ganham e aprendem, rompe-se com o isolacionismo, todos logram algo, positivamente (COSTA, 2017).

Outro ponto, não menos importante, é o da clareza dos objetivos pretendidos pelo docente com aquela atividade, tarefa ou trabalho. O grau de entendimento do que o professor espera precisa ser negociado e traduzido para os estudantes. A avaliação requer transparência. No quadro abaixo apresentam-se algumas questões que precisam ser consideradas para que a experiência seja exitosa:

ATIVIDADE OU TAREFA (PRESENCIAIS OU VIRTUAIS)METODOLOGIA
Elaboração de um texto, resumo, relatório ou outro tipo de produção. Solução de problemas, estudos de caso e outros.Solicita-se que a produção seja entregue para outro colega que irá, respeitosamente, apresentar suas impressões ou dúvidas surgidas com a apreciação da atividade. Elementos como os aspectos gramaticais, conceituais e outros podem ser anotados pelo colega numa folha ou suporte, à parte, para ser entregue ao autor da peça. Ambos podem ser convidados para dialogarem sobre os apontamentos, isso ajudará bastante. Elementos de forma também podem ser alvo dessa experiência avaliativa. Devem-se evitar trocas mútuas de atividades para que não haja vício ou negociação que prejudique a qualidade da avaliação realizada.
Apresentação de seminários (grupo) ou trabalhos individuais.Os objetivos de aprendizagem ou os critérios de avaliação devem ser esclarecidos. Se o docente optar pelo anonimato, todos preenchem um formulário no qual constarão os quesitos eleitos como importantes e, após a apresentação do trabalho, cada elemento do grupo ou o indivíduo receberá da turma suas impressões quanto aos assuntos referendados pelo docente com a turma.
Quadro elaborado pelo autor

Observem que tal estratégia potencializa a autoavaliação e, talvez, seja o elemento principal dessa trama porque coloca o sujeito diante da possibilidade de refletir sobre seu trabalho e sua produção (LIMA, 2013, 2017). A avaliação não deve ser cruel ou negativa, pode apontar pontos frágeis, mas também, as potencialidades contidas no trabalho avaliado.

REFERÊNCIAS

COSTA, Carla Barroso. Autoavaliação e avaliação pelos pares: uma análise de pesquisas internacionais recentes. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 17, n. 52, p. 431-453, abr./jun. 2017

LIMA, Erisevelton Silva. Avaliação por pares (colegas) e autoavaliação: procedimentos que encorajam e emancipam. In: TEIXEIRA, Célia Regina; MIRANDA, Joseval dos Reis; Avaliação das aprendizagens: experiências emancipatórias no ensino superior. Ed. Câmara Brasileira do Livro – SP, 2013. cap. 7, p. 141-160.

LIMA, Erisevelton Silva. Avaliação por colegas: Aprendendo a ser avaliador. In: Villas Boas, B. M de F. (org.) Avaliação: interações com o trabalho pedagógico. Campinas – SP. Papirus, 2017.

VILLAS BOAS, Benigna Maria de Freitas. Avaliação para aprendizagem na formação de professores. Cadernos de Educação, Brasília, n. 26, p. 57-77, jan./jun. 2014.

 

12 respostas para “Avaliação entre os estudantes: fortalecendo as práticas avaliativas”

  1. Start -professora: Pricila Andrade
    Me ajudou a desenvolver soluções melhores para os meus problemas, sendo meus resultados sendo bons ou não, ver e pensar e praticar a resoluções de problemas que tenho recentemente e com frequência.Aprendi a jogar dama e desenvolver uma estratégia melhor .

     
  2. Aprendi como resolver problemas, como identificar os meus problemas, se posso resolver ou não, ser positivo, interpretação, meu comentário é que a Priscila ensinou muito bem:) 10/10

     

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