AVALIAR É UMA EXPERIÊNCIA COTIDIANA!

AVALIAR É UMA EXPERIÊNCIA COTIDIANA!

Débora Cristina S. da Cruz Vieira

 

Reflexão crítica como atividade da disciplina Avaliação na educação básica, do Programa de Pós-graduação em Educação, da UnB, oferecida pela professora Benigna Villas Boas, durante o primeiro semestre de 2014

 

            Comecei o semestre feliz por ter conseguido me matricular na disciplina Avaliação na Educação Básica, tinha muitas expectativas em relação à mesma e principalmente em relação à professora Benigna. Até então, conhecida pelas palestras da SEEDF, orientadora da minha querida Cláudia Queiroz e autora de dois livros da editora Papirus, que ocupavam a minha estante, mas que ainda não haviam sido lidos na sua totalidade.

Estas eram as minhas poucas informações sobre a professora, mas estudar sobre avaliação era um desejo amparado por uma fragilidade na minha formação inicial: não sou pedagoga, sou licenciada em Letras. Atuo na SEEDF há dezessete anos com anos iniciais e/ou Educação Infantil e não ser pedagoga sempre tornou legítima a minha busca por uma formação continuada que preenchesse estas lacunas, me impulsionando a buscar em cursos, participação de eventos e leituras individuais esta formação que não havia recebido inicialmente. E agora, como aluna do PPGE-UnB, tive a oportunidade de refletir sobre a avaliação, que não poderia ser desperdiçada, então aqui estou!

As leituras iniciais dos artigos escolhidos pela professora Benigna (Da avaliação da aprendizagem à avaliação institucional: aprendizagens necessárias (SORDI E LUDKE); Responsabilização, meritocracia e privatização: conseguiremos escapar ao neotecnicismo? (FREITAS); O Estado, a educação e a regulação das políticas públicas (BARROSO); Qualidade negociada: avaliação e contra-regulação na escola pública (FREITAS); Educação, Avaliação Qualitativa e inovação (FREITAS) me surpreenderam com uma gama de conceitos relacionados à avaliação, que para mim, como boa leiga do assunto, eram desconhecidos. Fiquei encantada e também intrigada com estes novos saberes. Pois, a cada novo conceito estudado, percebia que a avaliação não se limitava a tudo aquilo que acreditei ser avaliação ao longo da minha trajetória como aluna e como professora. Havia uma esfera maior de abrangência e de impacto na vida das pessoas que eu ainda não havia me dado conta, principalmente nas práticas pedagógicas relacionadas à responsabilização e meritocracia. Foi impactante e desconcertante me reconhecer enquanto profissional alinhada a este ideário. Então, a cada leitura o “Freitas”, que soa tão bem nos lábios da colega Enílvia, foi se tornando um conhecido para mim, concordava, discordava, concordava novamente e discordava outra vez. E atribuo a este conjunto de textos a quebra de uma ingenuidade de dezessete anos, em relação ao papel político da escola e sobretudo como a avaliação norteia a organização do trabalho docente e impacta a vida dos estudantes, embora isso não fosse visível para mim.

A partir da leitura dos textos Avaliação para a aprendizagem na formação de professores (VILLAS BOAS) e Currículo e Avaliação (FERNANDES E FREITAS) já me sentia mais confortável com as leituras, por já ter um conhecimento de alguns conceitos que apareciam nos textos e constatava que o que a professora Benigna falava era verdade: estamos ampliando os conceitos já trabalhados anteriormente. E meu olhar foi seguindo esta lógica, de procurar o que de novo aparecia nas novas leituras e consolidar os conceitos conhecidos. A leitura realizada dos livros indicados até o momento na disciplina Virando a escola pelo avesso por meio da avaliação (VILLAS BOAS); Dever de casa e avaliação (VILLAS BOAS E SOARES) e Avaliação educacional: caminhando pela contramão (FREITAS Et al) foram leituras que continuaram me mobilizando internamente, pois é impossível ler e não se colocar como professora e aluna, diante destes posicionamentos. E fui seguindo minha jornada, comemorando quando via uma prática minha sendo orientada como possibilidade de trabalho docente e questionando o texto e a mim mesma quando via uma prática minha sendo criticada.

Gostaria de destacar que o evento Avaliação em Debate foi um momento muito significativo na disciplina, devido à sua organização coletiva, que uniu os “desconhecidos” do GEPA e alunos da disciplina para a sua realização. E participar desta proposta coletiva me remeteu às nossas discussões em sala sobre a importância da coletividade no trabalho docente e como infelizmente ainda não há esta tomada de consciência nas escolas.

Gostaria de destacar ainda uma descoberta conceitual na disciplina: o conceito de avaliação informal tem ocupado um espaço muito importante nas minhas reflexões sobre o tema, pois ela está relacionada às escolhas que fazemos consciente e inconscientemente no trato com as pessoas. Ela norteia mais que a nossa intencionalidade pedagógica, norteia o nosso jeito de ser e de nos relacionar com todos, e ainda ocupa um lugar maior que a própria escola, ocupa a nossa vida. E a avaliação dos outros impacta a própria constituição de sujeito, pensando nisto, é necessário um olhar acolhedor para as crianças quando se fala de avaliação.

Refiro-me às crianças por trabalhar diretamente com elas há tantos anos, porém este olhar acolhedor deve ser direcionado a todos os sujeitos que compõem a complexa trama do ambiente escolar. Diante destes novos saberes adquiridos ao longo da disciplina, pude perceber que a avaliação informal ocupa um lugar privilegiado no trabalho docente, embora muitas vezes não seja reconhecido pelo mesmo. Pois, a avaliação informal vai sendo constituída a cada dia e se reflete na sua relação com os alunos e até na própria avaliação formal destes sujeitos. Concluo este registro reflexivo com o título deste texto, definitivamente: avaliar é uma experiência cotidiana!

 

 

 

 

 

 

 

 

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