BULLYING E AS PRÁTICAS AVALIATIVAS INFORMAIS

 

BULLYING E AS PRÁTICAS AVALIATIVAS INFORMAIS

Profa. Dra. Georgyanna Andréa Silva Morais

Profa. da Universidade Estadual do Maranhão, campus de Caxias

Integrante do GEPA

 

Em geral, concebemos como práticas avaliativas apenas aquelas realizadas por meio dos instrumentos avaliativos que resultam em notas aprovativas ou não, demarcando a condição de aprovado/reprovado no contexto escolar. Essas práticas são comuns e baseiam-se na avaliação formal, que consiste na realização de atividades avaliativas por meio dos instrumentos tradicionais, sobretudo a prova.

No entanto, embora muitas vezes não tenhamos clareza, realizamos cotidianamente práticas avaliativas informais, no geral não planejadas. Tais práticas de avaliação informal são realizadas não somente na relação professor x aluno, mas ocorrem no contexto escolar, na interação dos diferentes sujeitos que ali convivem: aluno x professor, aluno x aluno, etc.

As práticas de avaliação podem potencializar o encorajamento dos estudantes quando empregadas de maneira formativa, conduzindo-os à reflexão e à autoavaliação, tão necessárias a novas aprendizagens. Por outro lado, tais práticas avaliativas podem configurar-se punitivas e pejorativas quando utilizadas para expor as fragilidades dos alunos, promovendo assim o desencorajamento do percurso formativo, imprimindo aos alunos, dentre outros sentimentos, o de incapacidade para aprender.

Umas das práticas informais de avaliação comumente realizadas na escola é o bullying. Sim, o bullying!

Ao reafirmar que a avaliação informal é realizada por meio das interações entre professores e alunos, ou entre alunos de maneira pejorativa, podemos destacar nesses processos interativos a ocorrência de atos de violência física ou psicológica praticados, reiteradamente, por indivíduos ou grupos por meio de agressões, intimidações e que causam aflição, dor e medo às vítimas.

Em pesquisa realizada numa escola pública, em Brasília, Manzini e Branco (2017) discutem a temática do bullying e o enfrentamento realizado pela escola e a família para tal situação. Objetivando investigar quais interações sociais são caracterizadas como bullying por alunos e professores, as autoras destacam, a partir das entrevistas realizadas e de sucessivas observações no contexto da escola pesquisada, os atos recorrentes de violência, tais como: agressões físicas, xingamentos, apelidos pejorativos, exclusão dos alunos por cor da pele, notas baixas e condição social.

A pesquisa revela que há uma tendência de culpabilização da escola à família pelo comportamento “indesejado” dos alunos, atitude que a exime do papel de promotora do desenvolvimento sociomoral dos alunos, haja vista que não deveria limitar-se somente ao desenvolvimento cognitivo dos sujeitos.

O combate ao bullying pressupõe o desenvolvimento de uma cultura de avaliação formativa no contexto escolar, em diálogo com a realidade na qual alunos e professores estão inseridos, visto que as práticas de violência estão circunscritas no modelo de competição e exclusão impostos pela sociedade capitalista e afetam o contexto escolar, produzindo ali um espaço de fabricação de competidores para atender a lógica do mercado.

O caráter formativo da avaliação pressupõe a promoção das aprendizagens pelo olhar atento e a escuta sensível do outro, objetivando a superação de suas fragilidades, potencializando as qualidades rumo a novas aprendizagens. Tal postura implica as interações sociais fundamentadas no acompanhamento e no encorajamento de professores e alunos, como atitudes inerentes ao crescimento pessoal e acadêmico, compreendendo a escola como espaço de aprendizagens e de convivência social marcada pela unidade na heterogeneidade.

 

REFERÊNCIA

MANZINI, Raquel Gomes; BRANCO, Angela Uchoa. Bullying: escola e família enfrentando a questão. Porto Alegre: Mediação, 2017.

 

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