Campinas: professores questionam
Publicado em 09/08/2014 por Luiz Carlos de Freitas no Blog do Freitas
COLETIVO DE EDUCADORES DA REDE MUNICIPAL DE CAMPINAS
CARTA ABERTA À POPULAÇÃO
A LUTA POR UMA ESCOLA PÚBLICA DE QUALIDADE É DE TODOS!
No início do ano 2013, a Prefeitura de Campinas assinou um convênio com a organização FALCONI/COMUNITAS, que prevê a implantação de um modelo de gestão empresarial na rede municipal de ensino de Campinas.
Nós, do Coletivo de Educadores, somos contra este convênio e a atuação de consultoria privada na gestão de nossas escolas!
Não queremos isso para a nossa rede! Então, o que nós queremos?
Queremos uma educação pública de qualidade para todos e gerida pelo poder público. E isso significa: – Escolas com estrutura física bem cuidada; com laboratórios de informática com equipamentos novos e acesso à internet em todos os computadores; com biblioteca funcionando em todos os períodos; salas de aula bem cuidadas, com iluminação e ventilação adequadas; – Escolas com quadro completo de funcionários e professores; - Escolas com professores com boa formação, com bons salários e com tempos adequados para prepararem e planejarem suas aulas; - Escolas com gestão democrática, que possibilita a participação de toda a comunidade na gestão e tomada de decisões sobre o projeto da escola; – Escolas com material didático e pedagógico de qualidade que contribua para a aprendizagem de todas as crianças; - Escolas onde os alunos são respeitados e tem garantido o seu direito de aprender.
Mas… Essa assessoria não ajudaria nisso? Não! Não é essa a intenção deles. O que tem sido divulgado é que a assessoria irá atuar apenas na gestão administrativa das escolas com o objetivo de aumentar índices (notas) gerados a partir de provas aplicadas pelo governo (chamado de IDEB). Argumento que não se sustenta, sabem por quê?
– Porque aumentar a nota numa prova aplicada pelo Ministério da Educação não significa ampliar a qualidade de educação. Já conhecemos casos em que a pressão por melhor desempenho em provas é tão forte, que professores e crianças adoecem, ficam deprimidos, tem síndrome do pânico. Em outros casos, para não chegarem nesse patamar, as respostas das provas são passadas para as crianças, o IDEB aumenta e elas continuam sem aprender.
– Porque o interesse maior das empresas é sempre o lucro. Esse lucro chegará através de várias formas, inclusive da venda de materiais para as escolas, especialmente os sistemas apostilados.
– A intervenção pontual dessas empresas não resolveu o problema de nenhuma rede. Não existem resultados para comprovarem isso. Aliás, nos EUA, que foi precursor desta política, atualmente o que mais existem são estudos mostrando a ineficácia deste tipo de política e os malefícios que qualquer um pode ter acesso a essas informações através da internet. Por isso esse convênio não resolverá também o problema das escolas de Campinas!
Então, como resolveremos os problemas na educação de Campinas?
Temos em nossa rede, em cada escola, Comissões Próprias de Avaliação formadas por pais, funcionários, professores, alunos e gestores que se dedicam a avaliar o trabalho realizado: a partir dos objetivos de trabalho discutidos e ações planejadas e aprovadas pelo Conselho de Escola, cada Comissão tem condições de reconhecer os problemas de sua unidade, apontar quais são os desafios que precisam ser enfrentados e quais seriam as soluções possíveis. Mas…
Como em qualquer outro lugar do mundo, para melhorar a educação é necessário investimento público por muitos anos! A Finlândia é considerada modelo de educação para o mundo. Lá, são décadas de investimento para se chegar onde chegou!