Tutores: a “grande” reconversão

Publicado em 24/07/2022 por Luiz Carlos de Freitas, no blog do Freitas

Os tutores são a próxima “grande coisa” diz Nancy Bailey que analisa o porquê e quem está torcendo por eles. Em meio à crise de falta de professores, os estados americanos correm para trocar professores por “tutores”: ao invés de melhorar as condições e elevar a profissão docente.”

E claro, a moda já está sendo copiada por aqui.

A introdução dos tutores visa “cumprir o objetivo de longa data de acabar com os professores profissionais e migrar os estudantes para os computadores. Por favor, não argumente que os tutores são essenciais ou que eles apoiam os professores. A transformação de professor para tutor/técnico é um esforço conjunto para remover os professores da sala de aula. Pouco se fala sobre em como atrair professores.”

Leia a íntegra aqui

Por aqui, as bases nacionais curriculares, para o estudante e para o magistério, já estão fazendo a primeira tarefa, ou seja, a simplificação do que será ensinado, reduzindo o conteúdo a competências e habilidades; a introdução destas em plataformas de aprendizagem on line deverá completar a tarefa transformando o magistério em tutoria e o estudante irá parar na frente da tela do computador, “assistido” por um tutor. As avaliações “embarcadas” nos softwares vão se somar às de larga escala e fechar o cerco sobre a escola. Chamam isso de “inovação”, mas é uma disputa pelo controle da escola.

 

Carta da CONAPE 22

Publicado em 21/07/2022 por Luiz Carlos de Freitas, no blog do Freitas

A Conferência Nacional Popular de Educação terminou sua reunião com a divulgação de uma Carta, bem como com o cronograma de divulgação de seu documento final. O texto reúne as principais medidas necessárias para iniciar um processo de reconstrução da educação nacional. Entre elas está a recusa a todas as formas de privatização da educação.

Baixe a Carta aqui.

 

SBPC Vai à Escola reúne alunos do ensino básico nos campi da UnB

JC Notícia – 19/07/2022

Universidade disponibilizará transporte e ajuda de custo para professores trazerem estudantes da rede pública ao evento

Universidade também é lugar de criança. Pensando nisso, a 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) terá uma programação especial para os futuros cientistas e seus professores: a SBPC Vai à Escola, que ocorrerá de maneira presencial nos dias 26, 27 e 28 de julho, nos campi da Universidade de Brasília de Ceilândia (FCE), Planaltina (FUP) e Gama (FGA).

A iniciativa ocorre desde 2015 e busca promover a divulgação científica, despertar o interesse de estudantes da educação básica e promover a formação de professores do ensino fundamental e médio. Ao todo, serão 30 palestras ao longo dos três dias, com pesquisadores de 17 instituições públicas de ensino, entre elas a UnB.

Até o momento, 20 unidades de ensino do Distrito Federal já garantiram a participação no evento. Juliana Petrocchi Rodrigues é professora do curso de Engenharia de Energia da UnB e coordenadora da SBPC Vai à Escola. Ela explica que, como muitas instituições das redes pública e privada estão em período de férias, foram estabelecidas ações de divulgação e articulação com a Secretaria de Estado da Educação do DF.

“A UnB disponibilizará ônibus e lanches para os alunos e professores, e uma ajuda de custo para o professor que levar sua turma para a visita”, afirma Juliana. A chamada pública com as regras para o auxílio e o formulário de inscrição das turmas está disponível na página do Decanato de Pesquisa e Inovação.

A coordenadora destaca que a SBPC Vai à Escola é um momento importante para promover a integração entre a academia e as instituições de ensino básico: “É importante diminuir o abismo entre o conhecimento científico e a aprendizagem escolar, aumentando a interação entre pesquisadores e acadêmicos e a comunidade de forma geral”, afirma Juliana.

“Desenvolver a curiosidade e incentivar os alunos a pensar na ciência como base para o desenvolvimento de uma sociedade pode contribuir para a popularização do conhecimento científico”, conclui a professora.

>> Confira a programação completa da SBPC Vai à Escola

PALESTRA

O físico Ennio Candotti, coordenador geral do projeto do Museu da Amazônia (Musa), é um dos palestrantes da programação. Ele presidiu a SBPC por quatro mandatos, e foi na sua gestão que surgiu a ideia de preparar um evento na reunião anual com foco no público infanto-juvenil.

Assim surgiu a SBPC Jovem, cuja primeira edição foi realizada em Recife, em 1993, lembra Ennio Candotti. “E desde então foi repetida com sucesso. Eu mesmo já dei palestras para crianças e jovens em várias oportunidades.” O físico participou da criação da revista Ciência Hoje e sua versão para os pequenos cientistas, Ciência Hoje das Crianças, em 1986.

No próximo dia 28, Ennio Candotti estará na FGA para ministrar sua palestra Nas asas do balanço para alunos do ensino básico. A descrição do tema, em forma de versos, deixa o público curioso: “Quais segredos esconde o balanço? Revelar segredos. Perguntar. Vamos conversar de embalos e balanços Juntos”.

O professor explica que a conversa será sobre “a experiência fundadora da ciência moderna”: o balançar do pêndulo. “Galileu descobriu que o tempo de oscilação (o vai e volta do pêndulo) não depende da amplitude do voo e nem do peso. Então esses fenômenos: tempo de oscilação, comprimento do pêndulo e massa/peso da pedra são os três personagens da minha palestra”, conta.

Para ilustrar a descoberta de Galileu, ele gostaria de utilizar um balanço para que as crianças visualizem o experimento na prática. Ele afirma que é importante apresentar esse mundo aos pequenos desde cedo. “Tem criança que gosta de ciência sim, e muito. O importante é que cada um se divirta com aquilo que faz, que o faça com emoção, que se dedique e procure ser muito habilidoso”, conclui Ennio Candotti.

EXPOSIÇÕES

A programação da 74ª Reunião Anual contará com outros eventos paralelos dedicados à comunidade escolar e às crianças. A SBPC Jovem será realizada entre os dias 25 e 30 de julho, no campus Darcy Ribeiro, com exposições voltadas para estudantes e professores do ensino básico, além do público em geral.

No dia 30 de julho, é a vez do campus receber pais, mães, filhos, tios, sobrinhos, avós e demais familiares no Dia da Família na Ciência. O evento terá uma programação específica para mostrar como a ciência faz parte do dia a dia das pessoas – muitas vezes de maneira imperceptível.

A programação do Dia da Família na Ciência é gratuita, não precisa de inscrição e ocorrerá nas tendas da SBPC Jovem e ExpoT&C.

SBPC

A 74ª Reunião Anual da SBPC será realizada entre os dias 24 e 30 de julho, em formato híbrido, com atividades nos campi da UnB e pela internet. Interessados em participar podem se inscrever pelo site do encontro.

O evento é realizado desde 1949 ininterruptamente, com a participação de representantes de sociedades científicas, autoridades e gestores do sistema nacional de ciência e tecnologia. O objetivo é debater políticas públicas nas áreas de ciência, tecnologia, inovação e educação e difundir os avanços científicos nas diversas áreas do conhecimento para toda a população.

>> A UnB está em clima de SBPC! Baixe, compartilhe e divulgue a identidade visual da 74ª Reunião Anual!

UnB Notícias

 

LEI Nº 14.407, DE 12 DE JULHO DE 2022

Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para estabelecer o compromisso da educação básica com a formação do leitor e o estímulo à leitura.

     O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
     Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

     Art. 1º O art. 4º da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), passa a vigorar acrescido do seguinte inciso XI:


“Art. 4º ………………………………………………………………………………………………
……………………………………………………………………………………………………………

XI – alfabetização plena e capacitação gradual para a leitura ao longo da educação básica como requisitos indispensáveis para a efetivação dos direitos e objetivos de aprendizagem e para o desenvolvimento dos indivíduos.” (NR)

     Art. 2º O art. 22 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo único:


“Art. 22. …………………………………………………………………………………………….

Parágrafo único. São objetivos precípuos da educação básica a alfabetização plena e a formação de leitores, como requisitos essenciais para o cumprimento das finalidades constantes do caput deste artigo.” (NR)

     Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

     Brasília, 12 de julho de 2022; 201º da Independência e 134º da República.

JAIR MESSIAS BOLSONARO
José de Castro Barreto Junior
Cristiane Rodrigues Britto

Este texto não substitui o original publicado no Diário Oficial da União – Seção 1 de 13/07/2022

Publicação:

  • Diário Oficial da União – Seção 1 – 13/7/2022, Página 1 (Publicação Original)
 

Como fazer a avaliação formativa?

Enílvia Rocha Morato Soares

Sempre que reflexões acerca da avaliação formativa são apresentadas ou discutidas com profissionais da educação são comuns posicionamentos que, no afã de colocar em prática essa forma de avaliar, dissociam-na da teoria, questionando: Isso que foi dito (ou debatido) nós já sabemos, queremos saber é como fazer a avaliação formativa.

É certo que não há um modelo de ação a seguir ou uma regra técnica aplicável que garanta sua presença, uma vez que os diferentes contextos em que a avaliação se desenvolve (incluindo os sujeitos que o integram) demandam diferentes instrumentos, procedimentos e estratégias. É certo também que a função formativa da avaliação é definida muito mais pela intenção do avaliador do que por suas práticas observáveis, o que lhe confere uma dimensão utópica, ou seja, sua existência concreta jamais poderá ser assegurada (HADJI, 2001), tendo em vista a impossibilidade de se conhecerem integralmente os reais propósitos dos indivíduos.

No entanto, algumas iniciativas sinalizam que a busca por uma prática avaliativa formativa está em curso. Vamos a elas:

  • Relação de ajuda com o estudante: “é a vontade de ajudar que, em última análise, instala a atividade avaliativa em um registro formativo” (HADJI, 2001, p. 22, grifos do autor).
  • Variabilidade didática: uma avaliação que não é seguida por uma modificação das práticas do professor tem poucas chances de ser formativa (HADJI, 2001).
  • Análise dos avanços de um mesmo estudante em diferentes momentos , sem estabelecer comparação entre ele e os colegas: a classificação, que conduz à exclusão, é contrária à avaliação formativa, que tem a inclusão como princípio fundamental.
  • Feedback constante: os estudantes devem ser informados sobre o desenvolvimento de suas aprendizagens, assim como orientados de modo que suas necessidades sejam atendidas. Abre caminho para que os estudantes desenvolvam o automonitoramento, processo em que eles próprios identificam suas necessidades de aprendizagem, ou seja, se autoavaliam e buscam os meios para atendê-las
  • Avaliação informal encorajadora: acontece quando o professor dá ao estudante a orientação de que necessita, no momento exato; manifesta paciência, respeito e carinho ao atender suas dúvidas; demonstra interesse pela aprendizagem de cada um; atende a todos com a mesma cortesia, sem demonstrar preferência; elogia o alcance dos objetivos; não penaliza o estudante pelas aprendizagens ainda não adquiridas; não comenta em voz alta suas dificuldades ou fragilidades; não faz comparações. Atitudes de interesse, disponibilidade e aceitação, que ajudam o estudante a se desenvolver e avançar, integram a avaliação informal formativa.
  • Variação de atividades/procedimentos de avaliação formal: diversificar os recursos para a coleta de informações sobre os estudantes possibilita uma análise mais criteriosa e aproximada de suas reais condições de aprendizagem. Prova, portfólio, observação, entrevista, autoavaliação, avaliação por colegas, relatórios, etc., são válidos, desde que as informações obtidas por meio deles sejam utilizadas em favor de melhorias no trabalho desenvolvido e, em decorrência, nas aprendizagens dos estudantes.
  • Diagnósticos e intervenções sistemáticas: é essa a dinâmica que permite aos estudantes avançarem continuamente, mantendo em dia suas aprendizagens.
  • Atitude investigativa: as intervenções que se seguem aos diagnósticos não se estabelecem sem um criterioso processo de pesquisa. Buscar caminhos que possibilitem auxiliar os estudantes na superação de dificuldades requer aprendizado constante.
  • Letramento em avaliação: aprender a avaliar na lógica formativa é um desafio permanente e, portanto, uma fonte inesgotável de aprendizagens. As formações inicial e continuada têm muito a contribuir para uma atuação docente que incorpore uma prática avaliativa parceira das aprendizagens.
  • Participação no processo autoavaliativo da escola: a avaliação do trabalho escolar requer a colaboração entre docentes, estudantes, pais/responsáveis e demais profissionais. Vale lembrar que a avaliação não acontece somente em sala de aula, mas no âmbito de toda a escola. É esse o momento em que informações advindas da sala de aula e dos exames externos se conectam com as percepções dos integrantes da escola sobre o trabalho realizado, possibilitando um olhar mais aprofundando e crítico sobre a realidade escolar. Conduzida com ética pelo coletivo, promove não só as aprendizagens dos estudantes, mas o desenvolvimento de toda a escola.

Mesmo diante das adversidades impostas por uma organização social pautada na individualidade, competitividade e, portanto, por processos que excluem os menos favorecidos cultural e economicamente, avaliar na perspectiva formativa constitui prática que se reveste de singular importância, por contribuir para que a escola constitua espaço de acolhimento, solidariedade e, sobretudo, de aprendizagens capazes de impulsionar melhorias educativas e, quiçá, sociais.

Referências:

HADJI, Charles. Avaliação desmistificada. Trad. Patrícia C. Ramos. Porto Alegre: Artmed, 2001.

 

Estudantes com ideias criativas podem se inscrever na maior feira brasileira de ciências

JC Notícias – 05/07/2022

Febrace está com inscrições abertas até 24 de outubro para estudantes de todo o Brasil

A Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), movimento nacional de estímulo ao jovem cientista liderado pelo Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica (Poli) da USP, está com inscrições abertas para a 21a edição da mostra de projetos, com etapas de participação on-line e presencial. Os projetos devem ser submetidos até o dia 24 de outubro pela plataforma Minha Febrace no endereço minha.febrace.org.br.

Podem participar estudantes matriculados no 8º ou 9º ano do ensino fundamental, no ensino médio ou técnico de instituições públicas e privadas de todo o Brasil. Os estudantes devem ter no máximo 20 anos. Os projetos podem ser realizados individualmente ou em grupos de até três estudantes autores, com participação obrigatória de um professor orientador. Os projetos submetidos devem enquadrar-se nas áreas das Ciências (Exatas e da Terra, Biológicas, da Saúde, Agrárias, Sociais e Humanas) e Engenharias.

Na primeira etapa de seleção, centenas de professores universitários e pesquisadores de diferentes universidades e centros de pesquisa do Brasil irão avaliar os inscritos e selecionar cerca de 500 projetos semifinalistas para participarem da apresentação e avaliação ao vivo via plataforma Zoom. A partir dessa avaliação, serão indicados 200 projetos finalistas para participação, em março de 2023, na Mostra Presencial de Projetos, na USP, Campus Butantã. Os critérios utilizados serão: criatividade e inovação; conhecimento científico do problema; forma de levantamento de dados e condução do projeto; profundidade da pesquisa, clareza na apresentação da documentação do projeto e na apresentação oral.

Na semana de 20 a 24 de março de 2023, acontecerão simultaneamente a Mostra Virtual de todos os projetos selecionados como semifinalistas e a Mostra Presencial dos 200  projetos finalistas em São Paulo no campus da USP. Durante essa semana também acontecerão palestras e workshops com transmissão das atividades pela internet. Na Mostra Virtual, os estudantes autores de aproximadamente 500 projetos semifinalistas terão a oportunidade de divulgar seus projetos, para professores e pesquisadores, participar de palestras e expor suas ideias ao público por meio da mostra on-line de projetos. Os participantes selecionados para a Mostra Presencial terão também a oportunidade de interagir presencialmente, em São Paulo, com professores, pesquisadores, patrocinadores e visitantes.

Durante a Mostra Presencial, os projetos finalistas serão avaliados, e identificados os primeiros, segundos, terceiros e quartos lugares de cada categoria – esses contemplados com troféus, medalhas e certificados na cerimônia de premiação prevista para o dia 24 de março de 2023.

Diversas instituições públicas e privadas também oferecerão prêmios como estágios, bolsas de estudo, equipamentos eletrônicos, visitas técnicas e credenciais para participação em outras feiras nacionais e internacionais. Serão ainda selecionados nove projetos, cujos autores irão representar o Brasil na maior feira pré-universitária do mundo: a Regeneron Isef (International Science and Engineering Fair), que em 2023 será realizada no mês de maio nos EUA.

De acordo com a coordenadora geral da Febrace, professora Roseli de Deus Lopes, a nova edição da mostra de projetos abre espaço para que mais jovens brasileiros possam apresentar suas inovações, on-line ao vivo, para cientistas de diversas áreas do conhecimento e de diversos países, além de oferecer a oportunidade para que jovens cientistas conheçam a USP e possam interagir com professores, pesquisadores, patrocinadores e visitantes.

A Febrace envolve, a cada ano, mais estudantes e professores no desenvolvimento de projetos investigativos. Em sua primeira edição, em 2003, foram enviados 300 projetos, e selecionados 93 finalistas. Mesmo diante das dificuldades e restrições impostas pela pandemia, em sua última edição, realizada em março de 2022, a Febrace envolveu diretamente mais de 29.875 estudantes de 27 unidades da Federação, que desenvolveram projetos investigativos e os submeteram diretamente ou através de uma das 97 feiras afiliadas. A mostra de projetos, realizada a distância em função da pandemia, contou com a participação de 1.081 estudantes finalistas acompanhados por 626 professores orientadores/coorientadores.

Acompanhe a Febrace pelo site www.febrace.org.br ou pelas redes sociais FacebookTwitter, YouTube e Instagram.

Jornal da USP

 

Brasil desperdiça 40% do talento de suas crianças, diz estudo inédito do Banco Mundial

JC Notícias – 04/07/2022

Instituição estima que PIB do Brasil poderia ser 158% maior, se os pequenos desenvolvessem todo seu potencial e País chegasse a pleno emprego

O que uma criança vivendo nas ruas e fora da escola em São Paulo e uma jovem negra formada na universidade que não consegue emprego em Salvador têm em comum?

Ambas fazem parte do contingente de talentos que são desperdiçados todos os dias no Brasil.

Uma criança brasileira nascida em 2019 deve alcançar em média apenas 60% do seu capital humano potencial ao completar 18 anos, calcula estudo inédito do Banco Mundial, ao qual a BBC News Brasil teve acesso.

Isso significa que 40% de todo o talento brasileiro é deixado de lado, na média nacional.

Nos rincões mais vulneráveis, o desperdício de potencial superava os 55% antes da pandemia, estima a instituição. Com a crise sanitária, a situação se agravou e, em apenas dois anos, o Brasil reverteu dez anos de avanços no acúmulo de capital humano de suas crianças.

Leia na íntegra: BBC

 

Blog do Freitas – 27/06/2022

Dyer: privatização é mais cara e de pior qualidade

Publicado em 27/06/2022 por Luiz Carlos de Freitas

Steve Dyer analisou o atual programa de terceirização e de vouchers existente em Ohio, um dos estados de longa história de privatização da sua educação. Ele mostra que as principais reivindicações da privatização – ser mais barato para o poder público e produzir melhores resultados para as crianças – não se verificam neste estado.

Leia aqui.

Ele encontrou que, hoje, as terceirizadas existentes e os programas de vouchers consomem impostos no valor de 1.490 milhão de dólares, enquanto que se todos os alunos que estão em escolas terceirizadas e nos programas retornassem para as escolas públicas atuais, o gasto seria de pouco mais de 1.420 milhão de dólares (confira aqui). Uma economia aproximada de 70 milhões de dólares.

No entanto, ainda resta a questão da qualidade. Os privatistas prometiam melhor qualidade a um custo menor. Mas, será que mesmo sendo mais caro a qualidade melhorou? Não. Em Ohio, seguindo a tradição da reforma empresarial, as escolas públicas e terceirizadas são avaliadas em uma escala que vai de A (as melhores) até F (as piores). Se compararmos o número de escolas privadas que recebem entre avaliação A e C com as escolas públicas, vamos ver que há o dobro de escolas públicas qualificadas entre A e C (confira aqui).

Dyer resume dizendo que a privatização em Ohio:

– custa mais para os “pagadores de impostos” do que se os estudantes estudassem nas escolas públicas;

– fornece menor qualidade;

– piora a segregação escolar;

– cria limites para as oportunidades educacionais dos estudantes das escolas públicas já que sugam recursos educacionais do orçamento público.

E podemos agregar que impede que reformas educacionais realmente eficazes sejam colocadas em prática pelos administradores e pelo magistério das escolas, perdendo tempo com a crença de que inserindo as escolas no mercado e na competição, massacrando as escolas com avaliações externas frequentes, tudo vai melhorar.

A pergunta que fica é: por que continuamos acreditando nas promessas dos homens de negócio e seus investimentos “sociais” privados em educação. E pior, com o discurso da “evidência empírica”, ou seja, com o discurso de que suas propostas estão de acordo com as “evidências empíricas”.

Durante muito tempo as pessoas morreram de câncer fumando cigarros, enquanto as distribuidoras de cigarros faturavam argumentando que não havia “evidência empírica” conclusiva que indicasse que cigarro produzia câncer – e havia. Da mesma forma, hoje seguimos aplicando as receitas da reforma empresarial da educação baseados unicamente na fé no mercado e descartando as evidências que mostram o desastre destas reformas (para mais evidências, confira aqui).

 

Privatização na rede paulista

Publicado em 26/06/2022 por Luiz Carlos de Freitas, blog do Frietas

A cidade de São Paulo corre o risco de ter sua rede de ensino privatizada por um projeto de lei apresentado pelo Partido Novo e pelo PSDB. Como sempre, o discurso de garantir “escola de qualidade” para os pobres está presente. Na visão deste pessoal, os governos não sabem administrar as escolas e o Estado não implementa a competição entre as escolas – eis a origem de todos os problemas. Portanto, a solução simplista (e conveniente para os negócios) é privatizar, inserindo-as em um mercado competitivo.

Aprovado, o programa de privatização começaria pelas escolas de menor IDH, como também o faz o programa das escolas militarizadas. Vão dizer que não é privatização, pois eles não estão comprando a escola. Mas a privatização não implica só compra do bem privatizado, há várias modalidades de privatização. O disfarce virá com o nome de “publicização” ou algo parecido, mas é terceirização radical – uma estratégia de privatização.

Este discurso todo virá com o objetivo de convencer as pessoas das boas intenções dos “homens de negócio” agora embutidos em Organizações Sociais que estariam dispostas a fazer investimento social privado – uma tergiversação, pois, no mundo dos negócios o que conta é o lucro. De fato, grandes massas de recursos financeiros ociosos estão buscando qualquer atividade estatal para privatizá-la e, de quebra, introduzir sua ideologia baseada na meritocracia, formando a juventude de forma a ela se alinhar com as suas demandas. É uma busca por lucro e por adeptos.

Até mesmo as Organizações Sociais ditas sem fins lucrativos, como demonstrou recente relatório nos Estados Unidos, são pontas de lança de empresas privadas lucrativas.

O modelo foi amplamente usado nos Estados Unidos na fracassada época (ver aqui) de G. Bush durante a onda de privatização iniciada em 2001 com a lei “nenhuma criança deixada para trás” que converteu-se em “nenhuma ONG e consultoria deixadas para trás”.

Ele vem no estilo “take over”, uma ferramenta de negócios que visa assumir o controle total de uma organização escolar – seja do ponto de vista cultural, seja do ponto de vista operacional – incluindo troca de pessoal que não queira migrar para novo contrato.

Não adiantam relatórios e mais relatórios apontarem a ineficácia destes processos para a melhoria do desempenho dos estudantes – você pode ver estes relatórios aqui – é negócio baseado em fé no mercado motivada por lucro: a mão invisível do mercado que corrige tudo através da competição – segundo os teóricos do neoliberalismo que dominam o Partido Novo.

Leia o projeto aqui.

 

Ministério da Educação lança Política para recuperação da aprendizagem na educação básica

JC Notícia – 21/06/2022

O objetivo da ação é ajudar estudantes e professores da rede pública de ensino a recuperar a aprendizagem perdida no período de ensino remoto provocado pela pandemia e combater a evasão e abandono escolar

Em solenidade nesta segunda-feira (20), no Palácio do Planalto, em Brasília, foi lançada pelo Ministério da Educação a Política Nacional para Recuperação das Aprendizagens na Educação Básica. O objetivo da ação é ajudar estudantes e professores da rede pública de ensino a recuperar a aprendizagem perdida no período de ensino remoto provocado pela pandemia e combater a evasão e abandono escolar. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) participou do lançamento.

A política será implementada com foco como em elevar a frequência escolar e reduzir os índices de evasão e abandono; desenvolver estratégias de ensino e aprendizagem para o avanço do desempenho e da promoção escolar; diminuir a distorção idade-série por meio do monitoramento da trajetória escolar; promover a coordenação de ações para o enfrentamento do abandono escolar e recuperação das aprendizagens; incentivar a formação para o uso pedagógico de conteúdos digitais; entre outros.

A cerimônia também marcou o lançamento da iniciativa MECPlace – Ecossistema de Inovação e Soluções Educacionais Digitais, que tem o objetivo de levar para as redes federal, estadual, distrital e municipal de ensino público tecnologias e soluções inovadoras e consolidadas ofertadas pelo mercado privado. O objetivo é acelerar o processo de inclusão digital nas escolas.

Durante o lançamento, o presidente da República pontuou que o fechamento de escolas durante a pandemia trouxe prejuízos aos país. O ministro da Educação afirmou que a implantação da política também acontece por meio de acordo com grandes empresas de tecnologia, como Google e Microsoft e ressaltou que o país demorou a retomar as aulas presenciais. Ele também lembrou que a política de recuperação das aprendizagens foi anunciada em maio durante o Fórum Mundial da Educação, em Londres.

(Merece reflexão a participação de grandes empresas de tecnologia, como Google e Microsoft. O que elas ganharão com isso?)