“COMO USAR A AVALIAÇÃO FORMATIVA COM 350 ALUNOS?”

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

Dia 21 de maio de 2013 participei da mesa redonda que abriu o III Circuito Pedagógico da Coordenação Regional de Ensino de Planaltina, uma das cidades do DF. Falei sobre a avaliação na organização da escolaridade em ciclos. A discussão sobre a avaliação formativa, função condizente com os ciclos, costuma trazer inquietações aos professores porque desestabiliza o trabalho que vem sendo desenvolvido há muito tempo. Uma da perguntas formuladas pelos professores é a seguinte: “como usar a avaliação formativa quando trabalhamos com 350 alunos?”. Sei que há professores que trabalham com número maior do que este. O grande número de alunos em sala de aula tem sido apontado como obstáculo ao desenvolvimento da avaliação formativa. Em parte os docentes têm razão. A avaliação formativa requer comprometimento do professor com as aprendizagens dos alunos. Contudo, cabe pensar: avaliar de forma classificatória também é um ato trabalhoso. Tenho sugerido aos professores, com quem me encontro, utilizarem os aspectos da avaliação formativa que se adaptem ao seu contexto de trabalho para que construam gradativamente o processo que promova as aprendizagens. Um exemplo simples: usar os resultados de uma prova ou de outro procedimento avaliativo para identificar o que os alunos aprenderam e o que não aprenderam para promover as intervenções necessárias. Outra possibilidade é o uso adequado da avaliação informal. Em seu livro Avaliação educacional: caminhando pela contramão, da editora Vozes, 2009, Freitas et al (2009, p. 27) afirmam que esta é a parte mais dramática e relevante da avaliação porque, por este meio, os alunos não percebem que estão sendo julgados. Esses julgamentos são impenetráveis, consideram os autores, e “regulam as relações tanto do professor para com o aluno quanto do aluno para com o professor” (p. 27). Os mesmos autores explicam que os professores tendem a tratar seus alunos de acordo com os juízos formados sobre eles, o que pode conduzir ao fracasso ou ao sucesso. O oferecimento ou não de intervenções pedagógicas com vistas à conquista das aprendizagens pode se guiar por esses juízos formados ao longo da convivência escolar. Freitas et al (p. 28) concluem que esse processo se dá de forma encoberta, sem que haja avaliação formal. Isso não significa que a avaliação informal seja sempre prejudicial: como está presente em todos os momentos e espaços escolares, deve ser entendida e praticada de forma ética e encorajadora, sem desmerecer a imagem do aluno e sem expô-lo a situações constrangedoras, como a criação de rótulos e apelidos. Esse já é um bom início para a adoção da avaliação formativa. Professores que praticam a avaliação informal encorajadora e respeitosa inspiram seus alunos para terem a mesma atitude entre eles.

 

2 respostas para ““COMO USAR A AVALIAÇÃO FORMATIVA COM 350 ALUNOS?””

  1. Benigna e demais pesquisadores

    De fato, pensar em uma avaliação formativa com classes numerosas é quase impossível, eu diria. Mas o fundamental, é a concepção de avaliação que o professor carrega. Se há uma reflexão, por parte do professor, no sentido de compreender que a avaliação é parte do processo de ensinar e aprender e que ela serve para que os estudantes aprendam e mais, se tal reflexão faz com que o professor decida que ele não vai avaliar para classificar, nem premiar, nem castigar, esse já um grande passo, uma grande contribuição para que possamos ter novas práticas de avaliação, práticas que emancipam, práticas mais humanizadas, mais acolhedoras.

     
    1. Obrigada, Cláudia, seus comentários complementam muito bem o pequeno texto. Precisamos pensar juntamente com os professores da escola de educação básica como praticar a avaliação formativa em turmas numerosas. Além disso, os professores dos anos finais do ensino fundamental e os do ensino médio trabalham com várias turmas. Quais componentes da avaliação formativa eles poderão introduzir? Envolver os alunos no processo avaliativo seria uma ideia viável?

       

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