Benigna Maria de Freitas Villas Boas
Retirei do livro “A avaliação da aprendizagem na Escola da Ponte”, de autoria de José Pacheco e Maria de Fátima Pacheco, Editora Wak, 2012, p. 50, o seguinte parágrafo:
“Na Ponte [Escola da Ponte] é bem diferente esse conceito de avaliação. Não existe repetência. A avaliação não tem o objetivo de aprovar ou reprovar. Não existem séries para a criança “passar de ano”. Ela avança conforme sua autonomia e seu ritmo. Em um mesmo espaço convivem crianças que estão estudando objetivos diferentes, que não percorrem o mesmo caminho. É claro que existem aquelas que avançam mais rapidamente, a exemplo de um aluno que, na escola “comum”, estaria no quarto ano e que, na Ponte, já estava alcançando objetivos do sexto ou sétimo ano. Outras já precisam de um tempo maior, mas isso é visto de maneira natural. Os ritmos são respeitados. O que ela não atingiu nesse ano, pode atingir no próximo, sem precisar “repetir” muitas coisas que já foram vistas. Ela segue com aquilo que aprendeu e que ainda precisa ser alcançado”.
Os autores descrevem o que nós chamamos de avaliação formativa. Além disso, sem usarem a expressão, explicam como se desenvolve a progressão continuada, que se harmoniza com a avaliação formativa. Na Escola da Ponte não existe o regime seriado.
O prefácio do livro afirma que a avaliação tem sido uma temática bastante enfatizada pelos professores.
No Brasil ainda estamos construindo a avaliação que se comprometa com a conquista das aprendizagens pelos estudantes e abandone a sua função classificatória e excludente. A reprovação não condiz com o que se entende por escola democrática. A escola não foi concebida para reprovar os estudantes, mas para ser ambiente de aprendizagem para todos. Por que insistimos nessa prática que tem sido tão injusta? Por que a Escola da Ponte consegue levar em frente trabalho que fortalece as aprendizagens de todos os estudantes e nós encontramos tanta resistência dos próprios professores para oferecer aos estudantes o que lhes é de direito?
Enfim a escola da ponte é um sonho, porém irreal para o Brasil, mas não consigo entender o porque? A educação e a cultura do Brasil são pobres e caso o método aplicado na escola da ponte fosse implantando aqui as crianças/adolescentes simplesmente não iriam querer avançar, pois eles nunca foram estimulados a sanar suas e dúvidas e pesquisar por si só. É a mesma coisa que colocar a eleição facultativa como já ocorre nos E.U.A, aqui simplesmente a população não iria votar.
Eu acredito sim em uma escola sem reprovação, porém o sistema teria que mudar totalmente seu olhar sob a educação e reformular o quadro de funcionários porque a maioria dos professores que estão em sala hoje são mentes fechadas e que muitas vezes não vão aceitar essa mudança e irão caminhar pela contra mão, tornando assim, o ensino de péssima qualidade e deixando alguns alunos em desvantagem, por terem essa mente fechada para novas teorias.
Dayanne, agradeço sua contribuição. Em primeiro lugar, não se trata de transplantar para o Brasil um projeto concebido para outra realidade. Isso não daria certo. Cada projeto pertence a um contexto. A Escola da Ponte nasceu por meio de um projeto que começou a ser desenvolvido por poucas pessoas e foi crescendo.
Em segundo lugar, cabe refletir: será que nossos alunos não querem avançar? Talvez eles ainda não conheçam a escola onde possam realmente aprender sem retenção, percalços e lacunas em seu processo de aprendizagem. Como você afirma, eles não têm sido estimulados a “sanar suas dúvidas e pesquisar por si sós”. Eles cumprem o que a escola determina que façam. Nossa escola ainda não lhes é oferecida como local do seu “trabalho”, do qual fazem parte e para cuja organização eles contribuem. Simplesmente eliminar a reprovação não resolve os problemas na nossa educação. É preciso saber o que colocar no lugar. O que se contrapõe à reprovação é a aprendizagem. Como desenvolver o trabalho escolar de modo que todos os alunos aprendam?
Em terceiro lugar: como formar os professores para trabalhar de forma que todos os alunos aprendam e não simplesmente “passem de ano”? Como mudar o jeito da escola para que ela se ajuste às necessidades sociais?
Abs,
Benigna Villas Boas
Quem disse que a Escola da Ponte não é possível no Brasil???
Existe sim, há um tempo já em Cutia na grande São Paulo. Conhecida como Projeto âncora, a escola segue os mesmos princípios avaliativos da Escola da Ponte, ou seja, um sonho que foi realizado aqui no Brasil.