EDUCAÇÃO DE MÁ QUALIDADE EXPULSA ALUNO
Benigna Maria de Freitas Villas Boas
Importante ler a reportagem abaixo. Ter escolas e nelas matricular os alunos não resolvem o problema da educação. O IDHM é um índice numérico que não mede a qualidade do trabalho da escola. Como o texto afirma, em seu final, o IDHM mostra que a “universalização do ensino e a melhoria de renda não são suficientes para manter o aluno na escola na idade certa para cada série”. É preciso ter escolas de qualidade. Além disso, acrescento, os professores precisam ser formados para atender as necessidades de cada contexto educacional. Os cursos que os formam estão defasados e não contam com professores que conhecem o trabalho da educação básica. Muitos deles estiveram em escolas desse nível como alunos. Como poderão contribuir para a formação dos professores que nossas escolas requerem? Ainda estamos longe disso.
Benigna Villas Boas
“Análise: Educação de má qualidade expulsa estudantes e cria defasagem
Folha de São Paulo, 30/08/2013
O crescimento de 128,3% nos índices de educação foram insuficientes para o Brasil conseguir um bom resultado no IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) divulgado ontem.
Foram justamente os resultados de educação que puxaram o índice para baixo.
O Brasil partiu de níveis de educação muito baixos em 1991, ano do primeiro Censo do IBGE usado no cálculo do IDHM. Por mais que crescesse, não seria suficiente para atingir bons patamares.
Naquele ano, 30,1% da população adulta tinha ensino fundamental concluído. Ou seja, menos de um terço dos adultos tinha terminado o primeiro ciclo da escola.
Em 2010, o índice chegou a 54,9% -uma taxa bem melhor, mas ainda muito ruim.
Com sorte, esses adultos terminarão agora o ensino médio. Mas dificilmente chegarão até o ensino superior.
Os dados revelam uma defasagem no caminho seguido por quem está na escola. É como se o estudante desistisse ano a ano. Especialistas em educação sabem que escola boa segura o aluno, mas escola ruim o expulsa.
Hoje, 59% dos jovens de 18 a 20 anos não possuem ensino médio completo. Isso significa que poucos terão chance de chegar à universidade na chamada “idade universitária”, de 18 a 24 anos. Algo grave para um país que precisa de médicos e de engenheiros, dentre outros.
Contam pontos no cálculo de educação do IDHM a quantidade de adultos (mais de 18 anos) com fundamental completo e a porcentagem de crianças e jovens na escola em suas séries escolares.
Trata-se de um reflexo da presença dos estudantes na escola. Se a avaliação considerasse também os resultados de exames que medem a qualidade do ensino de português e de matemática, por exemplo, provavelmente o índice seria ainda pior.
Vale destacar ainda a desigualdade nos dados de educação. Mais de 30% das cidades brasileiras têm nota “muito baixa” no quesito educação. A maioria delas está no Norte e no Nordeste.
O IDHM mostra que a universalização do ensino e a melhoria de renda não são suficientes para manter o aluno na escola na idade certa para cada série. É preciso ter escolas de qualidade”.