ENSINAR, APRENDER E AVALIAR: QUESTÃO DE CONCEPÇÃO

Erisevelton Silva Lima (Prof. Eri)
Se as coisas são inatingíveis, isso não é motivo para não querê-las. (Mário Quintana)

Caso não mudemos as concepções sobre ensinar e aprender, tampouco mudaremos a compreensão sobre o que é avaliar. A avaliação, isoladamente, não muda a concepção de ensinar, também não opera sobre o que pensam os professores sobre o que é aprender. Em razão das nossas práticas antigas e equivocadas sobre o que é avaliar respaldadas na função classificatória, a avaliação ocupa lugar derradeiro no processo de ensino. Muitos ainda acreditam que se deve ensinar para depois aprender e que, finalmente, será possível avaliar. Nessa “esteira fabril” transportada para o cenário educativo, a avaliação é concebida como um fim em si mesma para justificar os meios. A compreensão é a de que depois de “tudo” feito, “avalia-se” para corroborar os resultados. Acontece que nós, defensores da avaliação formativa, acreditamos noutra lógica, ou seja, naquela em que o ato avaliativo acontece antes mesmo de ensinar e permanece durante todo o processo servindo de retroalimentação para aqueles que agora aprendem, ensinam e progridem juntos.

Considerando as práticas avaliativas adotadas muitas vezes em componentes curriculares que trabalham com o ensino da língua, seja materna ou estrangeira, é preciso observar que se o docente entende que ensinar e aprender língua devem ocorrer por meio da estratégia de decorar conceitos e ou traduzir palavras, fatalmente é este tipo de “aprendizagem” que será retomada por meio do processo avaliativo. Se alguém insiste que aprender gramática e memorizar as definições de artigo, substantivo, adjetivo dificilmente as provas aplicadas aos estudantes exigirão outro tipo de entendimento. Com esses exemplos pretendo enfatizar o que anunciei no início deste texto: ou mudamos nossa concepção sobre o que é aprender e ensinar ou do contrário não conseguiremos mudar a concepção sobre o que é avaliar.

A avaliação inclui o recolhimento de informações pelos professores que, para isso, se encontram com a necessidade de agir como pesquisadores. Se a coleta das informações não for bem conduzida, assistida e sob critérios bem definidos, de pouco ou quase nada elas servirão. A avaliação, ao ser realizada, já está impregnada por concepções de ensino e de aprendizagem. Se acreditamos que os estudantes aprendem de maneira diferente, que negociam entendimentos, que requerem contextualização e critérios, então, o ato avaliativo acompanhará igual sentido.

Avaliar de maneira formativa não é fácil nem se apresenta por meio de receituários modeláveis, mas, como disse o poeta na epígrafe que abre este artigo, precisamos querer, inclusive, as coisas ditas “inatingíveis”.

 

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