FAMÍLIA: presente!

FAMÍLIA: presente!!

Rose Meire da Silva e Oliveira

 Olá, queridos pais e responsáveis,

Logo, logo mais um ano letivo escolar se aproxima e escrevo-lhes esta carta para conversarmos sobre um assunto relevante para a aprendizagem dos seus filhos/estudantes!

Imagino que nos primeiros dias de aula um turbilhão de ideias, expectativas, anseios e de dúvidas surgem sobre o trabalho da escola, as atividades pedagógicas que serão desenvolvidas pelos professores, como será o desempenho dos seus filhos. Alguns ainda poderão se perguntar: será que meu (minha) filho (a) irá gostar do (a) professor (a), dos colegas em sala de aula? Será bem acolhido pelos profissionais da escola? Conseguirá aprender? Terá dever de casa e com qual periodicidade? Como serão as provas? Haverá notas? Quais atividades serão cobradas? Será aprovado ao final do ano letivo?

Quando estas e outras perguntas não são respondidas a contento pela escola e professores, quando os pais e responsáveis não compreendem toda a dinâmica que envolve o processo avaliativo, de ensino e aprendizagem dos filhos, percebe-se um clima de insegurança e incertezas nas relações estabelecidas, ao longo do ano letivo, dificultando o envolvimento e compromisso da família com a vida escolar dos estudantes.

E, nesse sentido, gostaria de lhes contar um segredo… Não deixem de perguntar, esclareçam suas dúvidas, façam-se presentes no cotidiano da escola, sintam-se agentes colaboradores da aprendizagem de seus filhos. Questionem quando necessário como se dará o ensino, a avaliação do trabalho da escola e da aprendizagem em sala de aula.

Para ajudá-los poderíamos conversar sobre vários aspectos que envolvem a organização do trabalho da escola e pedagógico, mas hoje gostaria de elucidar um assunto específico, para maior clareza de vocês no processo educativo dos filhos: a AVALIAÇÃO FORMATIVA.

Prevista nos documentos da Secretaria de Estado de Educação para toda a rede pública do DF e adotada em todos os níveis e etapas de ensino, a avaliação formativa é muito discutida entre os docentes, mas necessita ser mais bem compreendida pelos pais, responsáveis e estudantes. Então, vamos lá! Em que consiste a concepção formativa da avaliação? O que ela não é?

Quando as práticas avaliativas adotadas pela escola e corpo docente alicerçam o processo de aprendizagem com informações relevantes a respeito dos avanços e lacunas deixadas ao longo do ano, o que permite que o coletivo de professores não somente planeje estratégias pedagógicas, mas discuta e esclareça junto aos pais e estudantes como os projetos interventivos serão planejados, organizados e desenvolvidos para que todos aprendem mais e melhor, a avaliação formativa cumpre seu objetivo. Vamos entender um pouco mais?

Podemos dar um “like”, apoiar ações e procedimentos avaliativos quando:

  • A escola e professores juntamente com os estudantes discutem os objetivos a serem alcançados e os critérios avaliativos que serão adotados no transcorrer de todo o ano letivo, explicando aos pais, na primeira reunião, como se darão as práticas avaliativas. Isso se refere às provas, aos trabalhos escolares, deveres de casa e atividades propostas e acordadas em sala de aula. Assim, professores, estudantes e família estarão cientes dos seus papéis e funções no processo de ensinar e aprender.

 

  • O(s) professor(es) compartilham os avanços e fragilidades da aprendizagem dos e com os estudantes e pais/responsáveis durante o processo de ensino e não somente ao final de cada bimestre, trimestre ou semestre.

 

  • A escola acolhe, proporciona e ajusta de acordo com a necessidade dos pais/responsáveis, momentos dialógicos acerca do trabalho escolar e pedagógico, para juntos tomarem decisões que concorram para potencializar e dar continuidade à aprendizagem dos filhos/estudantes.

 

  • Os projetos e práticas avaliativas informam e situam a aprendizagem de cada estudante, visando seu acompanhamento e o planejamento de estratégias e intervenções pedagógicas individuais e/ou coletivas específicas para continuarem aprendendo. Por isso, a avaliação e aprendizagem caminham juntas e conectadas.

 

 

Agora, vamos a algumas ações que não podemos dar um “like” ou concordar sem discutir com os sujeitos envolvidos no processo, pois não condizem com a concepção da AVALIAÇÃO FORMATIVA:

 

  • A adoção de notas nas atividades avaliativas como sinônimo de aprendizagem. O que isto significa? As notas não revelam se seu filho aprendeu ou não. Muitas variáveis podem ser consideradas quando o estudante se depara diante com uma prova escrita ou oral, um questionário, uma avaliação pautada na memorização, por exemplo. São eles: o estado emocional, se houve compreensão do conteúdo dado, das condições objetivas de estudo, acompanhamento familiar e recursos pedagógicos. Um instrumento avaliativo bem elaborado, que faça sentido e seja coerente com os objetivos previstos pode indicar elementos em prol da aprendizagem dos estudantes.

 

  • Críticas negativas ou depreciativas, a emissão de juízos de valor a partir de questões comportamentais e atitudinais dos estudantes, sem a preocupação com a autoestima e construção do autoconceito da criança e do adolescente. A avaliação formativa caracteriza-se por ser inclusiva e ética, respeitando as particularidades de cada ser.

 

  • A escola considera o acompanhamento escolar do filho pela família, deficitário, sem levar em conta as necessidades e dificuldades que os pais/responsáveis encontram para sustentar a família, suas condições socioeconômicas e culturais, desqualificando-os como sujeitos copartícipes do processo educativo dos filhos.

Enfim, a avaliação formativa caracteriza-se como recurso pedagógico dinâmico e capaz de gerar informações constantes ao longo do processo educativo, tendo em vista as aprendizagens e a formação escolar dos estudantes. O que destoa destes princípios não pode ser compreendido como prática avaliativa inclusiva e ética.

Espero que eu os tenha ajudado a compreenderem um pouco mais a avaliação, categoria chave da organização do trabalho pedagógico, do qual vocês são sujeitos sociais indispensáveis para a qualidade social da educação e bem-estar das crianças e adolescentes. Aliás, bom retorno às aulas!

 

Abraços.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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