“HORA DO ENEM”: parte da solução para os problemas do ensino médio?
Benigna Maria de Freitas Villas Boas
No início de abril deste ano o MEC anunciou a criação de quatro simulados nacionais do ENEM. É uma iniciativa adequada?
Inicialmente, cabe apontar um benefício: poderá ser um recurso complementar aos estudos. Haverá aulas diárias nos canais públicos, comunitários e universitários na televisão em todo o país. Ao lançar o programa, o ministro Mercadante assim dirigiu-se aos estudantes: “Estudem, estudem. E quando estiverem cansados estudem mais um pouco, que não faltam condições”. Será? Quero acreditar que isso vai ocorrer e alcançará todos os estudantes interessados.
Contudo, não se pode esquecer que o ensino médio tem sido negligenciado pelos gestores de todos os níveis e que as escolas funcionam em condições precárias. O ano letivo sempre começa com a falta de muitos professores e livros. Há turmas com número excessivo de estudantes.
O ministro garantiu que a Hora do ENEM não terá custo para o ministério, pois será uma parceria com o Sistema S, conjunto de organizações de entidades corporativas voltadas para o treinamento profissional. Fazem parte o Senai, o Sesc, o Sesi e o Senac. Tomara dê certo. Nossos jovens merecem o melhor.
Ao lado dessa iniciativa, por que não reforçar o trabalho pedagógico das escolas de ensino médio de modo que nossos estudantes se preparem durante todo o curso não somente para prestar as provas do ENEM, mas, também, para desenvolverem com tranquilidade seus estudos na universidade e enfrentarem as exigências do mundo do trabalho? Dar destaque a provas é insuficiente. Muitos estudantes chegam a se matricular em cursos de nível superior e se evadem por não se adaptarem ao mundo acadêmico. Onde está o problema? A articulação entre a educação básica e a universidade torna-se fundamental. Obter pontuação no ENEM que possibilite entrar na universidade não basta.
Portanto, isoladamente, a Hora do ENEM poderá não cumprir seu propósito.