Benigna Maria de Freitas Villas Boas
No momento em que a SEDF se prepara para dar continuidade à organização da escolaridade por meio de ciclos, têm surgido manifestações reveladoras do entendimento equivocado de avaliação. Sempre que se aborda esse tema a avaliação é mencionada, o que demonstra a necessidade de ser bem compreendido o seu papel. Dirimir dúvidas é indispensável.
Reportagem do Corrreio Braziliense do dia 07/02/2013, Caderno Cidades, p. 25, afirma: “Pelo planejamento do governo, os estudantes do ensino fundamental não serão mais avaliados a cada série, como acontece hoje a partir do 4º ano. A Secretaria de Educação vai ampliar o sistema de ciclos, já implantado da 1ª à 3ª série, para os dois anos subsequentes. Assim, somente no fim do 3º e do 5º anos, os alunos farão provas que poderão reprová-los”. Esta declaração presta um desserviço à comunidade e ao trabalho escolar porque transmite informação errada. Em primeiro lugar, os estudantes não deixarão de ser avaliados a “cada série” porque a avaliação é um processo que ocorre em todos os momentos do trabalho escolar. É comum confundir-se avaliação com reprovação. Reportagens como esta reforçam a ideia da necessidade da reprovação, um mito a ser derrubado. O objetivo da escola é promover as aprendizagens de cada estudante. A reprovação representa o fracasso da escola.
Em segundo lugar, a avaliação não se realiza somente por meio de provas nem o estudante é reprovado porque se saiu mal em provas “finais”. O acompanhamento da trajetória de aprendizagem é feito ao longo do ano levando-se em conta procedimentos formais e informais de avaliação. Resultados desse processo são analisados com os estudantes e seus pais permanentemente.
Em outra reportagem do Correio Braziliense do dia 9/02/2013, Caderno Cidades, p. 20, a mesma ideia é reforçada: “Assim como acontece entre o 1º e o 3º ano, em que os alunos são avaliados ao final do ciclo, e, portanto, não podem ser reprovados no meio desse período, o método seria estendido para as duas séries seguintes (4º e 5º anos)”.
Observa-se que as reportagens sobre a continuidade dos ciclos na rede pública de ensino do DF dão destaque à reprovação. Não se põe em discussão o compromisso da escola com a aprendizagem dos estudantes.
Lendo informações desse tipo continuamente, professores e demais profissionais da educação que atuam nas escolas, pais, estudantes e a comunidade em geral constroem entendimento de avaliação como um ato episódico e que serve a fins classificatórios e seletivos. Não é essa a avaliação que contribui para a conquista das aprendizagens por nossas crianças e nossos jovens.
Parece que os profissionais que escrevem essas reportagens, como alunos, submeteram-se à avaliação que eles retratam. Contudo, isso não justifica a divulgação de entendimento equivocado sobre esse tema. Eles poderiam buscar informações que contribuíssem para a melhoria do trabalho escolar.