Investir na criança é mais eficaz que distribuir renda, diz Nobel
James Heckman falou em evento organizado por EXAME e VEJA sobre a importância de investir na educação infantil e como isso pode reduzir a desigualdade
Por Victor Caputo
25 set 2017, 18h49 – Publicado em 25 set 2017, 12h07
(Flávio Santana/EXAME.com)
São Paulo – Investir no desenvolvimento de crianças na primeira infância pode ser mais eficiente no combate à desigualdade do que políticas de distribuição de renda. A tese é do Nobel de Economia James Heckman, que falou no evento “Os desafios da primeira infância – Por que investir em crianças de zero a 6 anos vai mudar o Brasil”, organizado por EXAME e VEJA e apoiado pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, pela Fundación Femsa e pela United Way Brasil.
Heckman entende que o investimento no desenvolvimento cognitivo de crianças entre 0 e 6 anos é mais eficiente como forma de combate à desigualdade e incentivo à mobilidade social do que mecanismos tradicionais, como a distribuição de renda de ricos para pobres. Isso porque é que durante a primeira infância que o cérebro das crianças está se desenvolvendo em ritmo acelerado. Nessa fase é preciso foco por parte do sistema educacional e das famílias. Segundo ele, os governos precisam mudar a forma como encaram a educação na primeira infância.
A tese de Heckman é que é preciso investir “o mais cedo possível” para maior eficiência—e o melhor momento para isso seria durante a primeira infância. “Investimentos na preparação para o mercado profissional trarão baixo retorno. Por outro lado, com investimentos em anos iniciais do desenvolvimento, o retorno será mais alto”, diz Heckman.
Como evidência, o economista oferece casos de países com baixa desigualdade e altos investimentos em educação, como a Dinamarca. O cientista afirma que mesmo nesses cenários, a educação e o preparo dos pais trazem impactos para o desenvolvimento de habilidades das crianças.
Nesse cenário, Heckman vê grande importância o papel de pais e tutores. “Pais muitas vezes não sabem que interagir e encorajar a criança traz resultados positivos para o desenvolvimento.”