LIÇÃO DE CASA: TEMA ABANDONADO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Benigna Maria de Freitas Villas Boas
A Prefeitura de São Paulo pretende desenvolver em 2014 Programa de Reorganização Curricular e Administrativa, Ampliação e Fortalecimento da sua rede municipal de ensino. Para tanto apresenta em seu site documento para consulta pública. Uma das estratégias apontadas para que o aluno “corrija seu processo de aprendizagem” é a lição de casa.

No livro Dever de casa e avaliação, escrito por Enílvia Rocha Morato Soares e por mim, publicado neste ano pela Editora Junqueira & Marin, apresentamos resultados de uma pesquisa realizada em uma escola da rede pública do DF. Chamou-nos a atenção o depoimento da professora colaboradora da investigação:
“Eu nunca tinha parado pra pensar nisso… sério mesmo. Pra que a gente manda tarefa de casa? Que hábito é esse que a escola adquiriu? Quem inventou isso? Será que não é mais uma forma de punir as crianças? De cobrar das crianças… às vezes até de tirar um pouco da responsabilidade, da tua responsabilidade enquanto professora, né? São coisas que eu comecei a pensar”.

Durante a pesquisa observamos que a professora ainda não havia refletido sobre a necessidade do dever de casa, o que indica que, na escola, talvez não houvesse momento para isso. Sua declaração possibilita trazer à tona uma prática rotineira e, ao mesmo tempo, desconhecida e inquestionável.

Como a proposta de reorganização curricular da Prefeitura de São Paulo parece querer revitalizar a lição de casa, dando-lhe destaque em seu documento orientador, imagino que os professores vão receber formação para que a integrem devidamente ao trabalho pedagógico.

Não conheço curso de licenciatura (incluindo o de Pedagogia) que analise a prática do dever de casa com os futuros professores. Esta é uma tarefa fundamental da disciplina Didática e de outras que tratem da organização do trabalho pedagógico.

 

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