MEDO E INCOMPREENSÃO SOBRE AVALIAÇÃO

MEDO E INCOMPREENSÃO SOBRE A AVALIAÇÃO

 

Erisevelton Silva Lima – Doutor em Avaliação pela Universidade de Brasília

 

Esta semana uma colega de trabalho, professora da rede pública do DF, relatou-me que o filho menor chegou assustado da igreja onde frequenta aulas de catecismo. Na ocasião, o garoto recebeu a informação da sua instrutora religiosa de que, no próximo domingo, realizarão uma avaliação sobre o encontro ocorrido no sítio da área rural da cidade. A criança estava tão preocupada que expressou para a mãe sua vontade de não mais frequentar o templo, afinal irá fazer provas, igualmente na escola.

Na verdade a igreja não realizou prova, nem mesmo um teste para verificar se a criança apreendeu algum item da Bíblia, é que o medo já instaurado pela cultura de que avaliar é aplicar ou submeter alguém a provas ou testes parece que está sedimentado na cultura popular e, infelizmente, na cultura de muitas escolas. A questão aqui não é “satanizar” ou “endeusar” o ato de realizar ou não provas, mas devemos ir além do momento em que se materializa o ato avaliativo, seja na escola ou fora dela. A ideia de que a avaliação serve como espaço para apreciação, discussão, melhoria e qualificação do fazer humano e escolar, para além da notação, ainda está longe de ser internalizada por todos os professores profissionais e, também, pela comunidade escolar. Cumpre a nós, estudiosos da avaliação, insistir nas boas práticas formativas da avaliação divulgando-as e, com isso, incentivando o encorajamento e a autonomia dos estudantes. A esse respeito sugiro que fortaleçamos o diálogo com a autoavaliação dentro e fora do ambiente escolar. Ao passo em que tornarmos menos tensos e menos angustiantes os processos avaliativos, seguiremos rumo ao verdadeiro sentido dessa categoria central para organização do trabalho da escola. Avaliação só serve se gerar ação, se gerar movimento, se gerar aprendizagens sem medo de exposição e ou punição.

A avaliação ainda não foi desmistificada, conforme sugere Charles Hadji, em sua obra assim intitulada. Há quem pense que o instrumento basta para definir se a avaliação será ou não formativa, quando na verdade depende da intenção e do uso que dele se faz, assevera o autor.

 

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