Novo Ideb para um novo PNE

JC Notícias, 24/07/2023

“É fundamental sinalizar, quando nos preparamos para debater um novo Plano Nacional de Educação, que a melhoria de desempenho ao custo de mais desigualdade não é mais um caminho aceitável. Queremos todos avançando, com equidade”, comenta o colunista do jornal O Globo, Antônio Gois

Quando foi anunciado, em 2007, o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) foi saudado como uma grande inovação. Até então, o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), criado em 1995, se baseava apenas em médias de estudantes em português e matemática. O Ideb, porém, era um indicador sintético, agregando também as taxas de aprovação de alunos no cálculo. A mensagem era correta: é preciso melhorar a aprendizagem, com redução de repetência, um problema histórico do país. Redes que tentassem elevar seu índice recorrendo apenas a uma dessas dimensões teriam dificuldade de dar saltos sustentáveis se não melhorassem também a outra.

A escolha de apresentação dos resultados numa escala de zero a dez, mais compreensível ao grande público, foi também um acerto, mesmo reconhecendo que essa simplificação carrega riscos na interpretação. Uma média 6,0 no ensino médio, por exemplo, às vezes é lida pelo público leigo como um resultado mediano, quando, na verdade, considerando o contexto brasileiro, trata-se de um desempenho alcançado por pouquíssimas escolas, públicas ou privadas, dessa etapa.

Apesar desses avanços, o ciclo do Ideb está, como previsto, terminando. Há consenso, mesmo entre especialistas que reconhecem sua importância, que há muitas dimensões relevantes que ele deixa de captar. Uma delas é a desigualdade. Uma rede pode elevar seu Ideb concentrando esforços apenas nos estudantes de maior desempenho. As médias vão melhorar, puxando o indicador para cima, mas ao custo de mais desigualdade, num sistema com níveis já inaceitáveis.

Veja o texto na íntegra: O Globo

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