O CARÔMETRO DA MERITOCRACIA E O PODER DA AVALIAÇÃO CLASSIFICATÓRIA

Erisevelton Silva Lima

Ao entrar em uma escola de ensino médio da rede privada de ensino do Distrito Federal, deparei-me com um mural intitulado “Alunos Destaques do 1º trimestre de 2013”. Considerando o quantitativo de alunos matriculados naquela instituição, calculei que cerca de 10% dos estudantes são, para ela, considerados dignos de “destaque”. Os critérios utilizados para a escolha ou o que fez aquele diminuto grupo ser considerado “melhor” que os demais estudantes não estavam explícitos no painel de louvores. Depreendi dali que a velha face da avaliação somativa que se transformou em classificatória para estimular a competição, tomando lugar da aprendizagem colaborativa. Também chamou-me a atenção o fato de um adolescente lamentar seu rosto não configurar entre os iluminados que dividiam aquele pódio – o painel era formado por fotografias grandes e com letras chamativas destacando-se o dizer: PARABÉNS!
Assim disse o jovem não classificado:
“_ Nunca que eu vou ver minha foto aqui, até parece… o professor fulano de tal me detesta.”
Como negar o caráter excludente da avaliação informal presente no relato acima? Como negar que tais juízos de valor, constituintes da avaliação informal, estão impregnando a avaliação formal e definindo instrumentos, procedimentos e resultados por meio da avaliação classificatória?
A escola talvez não tenha percebido, mas quando ostenta publicamente que 90% dos seus estudantes não são “destaques” não estaria declarando seus fracassos e limitações? Se a boa escola é aquela que consegue contribuir para a conquista das aprendizagens, por todos os estudantes, o que inferir da instituição em questão?
A exposição de estudantes, seja bem ou mal intencionada, pode ocasionar manifestações de Bullying entre os escolares; estudos apontam isto. Afinal qualquer forma de seleção gera incluídos e excluídos. Muitas instituições acreditam que tais estratégias preparam os estudantes para a vida e para o mundo externo, creditam tanta fé nesse tipo de evento que se esquecem de analisar o prejuízo que causam para a autoestima dos envolvidos. Apostar no resultado de alguns sem considerar o processo de todos é para a escola o oposto da sua função social, afinal ela deve garantir as aprendizagens do seu coletivo, sem exclusões.

 

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