Os resultados do IDEB  e o letramento em avaliação

Helder Gomes Rodrigues

20/08/2024

Com a recente divulgação dos resultados do IDEB, faz–se necessário pensar sobre o letramento em avaliação da sociedade brasileira e principalmente dos profissionais da educação. Nossa sociedade ainda precisa avançar no que se refere ao letramento em avaliação, isso ficou demonstrado quando a população passou a comentar e a ratificar a classificação e o ranqueamento das escolas na avaliação. Nesse sentido, a grande questão não são as provas, nem os resultados, o problema está no baixo letramento em avaliação que leva à incompreensão e à supervalorização desse tipo de avaliação.

É preciso um melhor entendimento por parte da população sobre as avaliações, sobre os exames padronizados, entender as diferenças regionais de um país de dimensões continentais como o nosso e perceber como os índices avaliativos, quando bem interpretados, podem contribuir ou alavancar a qualidade da educação. Apenas classificar as escolas, além de excludente, é uma deturpação do ato de avaliar.

Nesse contexto, quem seriam os responsáveis por esse letramento em avaliação? É claro que o letramento em avaliação dos docentes e da população em geral possui níveis diferentes (Stiggins,1991). Os profissionais da educação têm um papel importantíssimo. Uma vez letrados, eles podem contribuir trazendo reflexões dentro das escolas sobre os níveis de avaliação que, segundo Freitas ( 2009), nomeados como avaliação de redes, institucional e da aprendizagem dos estudantes em sala de aula. Segundo esse mesmo autor, é preciso uma articulação entre esses três níveis de avaliação, caso contrário os indicadores das avaliações de rede nada contribuirão para o sucesso das aprendizagens dentro da escola.

Outro agente que pode contribuir com o letramento em avaliação são os meios de comunicação, ao divulgarem os resultados podem também trazer a contextualização das realidades dos estados brasileiros, a historicidade de algumas escolas, esclarecimentos sobre como as avalições são pensadas e realizadas. Tudo isso pode contribuir para que os cidadãos brasileiros vejam as avaliações para além das provas, notas e resultados.

Já na escola, quanto maior for o letramento em avaliação, mais os profissionais estarão habilitados e seguros para conduzir a avaliação institucional, olhando os resultados dos indicadores das avalições externas, comparando a escola com ela mesma, conscientes de sua realidade e dos seus avanços, progressos e fragilidades. Dessa forma, o impacto se reflete também dentro da sala de aula, numa perspectiva formativa, objetivando as aprendizagens de todos. Conforme afirma Villas Boas ( 2019), a avaliação formativa é para as aprendizagens porque faz movimentos em sua busca, produzindo novas ações e não se contentando apenas com resultados.

Referências

FREITAS, Luiz Carlos et al. Avaliação educacional: caminhando pela contramão.  Petrópolis, RJ: Vozes, 2014, 7ª ed.

VILLAS BOAS, Benigna M. de F. (org.). Conversas sobre Avaliação. Campinas, SP: Papirus, 2019.

STIGGINS, R. Assessment literacy. Phi Delta Kappan, v.72, 1991, pp. 534-539.

 

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