Ideb 2023 mostra que não é só sobre dinheiro

 

JC Notícias, 20/08/2024

“Práticas pedagógicas obsoletas devem dar lugar a metodologias que valorizem o desenvolvimento do aluno”, afirma Rudá Ricci, presidente do Instituto Cultiva, em artigo para a Folha de S. Paulo

O fracasso da educação no Brasil é um problema que vai além da simples falta de recursos financeiros.

Para compreender esse drama, é preciso enxergar a grave desconexão existente entre as duas etapas do ensino. Nos anos iniciais, ou fundamental 1, o ensino se baseia em métodos construtivistas, focados no comportamento emocional dos alunos. Mas, a partir do ensino fundamental 2, ocorre uma esquizofrenia nas políticas educacionais, que migram para uma formação técnica, pautada pela memorização dos conteúdos. Isso implica uma educação fragmentada, que não atende às necessidades do desenvolvimento integral dos alunos, resultando nos dados revelados na última quarta-feira (14) pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

Calculado a cada dois anos, a partir da taxa de aprovação das escolas e das médias dos alunos em matemática e português, o Ideb, por si só, apresenta falhas no seu papel de indicador de qualidade para a educação no país. Ainda assim, essa régua nos mostra que, quanto mais o aluno se aproxima dos anos finais do ensino fundamental, pior é a sua nota. Nos anos iniciais do ensino fundamental, o Ideb nacional foi de 6, um aumento em relação aos 5,8 de 2021. Já nos anos finais, o índice ficou em 5, abaixo da meta de 5,5. Quando olhamos para o ensino médio, vemos um Ideb de 4,3 —muito aquém da meta de 5,2 para este primeiro ciclo do indicador (2007-2021).

Veja o texto na íntegra: Folha de S. Paulo

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Os resultados do IDEB  e o letramento em avaliação

 

Helder Gomes Rodrigues

20/08/2024

Com a recente divulgação dos resultados do IDEB, faz–se necessário pensar sobre o letramento em avaliação da sociedade brasileira e principalmente dos profissionais da educação. Nossa sociedade ainda precisa avançar no que se refere ao letramento em avaliação, isso ficou demonstrado quando a população passou a comentar e a ratificar a classificação e o ranqueamento das escolas na avaliação. Nesse sentido, a grande questão não são as provas, nem os resultados, o problema está no baixo letramento em avaliação que leva à incompreensão e à supervalorização desse tipo de avaliação.

É preciso um melhor entendimento por parte da população sobre as avaliações, sobre os exames padronizados, entender as diferenças regionais de um país de dimensões continentais como o nosso e perceber como os índices avaliativos, quando bem interpretados, podem contribuir ou alavancar a qualidade da educação. Apenas classificar as escolas, além de excludente, é uma deturpação do ato de avaliar.

Nesse contexto, quem seriam os responsáveis por esse letramento em avaliação? É claro que o letramento em avaliação dos docentes e da população em geral possui níveis diferentes (Stiggins,1991). Os profissionais da educação têm um papel importantíssimo. Uma vez letrados, eles podem contribuir trazendo reflexões dentro das escolas sobre os níveis de avaliação que, segundo Freitas ( 2009), nomeados como avaliação de redes, institucional e da aprendizagem dos estudantes em sala de aula. Segundo esse mesmo autor, é preciso uma articulação entre esses três níveis de avaliação, caso contrário os indicadores das avaliações de rede nada contribuirão para o sucesso das aprendizagens dentro da escola.

Outro agente que pode contribuir com o letramento em avaliação são os meios de comunicação, ao divulgarem os resultados podem também trazer a contextualização das realidades dos estados brasileiros, a historicidade de algumas escolas, esclarecimentos sobre como as avalições são pensadas e realizadas. Tudo isso pode contribuir para que os cidadãos brasileiros vejam as avaliações para além das provas, notas e resultados.

Já na escola, quanto maior for o letramento em avaliação, mais os profissionais estarão habilitados e seguros para conduzir a avaliação institucional, olhando os resultados dos indicadores das avalições externas, comparando a escola com ela mesma, conscientes de sua realidade e dos seus avanços, progressos e fragilidades. Dessa forma, o impacto se reflete também dentro da sala de aula, numa perspectiva formativa, objetivando as aprendizagens de todos. Conforme afirma Villas Boas ( 2019), a avaliação formativa é para as aprendizagens porque faz movimentos em sua busca, produzindo novas ações e não se contentando apenas com resultados.

Referências

FREITAS, Luiz Carlos et al. Avaliação educacional: caminhando pela contramão.  Petrópolis, RJ: Vozes, 2014, 7ª ed.

VILLAS BOAS, Benigna M. de F. (org.). Conversas sobre Avaliação. Campinas, SP: Papirus, 2019.

STIGGINS, R. Assessment literacy. Phi Delta Kappan, v.72, 1991, pp. 534-539.

Jovens invisíveis no Ideb

 

JC Notícias – 19/08/2024

“Análise da qualidade da educação brasileira não pode mais ignorar esse público que hoje está fora da sala de aula”, salienta o colunista do jornal O Globo, Antônio Gois

Cada nova rodada de divulgação do Ideb suscita, naturalmente, debates sobre os resultados de redes públicas e privadas. É positivo que isso ocorra, mas é preciso também reconhecer que qualquer avaliação da aprendizagem tem suas limitações. No caso do Ideb, uma das principais é o fato de captar apenas o que se passa dentro da escola, por ser baseado em testes de matemática e português, combinados com estatísticas de aprovação. Num país em que parcela expressiva dos jovens abandona os estudos antes de completar o ensino médio, isso resulta num diagnóstico impreciso sobre a educação de toda a juventude.

O ensino fundamental sofre menos com a limitação de não avaliar crianças fora da escola. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE, 95% da faixa etária entre 6 e 14 anos estavam matriculados nesta etapa em 2023, percentual que sobe para 99,4% se incluirmos também a população ainda retida na educação infantil. Fora da escola, portanto, estão apenas 0,6%. O percentual registrado na mesma pesquisa em 2005, primeiro ano do Ideb, não era muito diferente: 87% das crianças de 6 a 14 no ensino fundamental. Isso significa que não houve no período inclusão maciça de crianças mais pobres ou grande pressão por expansão de vagas. Pelo contrário, a diminuição nas taxas de fecundidade resultou até em menos demanda.

Veja o texto na íntegra: O Globo

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Alunos terminam ensino médio sem saber calcular porcentagem, aponta Ideb

 

JC Notícias, 17/08/2024

Indicador mostrou estagnação do sistema educacional brasileiro em patamares de aprendizado muito baixos em 2023

Os resultados do Ideb 2023 mostraram o cenário de estagnação do sistema educacional brasileiro em patamares de aprendizado muito baixos. Como as deficiências vão se arrastando ao longo da trajetória escolar, os alunos terminam o ensino médio sem saber, por exemplo, como calcular porcentagem.

Os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, principal indicador de qualidade da educação, foram divulgados nesta quarta-feira (14) pelo MEC (Ministério da Educação). Eles mostraram uma leve melhora no desempenho dos anos iniciais do ensino fundamental (do 1º ao 5º ano) e ensino médio, e queda nos anos finais (do 6º ao 9º ano).

Veja o texto na íntegra: Folha de S. Paulo

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Escolas em tempo integral têm Ideb mais alto, diz estudo

 

JC Notícias – 17/08/2024

Colégios da rede pública com mais tempo de aula tiveram nota melhor do que as com menos horas de ensino

Dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2023 mostram que estudantes de escolas em tempo integral — com mais de sete horas de aulas por dia — aprendem o equivalente a um ano a mais em Matemática, de acordo com análise de dois institutos voltados para a melhoria do ensino no país, o Sonho Grande e o Natura. O levantamento mostra ainda que esse grupo de colégios da rede pública com mais tempo diário de aula teve um nota de 4,4 no indicador, contra 4,1 das unidades em tempo parcial.

O Brasil tem visto uma expansão consistente das escolas em tempo integral no ensino médio. Em 2019, 13% dos colégios e 10% dos alunos estavam nessas unidades. Em 2023, esses números pularam para 33% e 18%, respectivamente.

— Alguns estados conseguiram uma expansão relevante e obtiveram resultado no Ideb — aponta Ana Paula Pereira, diretora executiva do Instituto Sonho Grande.

De acordo com o Sonho Grande, o Paraná, por exemplo, triplicou o número de escolas integrais no ensino médio e conseguiu um aumento de 0,5 no Ideb dessas unidades. O estudo descobriu que as escolas que até 2019 eram regulares e que, antes de 2023, passaram a ter pelo menos sete horas de aulas por dia conseguiram um crescimento médio no indicador de 0,3 pontos. Já as que permaneceram em tempo parcial tiveram crescimento de 0,1.

Veja o texto na íntegra: O Globo

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O IDEB pode mais do que ranquear escolas

 

Benigna Villas Boas

16/08/2024

http://gepa-avaliacaoeducacional.com.br

www.benignavillasboas.com.br

O Mec divulgou na última quarta-feira, 14/08/2024, os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), referentes ao ano de 2023. Com estardalhaço, a imprensa nacional e a do Distrito Federal, prontamente, apresentaram os resultados em forma de classificação das escolas. Este não é o exemplo a ser seguido pelas unidades de ensino de todo o país ao informarem às famílias os resultados do processo avaliativo por elas desenvolvido.

Nesses momentos de divulgação de dados produzidos pelo MEC, profissionais nem sempre familiarizados com o trabalho pedagógico escolar são entrevistados para apresentarem suas análises. O curioso é que não são convidados diretores escolares nem professores para analisarem o significado desses dados em relação à realidade da sua escola e para dizerem quais ações serão planejadas para o enfrentamento das necessidades encontradas. Este seria o melhor caminho. Não se pode pensar a escola de fora para dentro.  

Avaliar as aprendizagens incorporadas pelos estudantes, em nível nacional, é tarefa necessária e que não se esgota com a apresentação dos seus resultados. Até agora não foi concluído o processo avaliativo desenvolvido pelo MEC. A apresentação dos resultados numéricos precisa ser acompanhada das providências a serem tomadas no sentido de colaborar com as secretarias de educação para que reorganizem o trabalho pedagógico em cada escola e em cada turma, com vistas à incorporação de aprendizagens por todos os estudantes.

A avaliação em larga escala faz sentido quando seus resultados se incorporam aos produzidos pela escola para que, ela própria, encontre os meios de garantir que todos os seus estudantes aprendam.

Os dados do IDEB apresentam um benefício adicional: apontam as necessidades de formação continuada dos professores. Contudo, eles precisam se desvincular do ranqueamento de escolas.

Indicador da qualidade da educação tem leve alta nos anos iniciais e queda nos finais, e Brasil segue abaixo do pré-pandemia

 

JC Notícias – 14/08/2024

Dados do Ideb 2023 foram divulgados nesta quarta-feira (14) pelo MEC

O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2023, principal indicador de qualidade da educação básica, mostra um cenário de estagnação do sistema educacional. Houve leve aumento nos índices dos anos iniciais do ensino fundamental e ensino médio, e leve queda nos anos finais.

Os níveis de aprendizado da educação básica brasileira em 2023 avançaram com relação a 2021, mas ainda estão abaixo dos níveis pré-pandemia, mostra os indicadores federais. Isso ocorre com as notas de português e matemática nas três etapas avaliadas: anos iniciais e finais do ensino fundamental e ensino médio

O indicador é produzido a cada dois anos para os anos iniciais (5º ano) e finais (9º ano) do ensino fundamental e também para o 3º ano do ensino médio. Ele é calculado a partir de dois componentes: a taxa de aprovação das escolas e as médias de desempenho dos alunos em uma avaliação de matemática e português.

Leia na íntegra: Folha de S. Paulo

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O Ideb e a avaliação educacional

 

JC Notícias, 12/08/2024

“Pensar no futuro da educação passa, inevitavelmente, por uma reformulação significativa dos instrumentos de avaliação”, afirma o colunista do jornal O Globo, Ricardo Henriques

O MEC divulgará em breve números de 2023 do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), principal indicador da qualidade do ensino no país. Mesmo sem saber os resultados, é possível antecipar cuidados na comparação com 2021, ano muito impactado pela pandemia, e já projetar aperfeiçoamentos necessários no atual Sistema de Avaliação da Educação Básica, temas tratados em nota técnia que o Instituto Unibanco divulgou na semana passada.

A série histórica de 2005 a 2019 indicava avanços consecutivos no 5º ano do ensino fundamental, melhorias menos robustas no 9º ano, e um quadro de quase estagnação no médio. Nessa última etapa, os dados de 2019 trouxeram esperança, com avanço inédito de 0,4 ponto (de 0 a 10) em relação a 2017.

Veja o texto na íntegra: O Globo

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Para além da privatização: lições da América

 

Publicado em 29/07/2024 por Luiz Carlos de Freitas, no blog do Freitas

Sara Van Horn e Jennifer C. Berkshire discutem quais são as maiores ameaças para a Educação pública nos Estados Unidos hoje.  

Como as pessoas discordam tão profundamente sobre o ponto da educação pública, vimos recentemente algumas propostas de políticas que teriam parecido impensáveis ​​uma década atrás. Tomemos, por exemplo, o governador da Louisiana anunciando que as escolas públicas vão afixar os Dez Mandamentos em todas as salas de aula, ou Ryan Walters, Comissário de Educação de Oklahoma, anunciando que todas as escolas públicas serão obrigadas não apenas a afixar os Dez Mandamentos, mas também a ensinar a Bíblia.

Eles compartilham uma visão particular sobre o que as escolas públicas são: produzir cristãos. E todas as outras crianças? Eles não têm uma resposta para isso.

Algumas pessoas acreditam fortemente que a escola é onde as crianças devem aprender a se tornar patriotas. Veja o que está acontecendo na Flórida: o governador Ron DeSantis está exigindo que as crianças aprendam o quão bom é o capitalismo — porque se não incutirmos isso cedo, elas crescerão e se tornarão socialistas. Se você observar algumas das mudanças específicas que foram feitas nos currículos de estudos sociais em estados como Texas e Flórida, uma das coisas que eles estão eliminando é a oportunidade para as crianças trabalharem juntas em grupos para resolver um problema, porque estão preocupadas que as crianças cresçam pensando que a ação coletiva é a resposta.”

Leia mais aqui.

Depois da onda de privatização por vouchers que se desenvolve nos estados, a América por fim revelou o que a privatização esconde. E não é só fazer com que os empresários ganhem mais dinheiro. É controlar as escolas colocando-as nas mãos de agentes seguros: empresários e sacerdotes.

É destes setores que vem o dinheiro e o apoio para a agenda não só neoliberal, mas também da direita radical que avança pelos estados.

Note bem: a política em curso nestes estados trabalha com “finalidades educativas claras”. Nós nem começamos a discutir em profundidade o que nos queremos com as finalidades educativas da escola para além do que está dado nas bases nacionais curriculares que até já estamos deixando de criticar.

Um bom começo seria ler o Livro de Roseli S. Caldart, publicado pela Expressão Popular: “Sobre as tarefas educativas da escola e a atualidade”.

Desigualdade entre escolas públicas e privadas cresce no Enem 2023

 

Ano foi o primeiro com a mudança do Novo Ensino Médio, e reverte diminuição de desigualdade registrada desde 2019

A diferença de desempenho entre escolas públicas e privadas cresceu no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) de 2023 em Matemática e Ciências da Natureza. O resultado reverte uma tendência de diminuição da desigualdade que era registrada desde 2019. Esse foi o primeiro ano em que parte dos estudantes fez a prova após a mudança para o Novo Ensino Médio.

Especialistas apontam que o modelo, que já foi reformulado este ano após diversas críticas, pode ter pesado nesse resultado. A nota em Matemática das escolas públicas caiu de 507 para 503. Já a das privadas subiu de 601 para 618. Em Ciências da Natureza, as mudanças foram de 473 para 472 e de 530 para 541, respectivamente. Os dados do Inep foram obtidos pelo SAS Educação, uma plataforma de ensino usada por 1,2 mil escolas no Brasil, e disponibilizados com exclusividade ao GLOBO.

Veja o texto na íntegra: O Globo

O Globo não autoriza a reprodução do seu conteúdo na íntegra. No entanto, é possível fazer um cadastro rápido que dá direito a um determinado número de acessos.