Erisevelton Silva Lima – Prof. Eri (lima.eri@gmail.com)
Doutor em Educação pela Universidade de Brasília – UnB
As crianças e adolescentes brasileiros costumam ficar em média 18h horas on line, por semana. Inclui-se aqui o uso dos tablets e demais ferramentas que permitem acesso à internet. Considerando que a maioria das nossas escolas trabalha em média 4 horas por dia, diretamente com os estudantes, isso resulta em 20 horas semanais de contato dos alunos com docentes e demais profissionais da educação. Se considerarmos as quantidades acima, não é difícil inferir, praticamente 40 horas de cada semana foram utilizadas distantes dos pais, irmãos e demais membros do grupo familiar.
A questão não é proibir nem condenar, é dialogar e refletir conjuntamente. Segundo reportagem publicada na UOL de 10 de outubro de 2010, especificamente, no portal acrítica.com, casos cada vez mais recorrentes estão tomando as páginas dos jornais e os boletins policiais de inúmeras delegacias por todo país. Na referida reportagem, o assunto que tomou a cena foi o sexting (envio de sexo por meio de mensagens, imagens etc.). Embora o termo não possua uma tradução conclusiva para nossa língua, o assunto tem, na prática, causado transtornos para aqueles que são vitimados por ele. Nossas crianças e adolescentes seduzidos pelo desejo de aceitação e, também, pela busca incontida de sucesso e liderança entre seus pares, costumam praticar atos com o uso do próprio corpo e ou de colegas e, inadvertidamente, promovem uma exposição pública de suas próprias vidas. Seja por meio do facebook, skype, MSN, instagram ou mesmo pelo uso do celular, as consequências são, muitas vezes, graves. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, os atos infracionais cometidos por pessoas entre 12 e 18 anos podem ser punidos com medidas socioeducativas e os pais podem responder civilmente, pelos atos dos filhos. É isso que tem ocorrido com adolescentes e jovens que filmam e fotografam o próprio corpo, dos colegas e, também, cenas de sexo (individuais ou coletivas) para publicar, inadequadamente, em diversos locais da rede mundial de computadores. Na maioria das vezes, claro, sem que seus pais ou responsáveis saibam.
O convite que faço na condição de pai e educador, porque também tenho filhas adolescentes, é o uso racional, dialogado e crítico desse meio fantástico que é a internet. Nós precisamos cultivar respeito, limites por meio de um amor vigilante. Não adianta investir no medo e no autoritarismo em nossos lares, afinal eles terão um efeito curto e medíocre. Pais amados e respeitados estão com seus filhos mesmo quando fisicamente não é possível, ou seja, nas lições e exemplos coerentes que jamais se apagam das mentes e das vidas deles. Ficarei muito triste se souber que minhas filhas só me “respeitam” na minha presença, isso pode denotar que fracassei na missão de educar. Quero alertar, também, que muitos adolescentes, no desejo de ganhar respeito, aceitação e “valor” entre seus pares estão expondo toda a família, o patrimônio e os costumes da casa abrindo brechas para ações de criminosos que passam a ter acesso às informações valiosas que serão utilizadas em benefício do crime. Nesta e em outras frentes, a escola e a família precisam ser aliadas, nunca rivais.