PARTICIPAÇÃO EM ATIVIDADE DO GRUPO DE PESQUISA AVALIAÇÃO EDUCACIONAL – GEPAE
Benigna Maria de Freitas Villas Boas
Publicado em http://gepa-avaliacaoeducacional.com.br
No dia 20 de fevereiro de 2014 tive a honra de proferir a palestra de abertura do Projeto Vivências em formação continuada III: encontros e desencontros da avaliação educacional, na Universidade Federal de Uberlândia. Este grupo é coordenado pela professora doutora Olenir Mendes. A relevância desta atividade consiste em reunir professores e estudantes de cursos de graduação e pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Uberlândia e professores e equipes gestoras das escolas de educação básica do município. Ações conjuntas da universidade e das escolas de educação básica concorrem para a formação de docentes capazes de trabalhar com competência. Nisso o GEPAE e o GEPA se aproximam: são dois grupos de estudos e pesquisas em avaliação que buscam o diálogo com as escolas.
O evento ocorreu nos dias 20 e 21/02, à noite, e dia 22, sábado, pela manhã.
Discuti com os participantes da sessão de abertura o tema que me foi proposto – Portfólio: procedimento enriquecedor da avaliação formativa. Depois de apresentar os pressupostos da avaliação formativa, destaquei as contribuições do portfólio, dentre elas: amplia o diálogo entre professor e estudantes; é construído pelo próprio estudante por meio da reflexão, criatividade, autoavaliação, parceria com o professor e autonomia; desenvolve o protagonismo estudantil; permite ao estudante acompanhar o desenvolvimento do seu trabalho por meio da coleção organizada de suas produções; possibilita a integração de disciplinas/atividades; o trabalho escolar é realizado de forma prazerosa.
Um dos professores presentes apresentou a seguinte pergunta: como atribuir nota ao portfólio? Como esta é uma preocupação constante dos docentes, um tempo razoável foi destinado a esta reflexão. Em linhas gerais, analisamos o fato de o portfólio exigir sua inserção na avaliação formativa, o que demonstra a necessidade de ser avaliado pelo professor e pelo estudante que o construiu. Os objetivos que orientam a sua construção e os descritores de avaliação acompanham o desenvolvimento de todo o trabalho, pelo professor e estudantes. Sem ter como objetivo a atribuição de nota, o portfólio é analisado constantemente. Se a nota for uma exigência da escola, ela não terá lugar de destaque; representará a culminância do trabalho.
Profª Benigna,
Fico pensando como minimizar o estigma da nota. O que é importante para a formação do aluno?
Lendo seu texto, pensei: Como ‘dar nota’ em um portfólio? Poderia, talvez, estabelecer critérios objetivos: falou sobre isso; descreveu aquilo; refletiu (profundamente ou não) sobre o que EU (professora) acho importante; contou seu percurso; narrou as discussões ocorridas; buscou esclarecimento para suas dúvidas; bem, uma infinidade de possibilidades que vai, aos poucos, cerceando a liberdade do aluno e a possibilidade de conhecê-lo por meio do portfólio .
Tais critérios vão restringindo o uso do portfólio à uma prova feita paulatinamente (e até em casa). O aluno não tem liberdade de mostrar suas inquietações pessoais, mesmo que essas sobrelevem o âmbito dos temas tratados, e o professor inviabiliza a oportunidade de estimular que o aluno vá para além do conteúdo tratado.
Estabelecer tais critérios é esvaziar o próprio trabalho docente. O aluno pega os critérios (passos) (Ele tem acesso?) e os percorre, falei disso; respondi aquilo; refleti; contei;enfim: Vou tirar uma boa nota, fiz tudo!
O objetivo deixa de ser as aprendizagens e passa a ser a obtenção de uma nota ‘alta’. Ele (aluno) deixa de pensar: Aprendi.
A nota pode passar a ser cerceador da aprendizagem.
Registrei alguns apontamentos que seu texto suscitou… há mais o que discutir, alguns vão avaliar e até atribuir notas, e eu vou seguindo, querendo aprender mais!
Abraços
Como é difícil mudar a lógica da avaliação, não é Deire? Como a nota contribui para desvirtuar o processo! Ainda teremos um longo caminho a percorrer. Como você bem percebe, o portfólio pode nos ajudar a encontrar meios de avaliar o trabalho do estudante e não o “estudante”. Obrigada pelas reflexões.