POSICIONAMENTO LÚCIDO DE MARIA ALICE SETUBAL

Pode haver vida inteligente nas ONGs

Publicado em 10/07/2015 por Luiz Carlos de Freitas no blog do Freitas

Maria Alice Setubal, do CENPEC, está na Folha de hoje (10-07-15) com um artigo chamado “Que plano o governo tem para a educação?”. O texto responde à questão colocada e prova que há vida inteligente nas ONGs. Maria Alice apresenta uma compreensão do problema educacional que não tem nada a ver, em nossa opinião, com a política autoritária de Viviane Senna, do Instituto Senna. Destaco alguns aspectos:

“Não há o que comemorar depois de um ano de vigência do PNE. (…) o Ministério da Educação não apresentou até agora um conjunto de medidas que induzam Estados e municípios a se comprometerem com as metas. Ao contrário, assistimos surpresos à discussão de um plano desenvolvido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos – SAE – que não dialoga com o MEC nem com o PNE.”

Recentemente, estive com autoridades do MEC em um seminário e elas continuam dizendo que o documento da SAE é preliminar e que não há posicionamento do MEC. Mas, pergunta-se, está pelo menos havendo algum estudo para que haja tal posicionamento? Se não há, e parece não haver, então esta afirmação torna-se apenas uma fuga do problema e não um enfrentamento do mesmo. Há quase três meses que o MEC repete a mesma coisa.

“Não é preciso começar do zero ou nos valer de referências externas. Há experiências colocadas em prática por escolas e, especialmente, por redes de ensino que podem apontar caminhos…”

“A crise educacional não será superada sem o envolvimento dos professores. Não bastará um novo currículo, inclusão de inovações tecnológicas, expansão da educação integral e de políticas de equidade e respeito à diversidade cultural sem profissionais capacitados. Esse ponto exige uma revolução na educação por meio de uma política de valorização que inclua plano de carreira, salário e mudanças estruturais na formação inicial e continuada.”

Ou seja, não há solução milagreira, nem aqui e nem no exterior. Não adianta “fugir” para a Austrália. É bem mais simples. É preciso o “envolvimento” – o verbo é importante – dos professores e não uma política de pressão sobre estes, uma verdadeira política contra estes, como quer Viviane Senna.

No entanto, a incorporação de experiências em curso tem a ver com um plano global para a educação e não com a busca de “milagres locais” na tentativa de generalizá-los, como querem alguns.

Além disso, a solução dos nossos problemas educacionais precisa de recursos financeiros que agora parecem estar cada vez mais distantes. Primeiro, os famosos recursos do pre-sal da Petrobras podem desaparecer no Congresso antes de chegar; segundo, a opção pelo ajuste fiscal do governo drenou recursos da educação. Por exemplo, estima-se um corte no financiamento aos programas de Pós-Graduação da CAPES que chegará a 70%, ou seja, o programa foi detonado.

“… precisamos muito mais do que uma política imediatista e de cunho marqueteiro, como a criação de uma rede de escolas federais de referência, prevista no plano da SAE, para chamarmos o Brasil de pátria educadora.”

É isso.

 

 

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