PRÁTICA PEDAGÓGICA E AVALIAÇÃO FORMATIVA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Erisevelton Silva Lima
Doutor em educação pela UnB e membro do grupo de pesquisa GEPA

Não podemos ignorar os apelos dos professores que atuam nos anos finais do ensino fundamental e nas turmas do ensino médio ao se queixarem do quantitativo de estudantes por turma. Não por acaso, o número de turmas que assumem revela a força da lógica da escola seriada que data de 300 anos e que, ainda, é o modelo gerencial (preferido) adotado pelos sistemas de ensino para supostamente melhor organizar os tempos e espaços de aprendizagens na escola. Não são raras as vezes em que diante da possibilidade de alguma proposta ou projeto que afete o cotidiano desses professores, as resistências e algumas descrenças se tornam bastante presentes. Aqui pretendo levantar algumas reflexões sobre a avaliação e a organização do trabalho pedagógico para a sala de aula. Como organizar os tempos e espaços para desenvolvimento do currículo? Como avaliar? Em que momento promover esta organização?
Não posso negar que, na condição de professor que já atuou com essa realidade, é preciso melhorar as condições de trabalho, bem como a metodologia adotada pelo docente para que se evite o seu adoecimento. Os fonoaudiólogos nos lembram que devemos aumentar a ingestão de água durante as aulas, também evitar gritar e ou usar inadequadamente a voz. Sabemos que não é fácil, mas algumas orientações práticas são importantes como, por exemplo, utilizar cerca de 20% da aula para apresentar uma proposta, problema, conteúdo ou desafio para que os estudantes trabalhem. Enquanto isso eles utilizarão cerca de 30 a 35% da aula para que resolvam a atividade, individualmente ou em pequenos grupos. Nesse ínterim o docente transitará entre as carteiras para desenvolver a avaliação informal (olhar sensível do professor aos gestuais e aos posicionamentos dos estudantes). Outra orientação se refere a reserve cerca de 20% da aula para que o aluno ou um grupo deles apresente suas realizações ou mesmo as dificuldades que encontraram na tarefa. Se forem utilizadas diferentes situações-problema para cada grupo, pode-se promover um rodízio da mesma situação para que todos os grupos a realizem. Caso seja possível, na mesma aula, que sabemos ser normalmente de 50 ou 100 minutos (aulas duplas), a turma poderá apresentar as soluções ou novas hipóteses levantadas, a partir da tarefa proposta, para que o professor destaque os itens importantes. Isso demandará os outros 30 ou 25% da aula. Da mesma forma aprendi que trabalho diversificado não é trabalho individualizado, ou seja, após a avaliação diagnóstica, o professor poderá agrupar as principais necessidades diagnosticadas em categorias e, em face delas, propor três ou quatro estratégias diferenciadas para promover as intervenções. É importante usar menos a voz, estimular os estudantes para que pensem, reflitam, escrevam e falem. Para que isso ocorra torna-se indispensável o bom uso do espaço da coordenação pedagógica para planejar tais atividades. Quanto aos recursos da avaliação formativa, entendo que, seja qual for o procedimento, a prática do feedback é essencial para que os estudantes continuem aprendendo e percebam o interesse do professor para que isso ocorra. Outro elemento primoroso é a inserção deles no processo avaliativo formativo apontando e negociando os seus objetivos e critérios. A avaliação formativa é trabalhosa, requer idas e vindas, para que cumpra o seu objetivo de conduzir as aprendizagens, o que não se configura, apenas, em transmissão de conteúdos isolados.
Por fim quero refletir com você, leitor (a) assíduo (a) deste blog, sobre o uso do espaço da coordenação pedagógica na escola pública do Distrito Federal: ele tem contribuído para a organização do trabalho docente? Estariam nossos colegas professores abrindo mão do planejamento em função de uma excessiva confiança na experiência adquirida? Qual o papel do coordenador pedagógico diante desses desafios?

 

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