Professores da USP vão às escolas incentivar o conhecimento matemático

 

JC Notícias – 08/06/2018

Professores da USP vão às escolas incentivar o conhecimento matemático

A iniciativa abaixo descrita é bem interessante, mas provoca a seguinte indagação: por que professores de matemática do ensino médio não atuam juntamente com os da USP? Apregoa-se muito o trabalho colaborativo e integrado, mas as universidades, responsáveis pela formação dos profissionais da educação, não dão o exemplo.

Projeto Embaixadores da Matemática realiza palestras gratuitas mostrando que a disciplina não é um “monstro”

“Aprendi segredos que desconhecia, descobri mistérios que só a matemática pode explicar.” Esse é um dos depoimentos que um estudante de uma escola do ensino médio de Valinhos, interior de São Paulo, fez após assistir a uma aula sobre a sequência e a espiral de Fibonacci. O cientista italiano descreveu, no século 12, uma sucessão de números que aparece em muitos fenômenos da natureza; ao transformar esses números em quadrados e colocá-los em uma forma geométrica, é possível traçar uma espiral perfeita.

A palestra foi dada pelo professor Valdemar Setzer, do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP, em São Paulo. Ele é o idealizador e um dos participantes do projeto Embaixadores da Matemática, que promove a abordagem da área através de diferentes visões, instigando o interesse e tentando mudar a imagem estigmatizada da matemática.

O projeto funciona da seguinte forma: escolas de ensino médio entram no site do Embaixadores da Matemática, verificam as opções de palestras, escolhem uma e solicitam a aula para ser realizada no local solicitante ou no próprio IME, no campus da USP em São Paulo. As palestras são gratuitas e ministradas por professores e pesquisadores do IME; devido a limitações logísticas, as escolas que demandam deslocamento superior a 90 quilômetros são atendidas apenas em casos excepcionais.

Os “embaixadores” já realizaram 50 encontros com mais de 2 mil participantes. Com uma gama de possibilidades de abordagem na área da matemática, a escolha dos temas cabe aos professores palestrantes.

Segundo o professor Eduardo Colli, vice-presidente da Comissão de Cultura e Extensão do IME e um dos participantes do projeto, o processo de escolha de suas palestras passa pela preocupação de não ser necessário nenhum pré-requisito de conhecimento e que tenha alguma forma de interação.

Uma de suas palestras é intitulada A matemática dos nós, na qual dispõe aos alunos várias cordas para que façam diferentes nós e propõe o desafio de que os desmanchem sem desunir as extremidades. “Se ninguém conseguir, significa que é impossível? Então prove que é impossível. Se você tem instrumentos para falar disso do ponto de vista matemático, consegue, em algum momento, demonstrar que não é possível.”

Ele explica o que são nós e enlaces, a projeção de um nó, nós equivalentes, o conceito de invariante, polinômios, entre outros assuntos. “O tema dos nós e enlaces do ponto de vista matemático é uma boa maneira de mostrar que a matemática vai muito além do que é visto no currículo escolar.”

Confira as palestras do projeto Embaixadores da Matemática:

Os infinitos na matemática

Christina Brech

 

A matemática das colmeias. Será que as abelhas conhecem geometria?

Deborah Raphael

 

A matemática dos nós

O que é caos?

Eduardo Colli

 

Você realmente sabe o que é matemática?

Marco Dimas Gubitoso

 

Uma visão mágica da ciência

Gabriel Haeser

 

Mágica e matemática

Marco Gubitoso

 

Colorindo o mapa do Brasil

Viajando pelo Brasil em 20 cidades

Produzindo mesas e cadeiras

Socorro Rangel (São José do Rio Preto)

 

Algoritmos e sua análise: uma introdução à Ciência da Computação

A sequência e a espiral de Fibonacci, a razão e a espiral áureas, suas ocorrências na natureza e aplicações

O Computador a Papel: uma introdução ao funcionamento lógico dos computadores

A máquina de Turing e o que os computadores podem e não podem fazer

Sistemas numéricos. Por que os computadores usam os sistemas binário e hexadecimal?

A modelagem conceitual de dados como ferramenta básica para a análise de sistemas

Valdemar Setzer

 

Jornal da USP

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

10 + dezessete =